Nova viagem no tempo, pelas memórias da era Jürgen Klopp no Liverpool, de 2015 a 2024.

Numa conversa dominada por memórias, processos de crescimento e planos para o futuro, os «Reds» reuniram o treinador alemão, o adjunto Pep Lijnders – que passou pelo FC Porto – os jogadores Harvey Elliott e Gakpo, e Alex Inglethorpe (diretor da formação).

«Criamos muitos capítulos icónicos, e, até morrer, vou rever esses momentos», começou por referir Klopp.

Para o técnico alemão, de 56 anos, há dois momentos que ficarão eternamente guardados num lugar especial.

«A final da Liga dos Campeões [frente ao Tottenham, em 2019] foi muito especial. Senti um alívio enorme no fim, porque perdemos a final do ano anterior [com o Real Madrid]. E, claro, eu já perdi duas finais da Champions», recordou, entre risos.

Quanto a um jogo em particular, Klopp elege o triunfo sobre o Barcelona, na segunda mão das meias-finais da Champions desse ano.

«Será difícil encontrar algo melhor. É um excelente exemplo daquilo que é possível no futebol. Aquele canto é o momento mais fascinante que já presenciei no futebol. O Arnold tinha 21 anos», lembrou.

A escolha de Klopp e o crescimento de Elliott

Quanto a percursos de carreira, Klopp recordou que o futebol lhe sorriu quando optou por ser treinador.

«Podia fazer carreira como jogador, mas nada nesta dimensão. Até porque essa fase ficou apenas marcada por três valências: velocidade, cabeceamento e o remate “volley”. Enquanto treinador, nunca me imaginei nesta posição, não sonhava com esta realidade. Continuo totalmente surpreendido com o meu percurso», admitiu.

Quanto aos jogadores formados no clube, Harvey Elliott foi dispensado do Chelsea, prejudicado pela «baixa estatura». Por isso, cresceu na formação do Fulham. Três anos mais tarde, aos 15, estreou-se pelos londrinos na II Liga.

«Só aspetos como a falta de força ou velocidade me poderiam parar. Por isso, o meu pai convenceu-me a correr durante o verão. Fiz sessões diárias com a antiga sprinter olímpica Lukesha Morris. Ensinou-me técnicas para acelerar, por exemplo», revelou o médio inglês.

Numa reunião também dominada pelas dinâmicas de desenvolvimento dos jovens da academia, Alex Inglethorpe argumentou que, até aos 22 anos, a prioridade deverá ser moldar as caraterísticas do jogador à composição física, encontrando a posição ideal.

«O Arnold é um bom exemplo. Sabemos que ele tem um bom passe. Não o ensinamos, mas demos liberdade para que pudesse aprimorar. Ele aprendeu sozinho. Se queres ser um jogador com sucesso, terás de falhar muitas vezes», anotou o diretor da formação do Liverpool.

«Discordo do Klopp, eu senti pressão»

Quanto ao futuro, Jürgen Klopp diz-se de consciência tranquila.

«Deves ter um impacto positivo nas pessoas com quem trabalhas. Quando cheguei, fui muito bem recebido, não senti a pressão. Estou muito feliz pela perceção que têm de mim», partilhou.

Ainda assim, o adjunto Lijnders discorda: «Senti pressão antes da final da Liga dos Campeões, com o Tottenham, até porque o Klopp lembrou-me que perdeu várias finais antes [risos]. Deixou para mim todo o planeamento daquele jogo».

De seguida, o técnico neerlandês surpreendeu Klopp com uma questão, sobre a maior lição adquirida em Liverpool.

«Perdoar e ser perdoado», rematou o treinador alemão.

Os «Reds» entram em campo na noite desta segunda-feira para encerrar a 37.ª e penúltima jornada da Premier League. No reduto do Aston Villa (4.º), o Liverpool cumpre calendário, uma vez que o terceiro lugar está selado. A partida arranca às 20h.