Ruben Amorim vai bater o recorde de pontos alcançado por Jorge Jesus no Sporting e, se vencer o Desportivo de Chaves, iguala também o feito de José Mourinho, o único treinador que conseguiu vencer todos os jogos em casa na liga portuguesa este século. Duas referências importantes para o treinador dos leões que, apesar de tudo, desvaloriza os números e diz que está apenas focado na final da Taça de Portugal.

«Em relação ao Jorge Jesus, olho de uma forma mais pessoal, pelo que vivi com o míster Jorge Jesus. O José Mourinho, nunca o escondi, é a referência. Acho que é a referência de todos os treinadores, por aquilo que ele construiu, a forma como mudou o treino. Às vezes fala-se muitos nos títulos, mas o impacto que teve numa nação, no treino em si, é um legado que é muito maior do que os títulos», começou por destacar.

Amorim que vencer o Chaves por tudo isso, também em forma de retribuição para os adeptos, mas diz que o jogo deste sábado vai servir, acima de tudo, para começar a preparar a final do Jamor. «Isso é importante, mas só penso em ganhar para depois vencer a Taça de Portugal, sinceramente já não estou a pensar em mais nada. E também quero retribuir aos adeptos com uma boa exibição, com golos marcados, não sofrer golos e preparar a final da Taça de Portugal, esse é o principal foco», acrescentou.

Uma época quase perfeita, com 29 vitórias e um total de 90 pontos, mas Amorim defende que poderia ter sido ainda melhor, mas falta ainda, recorda o treinador, conquistar a Taça de Portugal. «É difícil pedir muito melhor. Nos dois jogos que perdemos estivemos em vantagem, acho que podíamos ter ganho esses dois jogos e seria ainda mais perfeito. Olhando para a época no fim, se não ganharmos a taça, acho que vai ser menos especial. Fizemos um bom campeonato, o Sporting foi campeão, se juntarmos a taça, acho que a equipa é relembrada de outra forma. Será recordada na mesma pelo número de pontos, pelo número de vitórias, se ganharmos os jogos todos em casa, mas se ganharmos a taça tornará esta equipa mais especial, portanto, esse é o desafio», apontou.

Ainda falta um jogo da Liga e a final da Taça, pelo que é cedo avançar com um balanço, mas o treinador acaba por dizer que o título teve por base o final da época anterior. «Deixaremos para o fim do jogo esse balanço. Penso que não terminámos mal a época anterior, terminámos num lugar muito mau, mas acho que o segredo esta época foi o fim da outra, ou seja, começamos uma sequência com muitas vitórias seguidas e isso ajudou porque toda a gente estava a pensar não só naquela época, mas também na próxima», destacou.

Uma época com muitas mudanças que também permitiram um crescimento sustentável. «Estávamos ainda num momento difícil do clube em que tivemos de vender jogadores já com o começo do campeonato e isso tirou-nos alguma qualidade nesse momento e algum foco naquilo que tínhamos de fazer.  Este ano acho que foi tudo diferente, também ajudou o facto de vendermos o Ugarte e o Porro. Tínhamos uma estabilidade diferente e não pensamos de pensar ou deixar os planos para mais tarde e isso ajudou muito no planeamento», referiu.

O treinador destaca também as boas opções de mercado. «Depois a qualidade dos jogadores, o scouting acertou nas opções que nos deu para substituir jogadores importantes. Às vezes o planeamento ajuda muito a uma equipa começar bem, depois aquelas coisas que não controlamos: o empate aos 96 com o Vizela, etc, etc. Foi-se criando uma onda onde nós fomos muito consistentes em manter essa onda. Portanto, diria que não deitámos tudo fora apesar da má época, mas fomos construindo e aprendendo com os erros e esta época estamos a colher esses frutos. Temos de ter isso em noção porque, às vezes, acabar bem uma época não quer dizer que a outra corra tão bem. É ter isso na cabeça e continuar o trabalho como se nada fosse», acrescentou.

Dois títulos em quatro anos e Amorim aceitou fazer um exercício que consistia em dizer qual a equipa que venceria um jogo entre os dois planteis campeões, o de 2020/21 e o de 2023/14. «É difícil, é como escolher entre dois filhos. Acho que vivi de forma diferente o primeiro, neste segundo acho que jogámos melhor, mas o primeiro foi mais especial e conseguimos usufruir mais tempo. No dia em que acordei a seguir à conquista do título, acho que já senti peso da exigência. O peso de ter de ganhar a Taça de Portugal e de voltar a ganhar n próximo ano, a exigência de manter esta cadência de vitórias. O primeiro foi mais especial, este já não dá para usufruir tanto, já está um peso nas costas para conquistarmos mais», explicou.

Resumindo e concluindo, a equipa atual é melhor do que a do primeiro título. «Acho que eta equipa levava vantagem porque p treinador também é melhorzinho nesta fase e isso ajuda. Os jogadores têm mais tempo, jogaria Nuno Santos contra Nuno Santos, Pote contra Pote e, neste momento, são melhores, mas seria um jogo bastante equilibrado. Uma equipa mais a atacar e outra equipa mais a defender, uma equipa mais forte na transição ofensiva, outra equipa mais forte na transição defensiva com jogadores mais rápidos atrás e fortes na bola parada. Seria um engraçado, o importante é que ganharia o Sporting», destacou ainda.