Está mais do que visto que os problemas do Sporting não começam nem acabam no treinador, mas Franky Vercauteren também não tem conseguido ganhar crédito junto dos adeptos.

Mais do que as duas vitórias apenas em onze jogos, é aquilo que a equipa (não) joga que mais inquietações provoca. Vercauteren está no cargo há mais de dois meses, mas no campo ainda não se vê nem um traço da sua assinatura. Claro que é preciso tempo para criar uma identidade, mas nesta altura nem um traço se vislumbra.

Pior do que ver más ideias é não ver ideias nenhumas. Veja-se o exemplo de Ricardo Sá Pinto, que ao pegar na equipa definiu uma estratégia para encarar o que faltava da época: apostar na organização defensiva e depois sair forte em contra-ataque, com eficácia. Era uma solução que só servia a curto prazo, é certo, mas deu nova alma à equipa. O fracasso veio depois, tal como esperado, quando foi preciso criar uma identidade dominadora, indispensável a quem quer atacar o título.

Em relação a Vercauteren fica a pergunta: qual a principal característica que incutiu na equipa?

E se as «chicotadas» muitas vezes provocam uma reação nas equipas, ainda que tradicionalmente fugaz, no Sporting nem isso se notou. Nem a vitória sobre o Sp. Braga deu uma injeção de confiança que permitisse encerrar o ciclo negativo.

No que diz respeito ao discurso, Vercauteren começou cedo a conquistar pontos. Na antevisão da estreia disse que «mais importante que pensar em ganhar era pensar naquilo que é preciso fazer para ganhar». Uma forma de pensar muito acertada, mas que o belga não tem conseguido colocar em prática.

Mas é verdade que no contacto com a comunicação social, aí sim, Vercauteren tem deixado uma boa imagem. Na forma como desvalorizou a questão do adiamento do «derby», como reagiu à chegada de Jesualdo Ferreira ou até como concordou com o castigo a Insúa.

P.S. (para seguir): produto da «cantera» e ídolo local, Iago Aspas tem sido a principal referência do Celta de Vigo no regresso ao principal escalão do futebol espanhol. Já tinha sido a principal figura da promoção, ao apontar 23 golos, e este ano já festejou oito. Móvel mas também forte na área, é um avançado que, aos 25 anos, ainda promete voos mais altos.

«4x4x3» é um espaço de análise técnico-tática do jornalista Nuno Travassos. Siga-o no Twitter.