Começou a segunda volta da Liga Portuguesa. Terminada a 16ª jornada o que podemos verificar?

Tudo na mesma nos lugares da frente. A disputa pelos lugares europeus. A luta para fugir dos lugares de descida. Grandes golos. Grandes defesas

Começando por quem lidera.
O Benfica fez a sua obrigação. Resolveu cedo e geriu o jogo, com Rodrigo em destaque. A ser uma mais-valia em virtude do seu rendimento. Está a aproveitar a ausência de Cardozo e a marcar golos. Confiante e com sentido de baliza, está a fazer a diferença.

Mas a dúvida prendia-se sobre quem seria o substituto de Matic. Jesus escolheu um jogador mais posicional e Fejsa foi o eleito. Com Enzo indiscutível, Ruben Amorim e André Gomes podem também ser opções e tudo farão para complicarem as opções de Jesus.

Na baliza mantém-se Oblak. Seguro, a dar confiança à equipa e aquela defesa a remate de Heldon diz muito da sua capacidade. O seu posicionamento e os bons reflexos evitaram o golo.

Uma nota final sobre o Benfica. 

Esta semana muito se falou da sua Formação e da possibilidade dos jovens chegarem à primeira equipa. Não tenho um grande conhecimento sobre a realidade da Formação do Benfica mas pelo menos André Gomes, Ivan Cavaleiro e Bernardo Silva têm potencial e qualidade e o André já o demonstrou na equipa principal. 

Jesus não tem sido um treinador que aposte nos jovens valores da Formação. Os factos falam por si e se olharmos para o artigo do Nuno Madureira de sexta-feira passada da edição do MF Total, verificamos os onzes das épocas sob a sua liderança. 

Não sei se é falta de qualidade ou se os jogadores que estão a ser formados não têm aquilo que ele entende para a sua ideia de jogo, mas a verdade é que são vários os jogadores (alguns jovens) comprados lá fora. Luís Filipe Vieira tem feito a vontade ao treinador. LFV tem também investido na Formação e o seu discurso passa por isso mas a realidade é outra. No jogo de domingo fizeram-se três substituições, todas de jogadores portugueses, entre eles dois jovens. Jesus fez entrar Ivan Cavaleiro aos 88 minutos e André Gomes aos 90 minutos!

O que diz, o que pede um treinador, seja ele qual for, a um jogador que entra num jogo praticamente à espera do apito final em que a sua equipa ganha tranquilamente por 2-0 desde os 36 minutos. Era para passar tempo? Não.

Não o podia ter feito mais cedo? No meu entender sim. Estes ou outros jovens na mesma situação precisam de tempo e é em jogos como estes que as oportunidades são dadas. Ganham rotinas, ligação com os colegas e uma natural integração com a equipa em jogo. Não é 1, 2 ou 3 minutos. Para quê?

Vejo jovens com qualidade a serem porventura mal aproveitados ou pelo menos não terem tempo de jogo que permita perceber se eles têm ou não capacidade para singrar.

No jogo do Dragão passou-se o mesmo com Quintero. Entrou aos 88 minutos, depois do terceiro golo. Mais uma vez, no meu entender, se o jogador tem qualidade e se é efectivamente uma aposta é importante ter minutos de jogo. A vencer por dois desde os 34 minutos e com o jogo dominado e controlado, porque não dar mais tempo? Se não for nestes jogos será quando? Uma integração gradual é o que se pede, para quando a dificuldade for maior ter a resposta esperada.

Quem está de fora não possui todos os dados. Não sendo o treinador nem tendo de fazer a gestão do plantel, vendo apenas os jogos, não percebo por que motivo estes jovens não competem mais tempo.

Em relação ao jogo com o Vitória de Setúbal, o Porto tornou-o fácil.

E alguns merecem destaque individual.

Carlos Eduardo fez um grande golo. Gesto técnico perfeito, enquadrado e um posicionamento do corpo que permite que a bola não suba e saia muito forte e entre como um tiro na baliza.

E o golo de Varela? A recuperação de bola, a arrancada, o desvio do último defesa e um remate muito forte, que só parou no fundo das redes. Boa jogada e um grande golo.

Do outro lado, apesar dos golos sofridos, também Kieszek esteve bem.

Várias defesas. O voo espectacular, a defender com a mão contrária o remate de Josué, evitando o que seria mais um grande golo, fica registado.

Em relação a Quaresma, Paulo Fonseca tem feito uma gestão inteligente e cuidada.

Na Luz jogou 37 minutos e assumiu a titularidade contra o Penafiel na Taça da Liga jogando 54 minutos. No domingo foram 67 minutos. A integração está a ser progressiva e o ritmo vai sendo adquirido. Para já, agitou contra o Benfica, marcou contra o Penafiel e assistiu contra os homens do Sado. Quaresma referiu ontem «de dia para dia sinto-me melhor e sinto que cada vez mais posso ajudar a minha equipa».

Jackson e o Porto esperam e agradecem o melhor Quaresma.

Do lado do Vitória de Setúbal, referência para Pedro Tiba. Demonstra qualidade e com 25 anos só este ano chegou à primeira Liga e tem apenas 10 jogos (sete a titular). Bom tecnicamente, seguro no passe, tem personalidade e assume o jogo sem problemas. Couceiro tem apostado nele e o resultado tem sido positivo.

Em Arouca, o Sporting teve um teste duro. O adversário está diferente para melhor e o estado do relvado colocou as equipas a outro nível. As dificuldades obrigaram o Sporting a ser diferente. Não nos princípios mas na luta e na capacidade mental que é importante neste tipos de terrenos. Organização existe, mas é preciso por vezes alguém que decida. 

Slimani foi o eleito. Jardim colocou-o mais cedo que o normal. Nestas decisões também se ganham jogos e Slimani no lance do golo fez tudo bem. O cruzamento partiu, o domínio de peito e o remate pronto sem tempo de intervenção do adversário coloca o Sporting na mesma posição que partiu para esta jornada. Perante novas dificuldades, a equipa soube reagir e a vitória aumenta os índices de confiança.

O Belenenses deixou de ter Mitchel Van der Gagg como técnico principal. Continuará Marco Paulo ou teremos mudança no comando? É importante retomar o caminho das vitórias.

Em Olhão já mora um novo treinador. O terceiro da época e uma politica errada desde o princípio. Giuseppe Galderisi foi o escolhido para inverter a tendência. Parece-me preparado e consciente das dificuldades do desafio. O próximo jogo em Paços pode dizer muito.

Gil Vicente vai em queda livre. Escrevi aqui a 5 Novembro 2103 elogiando a sua prestação, mas colocando até quando teríamos Gil? A verdade é que de lá para cá, passaram-se sete jornadas (com seis vitórias e um empate) e apenas um ponto. Dados preocupantes e se juntarmos os 13 golos sofridos e apenas dois marcados, a reflexão impera. O que levou a este registo? Os pontos amealhados ainda permitem alguma tranquilidade mas convém começar a somar para atingir o objectivo. O Paços de Ferreira foi buscar um empate a Braga. Dá alento e mais do que o ponto conseguido, é a confiança que renasce e o pensamento que é possível sair desta situação. O próximo jogo com o Olhanense é muito importante e esperam-se golos.

Se for como o deste fim de semana tanto melhor. A espontaneidade do remate de Bebé resultou num extraordinário golo.