Em 2004 a RTP propõe-se descobrir uma nova estrela para o futebol português. Produz um concurso chamado Soccastars, envolve mais de cinco mil candidatos ao trono, corre o país de lés a lés e escolhe um vencedor. Manuel Riera sai do anonimato e como prémio assina um contrato de uma temporada com o Sporting.
Cinco anos depois, Riera é campeão nacional de... Andorra, com as cores do UE Sant Juliá. Esta não era, compreensivelmente, a evolução sonhada pelo jovem avançado. Aos 22 anos, repleto de histórias para contar, explica ao Maisfutebol como se passa da euforia ao esquecimento. Sempre sem perder a ousadia do sonho.
«Depois de ganhar o concurso fui para os juniores do Sporting, mas houve um problema com o contrato e só pude começar a jogar em Janeiro. Tive um ano complicado. Não é fácil chegar a um clube dessa dimensão de uma forma, digamos, anormal. Paguei o esforço de carregar às costas o estigma de ter saído de um concurso de televisão.»
Apesar dos obstáculos, a obstinação e o talento de Riera impõem-se. «Fiz vários golos e ainda fui chamado aos seniores. O Polga falava muito comigo, era impecável. Senti ter qualidade para estar lá, apesar de andar algo inibido. Senti um à-vontade que nunca sentira nos juniores», desabafa.
Paulo Bento, mensageiro das más notícias
A má notícia surge no final da temporada. O contrato de Riera esgota-se e o Sporting decide não renovar a confiança. «Fui chamado ao gabinete do Paulo Bento e informaram-me que teria de sair. Elogiaram a minha qualidade, disseram que era uma pena ter chegado tão tarde e asseguraram que iriam ficar atentos à minha evolução. Valeu a pena ter lá estado. Afinal, fui campeão nacional de juniores.»
Com o adeus a Alvalade, Riera decide voltar ao Minho e passa a vestir as cores do Torcatense (II divisão). Mas uma grave lesão no pé afasta-o quase um ano dos relvados. O assombro de uma carreira radiante parecia definitivamente comprometido. O destino pode mesmo ser aviltante.
«Tudo correu mal. Lesionei-me, descemos de divisão e percebi que estava na altura de recomeçar. Foi nessa altura que surgiu um convite de Andorra, onde estavam a jogar alguns amigos meus.»
Um sonho chamado Liga dos Campeões
A pergunta impõe-se: porquê Andorra? Pela perseguição da quimera, da fantasia em forma de Liga dos Campeões, como explica Riera. «Podia ter continuado na II divisão em Portugal, mas tinha o sonho de ouvir o hino da Liga dos Campeões dentro de campo. Esse sonho vai tornar-se realidade em breve.»
Depois de uma temporada ao serviço do Lusitans, «com nove golos em oito jogos», Riera é uma das grandes sensações do Saint Juliá. O clube conquista o título, o português marca 16 golos e faz 15 assistências.
«Vamos disputar a primeira pré-eliminatória da Champions a 30 de Junho ou 1 de Julho. Temos a ilusão de seguir em frente. O objectivo é sair de Andorra, mas antes quero recompensar o clube por tudo o que me proporcionou e deixá-lo na segunda pré-eliminatória da Liga dos Campeões.»