Não é um epílogo porque a história ainda não terminou. Mas foi mais um capítulo negro de um ano que pode acabar muito triste para o Hamburgo. O penúltimo classificado da Bundesliga foi goleado por 5-0 em casa e está fora da Taça da Alemanha.

E este não foi só um massacre sofrido perante o atual poder do campeão europeu Bayern Munique. O que aconteceu nesta quarta-feira foi mais um massacre. O Hamburgo perdeu um jogo pela sétima vez consecutiva, está fora da taça depois das seis derrotas anteriores que deixaram a equipa treinada por Bert van Marwijk em lugar de despromoção.

O alerta é este: fundado em 1887, o Hamburger SV nunca esteve se não na primeira divisão do futebol alemão – é o único emblema que disputou sempre a Bundesliga desde que esta foi criada em 1963. Nos últimos sete jogos, o clube da cidade portuária de Hamburgo só uma vez não sofreu pelos menos três golos. Nos últimos sete jogos que perdeu, o histórico alemão sofreu 21 golos.

Hamburgo-Augsburgo, 0-1 (liga)
Bayern Munique-Hamburgo, 3-1 (liga)
Hamburgo-Mainz, 2-3 (liga)
Hamburgo-Schalke, 0-3 (liga)
Hofenheim-Hamburgo, 3-0 (liga)
Hamburgo-Hertha, 0-3 (liga)
Hamburgo-Bayern Munique, 0-5 (taça)

As derrotas com o Mainz e com o Schalke foram separadas pela paragem de inverno na Alemanha, mas nada mudou na equipa treinada pelo holandês. Na altura, o Hamburgo estava uma posição acima daquela que ocupa hoje na tabela: era o antepenúltimo no lugar que leva a disputar o play-off de despromoção.

Também na altura, já o defesa Heiko Westermann pensava no pior, mesmo que fosse em sair dele: «A situação é muito preocupante e deve ser claro para todos que vamos lutar por permanecer na [primeira] divisão.» O regresso após a paragem deu-se a 26 de janeiro e após essa derrota caseira com o Mainz, Van Marwijk afirmou estar à espera que os jogadores «já tenham consciência» do «trabalho que foi realizado nas três semanas» anteriores.

O trabalho do técnico holandês com o plantel tem tomado várias formas e desde que chegou ao Hamburgo Van Marwijk tem solicitado aos jogadores a resposta a testes de avaliação psicológica com perguntas do mais íntimo cariz.

Direção dividida?

O espírito de desânimo com que os jogadores estão a encarar os jogos é algo cada vez mais questionado com as pesadas derrotas sem interrupção de um plantel que está reduzido ao holandês Rafael van der Vart no que respeita a jogadores de nível internacional. A forma em espiral dos problemas culminou com a espera que os adeptos fizeram aos jogadores do Hamburgo depois da última derrota caseira da Bundesliga, com o Hertha, no último fim de semana.

Esse jogo veio também trazer a lume a instabilidade diretiva do clube, descrita pelo próprio Van Marwijk com base na divisão de opiniões entre a sua permanência e a sua saída. «Nunca vi nada do que tenho visto aqui nos últimos dias. Tenho a sensação de que o clube se esta a destruir a si próprio», disse o holandês.

Van Marwijk é o 23º técnico (o segunda nesta época depois de Thorsten Fink) a ocupar o banco do Hamburgo em 27 anos, desde que, em 1987, Josip Skoblar ocupou o lugar do histórico Ernst Happel. Longe vão os tempos em que o clube alemão teve os seus anos de ouro na Alemanha com a conquista de dois campeonatos e uma taça e a glória europeia com a conquista da Taça dos Campeões. Era a década de 1980 e Happel comandava jogadores como Magath, Kaltz ou Hrubesch.


Fica para a história. Como ficará aquilo que o Hamburgo não conseguir nesta época.