Só duas equipas ganharam em casa nos 16 jogos da primeira mão da Liga Europa e o FC Porto não foi uma delas, pelo que chega à decisão da segunda mão, nesta quinta-feira ( 18h00), com a vida complicada em Frankfurt para ultrapassar o 2-2 da primeira mão. O Benfica acompanhou a tendência dos bons resultados dos visitantes e trouxe de Salónica um 1-0, que deixa a equipa em boa posição para seguir em frente na receção ao PAOK ( 20h05). É em contextos e estados de espírito bem diferentes que as duas equipas portuguesas enfrentam a decisão no dia em que, passando, também ficarão definidos os seus próximos adversários.

O ascendente dos visitantes foi a grande tendência deste regresso do futebol europeu, não apenas na Liga Europa como na Liga dos Campeões, onde em oito jogos só duas equipas não venceram fora, Manchester United e Chelsea. O sorteio da primeira ronda a eliminar deu às melhores equipas da fase de grupos o estatuto de cabeças de série, com o privilégio de jogar a segunda mão no seu terreno, e na esmagadora maioria elas confirmaram o favoritismo. 

Estatísticas da Liga Europa

As atenções vão começar por estar centradas em Frankfurt, onde o FC Porto joga muito. Não só o futuro europeu mas também, parece cada vez mais claro, o futuro de Paulo Fonseca. Uma deslocação de alta tensão para os dragões, que podem buscar confiança num histórico positivo com equipas alemãs (11 vitórias, seis empates e nove derrotas), que inclui, obviamente, a Liga dos Campeões ganha ao Bayern Munique em 1987, mas também três vitórias na Alemanha: os outros resultados na visita a equipas germânicas foram três empates e seis derrotas. A última vez na Alemanha foi em Gelsenkirchen, a derrota com o Schalke em 2007/08, que os dragões acabariam por perder nos penáltis.

Mais dados históricos, apenas por duas vezes os dragões superaram na segunda mão um resultado adverso em casa: empate com golos ou em casa. Foi em 2001/02, frente ao Grasshoppers, no acesso à fase de grupos da Liga dos Campeões, e na época seguinte, com o Panathinaikos, depois de um 0-1 na primeira mão, já com José Mourinho.

Quanto ao Eintracht, pode apoiar-se no registo desta época: ganhou os quatro encontros europeus que jogou em casa.

Melhor a história que o momento para os dragões, que atravessam uma fase difícil. Já ninguém o esconde a começar por Paulo Fonseca. «Este é um jogo importante que representa muito para nós. Uma vitória aqui pode moralizar a equipa. Num momento em que o estado emocional da equipa não é o melhor, precisamos de vitórias para poder estabilizar», disse o treinador na antevisão.

O Benfica, por outro lado, chega à decisão por cima. Uma vitória fora de casa na Europa é um excelente resultado, que aliás apenas por uma vez os encarnados não confirmaram na segunda mão. Aconteceu em 1969, frente ao Ajax de Johan Cruijff, numa eliminatória louca dos quartos de final da então Taça dos Campeões Europeus. O Benfica de Otto Gloria, ainda com muitos dos seus grandes jogadores da década de 60, incluindo os recentemente falecidos Eusébio e Coluna (que será homenageado esta noite na Luz), venceu por 3-1 em Amesterdão, na primeira mão. Na segunda, os holandeses empataram a eliminatória, com dois golos de Cruijff: 3-1 e lugar a um terceiro jogo de desempate. Jogou-se em Paris e ficou a zero até aos 90 minutos. Foi no prolongamento que o Ajax levou a melhor. Primeiro marcou Cruijff, aos 92m, depois um bis do sueco Inge Danielsson.

Mas há outras memórias de sustos para os encarnados, mesmo com uma vitória fora na primeira mão. E uma delas tem precisamente como protagonista o PAOK. Em 1999/00, os gregos ganharam na Luz por 2-1, igualando a eliminatória, que acabaria por ser decidida a favor do Benfica nas grandes penalidades.

As duas equipas vivem boas séries europeias. O Benfica não perde em casa há nove jogos, mas o PAOK tem o melhor registo como visitante em curso: igualmente nove partidas sem perder.  Jorge Jesus não se fia no resultado que traz da Grécia. «Vamos jogar com uma equipa experiente, a maior parte dos jogadores são de seleção. Por termos ganho 1-0, pode-se por em dúvida duvida o valor desta equipa, mas amanhã vão ver que não é bem assim. Vamos começar melhor do que antes do jogo da Grécia, mas com a certeza que vamos ter de estar ao nível do jogo da Grécia para passar esta eliminatória», disse o treinador do Benfica, que assumiu também o desejo de estar à altura das responsabilidades do clube na prova, como finalista da última edição: «Temos a responsabilidade de chegar o mais longe possível, se chegarmos à final, melhor ainda.»

Se passar, o Benfica terá pela frente o vencedor do Dnipro-Tottenham. Os ucranianos, que contam com o português Bruno Gama no plantel, foram precisamente uma das duas equipas que venceram em casa na primeira mão, por 1-0, surpreendendo os ingleses. A outra foi a Juventus, tranquila frente ao Trabzonspor de Bosinga (2-0).

Quanto ao FC Porto, caso se apure irá defrontar Nápoles ou Swansea, numa eliminatória que tem tudo em aberto, depois do nulo na primeira mão, em Gales.

Será o dia de todas as decisões, a pedir mais iniciativa do que na primeira mão. A semana passada ficou marcada por atitudes muitos cautelosas da generalidade das equipas em prova. Marcaram-se apenas 27 golos, o valor mais baixo nesta fase desde que a Taça UEFA foi rebatizada: foram 43 em em 2009/10, 40 em 2010/11, 36 em 2011/12 e 35 em 2012/13. Além disso, metade dos jogos terminaram em empates, outro recorde prova.

Recorde aqui a primeira mão

Jogos da segunda mão dos 16 avos de final

Rubin Kazan-Bétis, (1-1), 17:00
Nápoles-Swansea, (0-0), 18:00
Sevilha FC-Maribor, (2-2), 18:00
Shakhtar Donetsk-Viktoria Plzen, (1-1), 18:00
Salzburgo-Ajax, (3-0), 18:00
Basileia-Maccabi Telavive, (0-0), 18:00
Eintracht Frankfurt-FC Porto, (2-2), 18:00
Ludogorets-Lazio, (1-0), 18:00
Fiorentina-Esbjerg, (3-1), 20:05
Tottenham-Dnipro, 20:05
Genk-Anzhi, (0-0), 20:05
Valência-Dinamo Kiev, (2-0), 20:05
Benfica-PAOK, (1-0), 20:05
AZ Alkamaar-Liberec, (1-0), 20:05
Lyon-Chornomorets Odesa, (0-0) 20:05
Trabzonspor-Juventus, (0-2), 20:05