O Maisfutebol desafiou os jogadores portugueses que atuam no estrangeiro, em vários cantos do mundo, a relatar as suas experiências para os nossos leitores. É isso que farão daqui para a frente:

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«Olá! Chamo-me José Fonte, nasci em Penafiel há 28 anos e sou atualmente jogador do Southampton.

Comecei a formação no FC Penafiel, aos 7 anos, e depois passei por Sporting, Sacavenense, regressando mais tarde ao Sporting, clube onde me tornei profissional, com 17 anos. Joguei 2 anos na equipa B, até que esta foi extinta e o clube decidiu que eu tinha de seguir o meu caminho sem cumprir o sonho de jogar na equipa principal.

Foi um período difícil, mas nessa altura apareceu uma pessoa extremamente importante para a minha carreira: Norton de Matos. Foi através dele que surgiu a possibilidade de representar o grande Salgueiros. Foram apenas 2 meses, até à extinção do clube.

Fui então para o Felgueiras, onde trabalhei com Diamantino Miranda. Foi um dos melhores períodos da minha carreira, pois o grupo era fantástico. Conseguimos um 9º lugar com sabor a primeiro, pois só recebemos 6 meses de ordenado. Tenho de agradecer a ajuda da minha família nesses momentos complicados.

No final da época assinei pelo V. Setúbal, onde reencontrei Norton de Matos, que proporcionou-me a estreia na Liga. Foram 6 meses fantásticos, em que joguei nas provas europeias e fiz parte daquela que chegou a ser a melhor defesa da Europa.

Depois rescindi, novamente por salários em atraso, e nessa altura surgiram vários clubes interessados (Benfica, F.C. Porto e Standard). Escolhi o Benfica quando já estava em Liège, com o contrato do Standard à frente, ao receber um breve telefonema de Luís Filipe Vieira.

Assinei por 4 anos e meio e fui emprestado ao P. Ferreira, onde trabalhei com José Mota. Nessa altura fui chamado 3 vezes à seleção sub-21, cumprindo o sonho de vestir a camisola de todos nós. No final dessa época integrei a digressão do Benfica a Moçambique e senti a grandeza do glorioso.

Fiz a pré-época mas infelizmente não fiquei. O treinador era Fernando Santos, que me tinha dispensado do Sporting. Ainda assim tive o prazer de trabalhar com Rui Costa, Simão, Luisão, Miccoli, Karagounis ou o carismático Mantorras (com quem partilhei quarto no estágio da Suíça).

Santos disse-me que precisava jogar regularmente para ganhar experiência, e depois voltar para discutir a titularidade com Luisão, David Luiz e Anderson, pelo que fui emprestado ao E. Amadora. Lá encontrei um treinador simpático, calmo e inteligente (Daúto Faquirá).

Fiz uma boa época, mas no ano seguinte, com muita mágoa minha, fui novamente emprestado. Desta vez para a 1ª experiência no estrangeiro, ao serviço do Crystal Palace, na maravilhosa cidade de Londres. Foi uma decisão difícil, pois o clube estava no segundo escalão, mas revelou-se a melhor que tomei até hoje.

Não fui pelo dinheiro, mas para estar perto do meu irmão Rui Fonte, que aos 16 anos tinha sido emprestado pelo Sporting ao Arsenal, e com o sonho de chegar à melhor Liga do mundo.

No final do 1º ano o Palace comprou-me ao Benfica por 600 mil libras e 2 anos depois fui vendido ao Southampton por 1,2 milhões. Fui quase «obrigado» a sair, dada as dificuldades financeiras. Foi um dilema para mim, pois a proposta era monetariamente aliciante, mas de uma divisão inferior. Assinei um contrato de 4 anos e meio que deu estabilidade financeira, mas foi uma decisão que muita gente não percebeu.

No Southampton consegui uma taça em Wembley e duas subidas consecutivas. Depois de três anos e meio no Championship e um ano e meio na League One consegui chegar à tão desejada Premier League!

Um abraço a todos os leitores do Maisfutebol,

José Fonte.»