Num jogo de sofrimento, a Académica poderá, ao ficar com 28 pontos, ter assegurado a soma necessária para garantir a manutenção, bem antes do ciclo terrível de jogos com Benfica, F.C. Porto e Sporting. Em termos matemáticos tudo ainda é possível, mas a fasquia parece ser já muito difícil de alcançar por quem está no fundo da tabela, nomeadamente o próprio Belenenses e o Rio Ave, ambos com 17 pontos.
Um golo de Nuno Piloto, depois de 75 minutos em que os donos da casa foram de longe superiores e tudo fizeram para merecer a vitória, bastou para sossegar os corações coimbrãs, que ainda sobressaltaram com a expulsão de Sougou perante um adversário que nunca conseguiu mostrar argumentos para mais e viu o seu futuro pintado em tons de cinzento escuro perante o escoar das jornadas. Já são nove jogos consecutivos sem ganhar e não há sinais de retoma.
Num duelo à parte, Domingos conseguiu bater Jaime Pacheco pela primeira vez, num regresso aos triunfos dos estudantes em casa sobre a equipa do Restelo, que já não acontecia há seis anos.
A Académica tentou resolver o jogo rapidamente e teve ocasiões para o fazer, mas do outro lado estava um inspiradíssimo Júlio César. Pelo menos mais do que Carlos Saleiro, por exemplo, que desbaratou algumas das melhores oportunidades dos estudantes. Ao invés, os do Restelo demonstravam pouco argumentos atacantes e, excepção feita a um remate de Saulo e a um brinde de Pedro Costa que Peskovic emendou com defesa de recurso, praticamente não existiram na primeira parte. Mas é verdade que foram melhorando progressivamente, perante o desacreditar da equipa da casa.
Com um meio-campo musculado - Gabriel Gomez terá sido um reforço de última hora, dada a indisponibilidade de Tininho, que levou Mano a fazer o lugar de defesa-esquerdo - e incapaz de acompanhar jogadores de outro quilate como Zé Pedro ou Silas, Jaime Pacheco apostou no pragmatismo e, sem surpresas, contentou-se com a divisão de pontos. Depois de suportar uma previsível primeira parte mais incisiva da equipa da casa, na segunda prioridade foi quebrar ao máximo o ritmo ao adversário, tapar todos os caminhos para a baliza, e ter fé, novamente, em Júlio César.
Golo pago com expulsão
A estratégia era arriscada, até porque falta a este Belenenses a tranquilidade necessária em momentos-chave, e o golo de Nuno Piloto só pecou pelo atraso. Quando os estudantes tinham tudo para controlar a partida e segurar os três pontos sem sofrimentos desnecessários, Sougou complicou a vida dos colegas, ao ser expulso depois de uma entrada escusada sobre Gomez.
Os minutos finais foram, naturalmente, de aflição para os da casa, mas mesmo com um jogador a mais os forasteiros mostraram pouca capacidade para chegar, pelo menos, ao empate. Os azuis acabaram, assim, por levar o resultado que menos lhes convinha e ficam agora em situação ainda mais complicada. O melhor é não pensar muito e atacar já a próxima final, dentro de uma semana, em casa, frente ao V. Setúbal, num jogo, esse sim, que convém mesmo ganhar.