Se é a isto que chamam crise, saibam desde já: este F.C. Porto dispensa qualquer intervenção do exterior. Depois de três jogos sem conhecer a palavra vitória, soaram os alarmes, levantaram-se dúvidas, questionou-se o perfil do técnico, houve tempo para (quase) tudo.

Vítor Pereira sentiu necessidade de pedir uma resposta à Porto. Pois bem. Pelo menos os jogadores, tem-nos na mão porque a reacção da equipa foi mesmo à moda da velha escola do Dragão: acutilante, inclemente, avassaladora.

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Recuperam os campeões o primeiro lugar da classificação e a Académica, depois de já o ter feito há duas épocas, volta a ficar associada a um grito de revolta azul e branco. Afinal, não é por acaso que os portistas não perdem em Coimbra há quase 41 anos.

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Prometia muito este encontro em função do momento menos feliz dos campeões nacionais e da reconhecida capacidade do adversário, meritoriamente colocado no quinto lugar e com um registo impressionante em casa: três vitórias, com duas goleadas (4-0) pelo meio e nem um golo consentido. A partida tinha ainda o aliciante de colocar frente-a-frente dois ex-adjuntos portistas, da equipa liderada por André Villas Boas que se fartou de coleccionar títulos no ano passado.

Walter descobriu o caminho

Início de jogo em bom ritmo, pese o calor anormal para uma noite de Outubro, mas pouco espaço para o F.C. Porto se movimentar graças ao posicionamento e dinâmicas competentes por parte da Briosa. Enquanto se manteve coesa, a equipa de Pedro Emanuel foi mantendo o perigo afastado da sua baliza e conseguia alguma posse de bola

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Mas os portistas já tinham dado mostras de superioridade pelo ar na área de Peiser e, à terceira, foi mesmo de vez: Fucile acelerou, deu para trás para Hulk e este serviu Walter - afinal a solução mais lógica para render o lesionado Kléber - na área para um golo sem espinhas.

A Académica nem teve tempo para reagir ao primeiro e logo sofreu o segundo numa falha ainda mais gritante da sua defesa. Cédric e Real não acompanharam a subida de Abdoulaye e Nivaldo, colocando James em jogo e fazer o golo foi o mais fácil para o colombiano. E fácil foi mesmo a palavra de ordem de ora em diante.

Não podemos jogar com eles todas as semanas?

O peito coimbrão orgulhosamente cheio nos primeiros 25 minutos esvaziou-se num ápice e os portistas passaram a manobrar no meio-campo a seu bel-prazer. Também começaram a fazê-lo junto da defesa da casa. Os dois golos de «rajada» resolveram o jogo cedo e vestígios daquela Académica palpitante em casa nem vê-los.

Vitor Pereira e a resposta: «Hoje fomos Porto!»

De brinde em brinde, os campeões nacionais aproveitaram para solidificar o resultado, definitivamente ideal para esquecer as agruras recentes. Guarin entrou na brincadeira e elevou para 0-3, os adeptos portistas rejubilavam e a crise, a ter existido, era atirada às malvas. Com estrondo. E direito até a olés.

No meio da folia, alguém próximo dos azuis e brancos questionava: não podemos jogar contra eles todas as semanas? Não, não podem, mas os próximos jogos são prometedores: Pero Pinheiro para a Taça de Portugal e três partidas em casa, com o Apoel, o Nacional e o Paços de Ferreira. Para reforçar os tons de azul. Pois claro.