Depois da primeira vitória de domingo, a Briosa parecia ter-lhe tomado o gosto. Esteve prestes a casar a exibição com o resultado, mas, mais uma vez, a experiência falou mais alto. Com meia-dúzia de oportunidades para fazer o 2-0, a equipa de Pedro Emanuel acabou por sofrer o empate no último minuto.
Depois de 41 anos sem jogo europeus, Coimbra engalanou-se para a ocasião (que pena não ter havido mais público...), e a Académica correspondeu com uma exibição em crescendo, que culminou com um início de segunda parte avassalador, mas perdulário. Demasiado, até. E foi castigada por isso no fim.
O receio mútuo dominou os primeiros instantes do jogo, com ambas as equipas pouco dispostas a correr riscos no ataque. A postura expetante dos israelitas em nada favorecia uma Briosa que talvez preferisse dar a iniciativa ao adversário para poder contra-atacar.
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O problema é que o Hapoel não queria pegar na oferta e, desta forma, tiveram de ser os estudantes a tomar as rédeas da partida. Primeiro timidamente, mantendo sempre muita gente atrás para se precaver de alguma reação mais afoita do adversário, os homens de Pedro Emanuel foram crescendo em confiança com o tempo.
Não fosse uma fuga de Tamuz pela direita, concluída com uma defesa atenta de Ricardo para canto, e os hebreus quase não teriam causado perigo na primeira parte. Ao invés, a Briosa, quando se deixou de respeitos excessivos, soube acercar-se da baliza de Apoula e tentar os reflexos do nigeriano naturalizado arménio.
João Dias deu o mote, com um grande remate de pé esquerdo, seguindo-se mais uma iniciativa aflitiva para os forasteiros, e um outro tiraço de John Ogu. Estava, definitivamente, descoberto o caminho para o golo. Só faltava percorrê-lo até ao destino.
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Dito e feito. A Académica deve ter-se fartado tanto de olhar para os galões israelitas que voltou dos balneários disposta a ver até onde a fama poderia não corresponder ao proveito. Quase como se fosse fácil, Marinho e Cissé desenharam o lance de um golo digno dos manuais do bom futebol.
Avalancha ofensiva, por fim
O guineense concluiu o cruzamento com um remate à meia-volta que levou o estádio ao rubro e colocou, diga-se, toda a justiça no resultado. O que se seguiu poderia parecer impensável para muitos, sobretudo para os de Israel, mas aconteceu.
A Velha Senhora, como carinhosamente lhe chama a Mancha Negra, reduziu o Hapoel a um grupo de bons rapazes, incapazes por vezes de cruzar o próprio meio-campo, tal a avalancha ofensiva que a equipa portuguesa resolveu desencadear.
Marinho visou os ferros, Cleyton fez o mesmo, Apoula teve de usar de todos os recursos noutras ocasiões, em suma, os estudantes «cheiraram» de narinas bem abertas todos os aromas do segundo golo que, muito provavelmente, arrumaria o encontro e colocaria 200 mil euros nos cofres do clube. Não aconteceu.
A fúria coimbrã não poderia durar para o resto do jogo e, naturalmente, a equipa recuou um pouco as linhas, na exata medida em que os israelitas foram colocando mais elementos na frente.
Nesta altura, veio ao de cima o melhor de Ricardo, um par de defesas preponderantes, mas também o desperdício de Wilson Eduardo, que, de outra forma, teria colocado ainda mais verdade no desfecho final. Em vez disso, no canto do cisne, Damari, o melhor marcador do Hapoel, deu cabo do sonho estudantil. Tremenda injustiça, mas a experiência internacional também é isto.