A semana prestes a terminar tem sido pródiga em acontecimentos extra desportivos para a Académica. O chamado «caso Dame» conduziu à suspensão de mandato do vice-presidente Luís Godinho, que decidiu, depois, agir judicialmente contra o jogador, que, por seu lado, reafirma a tentativa de burla por parte do dirigente.
O plantel, a avaliar pelas palavras de Manuel Machado, tem, contudo, estado alheio a todo este turbilhão, completamente focado na sucessão de jogos importantes agendados para as próximas semanas. «Não há instabilidade nenhuma. Pelo contrário, a Direcção continua a ter um comportamento de grande estabilidade perante a equipa. Temos todas as condições logísticas, um quadro clínico que acompanha os atletas, um quadro técnico que faz o melhor possível, e os compromissos salariais estão em dia. Aquilo que aconteceu é de carácter directivo e quem saiu nem sequer era um elemento ligado ao futebol profissional. Por isso, passou-nos ao lado», considerou o treinador.
Mas será que este imbróglio poderá ter influência no rendimento de Dame? Manuel Machado garantiu que não: «É um rapaz com bom carácter, que não mistura a sua participação desportiva com uma questão de carácter contratual. Já no último jogo, na Madeira [frente ao Nacional], isso foi visível, pois foi apenas o melhor jogador em campo nos primeiros 45 minutos.»
As exibições do senegalês, além dos elogios generalizados, começaram a despertar o interesse de outros clubes e o técnico não tem dúvidas de que Dame tem todas as condições para dar o salto. «Do ponto de vista técnico, sim. É um atleta de 20 anos, com pressupostos técnicos muito bons e com grande margem de progressão. Nesse sentido, julgo que é um elemento apetecível para qualquer emblema de dimensão superior à Académica.»
Treinos à porta fechada vão continuar
Os treinos da Académica vão continuar a decorrer à porta fechada, com excepção dos primeiros 15 minutos. Manuel Machado não acredita que este procedimento contribua para afastar os adeptos da equipa e, por isso, vai manter a regra: «O que está estabelecido é para continuar, até porque nunca colocámos sócios fora do treino. No Bolão, por exemplo, costuma aparecer uma meia dúzia de cavalheiros e alguns até trazem os carros para assistir aos trabalhos a partir deles. Aquilo que fazemos tem a ver com a cobertura mediática da imprensa e aquilo que sai cá para fora. Nos grandes, no Chelsea e noutro emblemas europeus não há treinos abertos.»
Manuel Machado concordou ainda que a arquitectura do Estádio Cidade de Coimbra não favorece a interacção entre a equipa e o público. «Os resultados nunca dependem dessa particularidade, mas é verdade que os recintos construídos unicamente para o futebol permitem uma aproximação maior da assistência ao terreno de jogo, o que não acontece com o nosso, devido à pista de atletismo. O estádio tem uma dimensão enorme para a média de espectadores e o apoio acaba por diluir-se porque as pessoas estão demasiado dispersas e longe», sustentou.