Benfica e Juventus defrontaram-se em duas eliminatórias sendo que a história é favorável aos encarnados: venceram três jogos e perderam apenas um. Mas dos confrontos entre dois clubes históricos do futebol europeu, sobrou mais para a eternidade do que apenas os resultados.

O primeiro confronto aconteceu na Taça dos Campeões Europeus de 1967/68. Otto Glória tinha regressa ao Benfica e Eusébio estava de pé quente, depois de recuperado de uma lesão: fez nove golos em quatro jogos do campeonato e já tinha o prémio de melhor marcador europeu garantido.

Na primeira mão, no Estádio da Luz, a 8 de maio, José Torres abriu caminho à vitória aos 63 minutos e o próprio Eusébio fez o 2-0 seis minutos depois. Uma semana depois, em Turim, aconteceu aquele que dizem ter sido um dos melhores golos da carreira de Eusébio.

«Foi um grande golo, um remate rasteiro e de muito longe, quase do meio campo. Vi golos extraordinários dele, mas dessa vez penso que o guarda-redes o menosprezou», contou Jaime Graça ao livro Sport Europa e Benfica, do Maisfutebol. O Benfica venceu por 1-0 e seguiu para a final.

Uma final que haveria de perder frente ao Manchester United, por 4-1, após prolongamento.

Juventus: um gigante que volta a sonhar

O segundo confronto aconteceu em 92/93, nos quartos de final da Taça UEFA. Na primeira mão, a 4 de abril, o Benfica venceu por 2-1, numa grande exibição de Vítor Paneira. Abriu o caminho ao triunfo com um golo madrugador e garantiu a vitória com mais um golo aos 76 minutos.

Pelo meio a Juventus, uma grande Juventus de Roberto Baggio, Dino Baggio, Moller, Vialli e Júlio César, orientada pelo experiente Giovanni Trapattoni, ainda fez estremecer a trave num pontapé de bicicleta de Vialli e empatou pelo mesmo Vialli. O triunfo por 2-1 era no entanto escasso.

Na segunda mão a Juventus impôs a força e venceu por 3-0. No entanto tudo começou numa polémica: logo no primeiro minuto do jogo, na sequência de um canto, Dino Baggio saltou com Silvino e com o cotovelo partiu-lhe o nariz. O guarda-redes ficou ensanguentado e foi substituído.

O árbitro, muito incrivelmente, nada assinalou e Kohler abriu o marcador. Depois disso Dino Baggio e Ravanelli concluíram a vitória gorda por 3-0, que afastou o Benfica da prova e apurou a Juventus para as meias-finais: os italianos haveria de vencer na final o Borussia Dortmund.

No final desse jogo, curiosamente, o árbitro dinamarquês Mikkelsen passou pelo balneário do Benfica. «Foi pedir-me desculpa a mim e ao senhor Gaspar Ramos», disse Silvino ao Sport Europa e Benfica. Toni é que não ficou convencido. «Alguém ajudou a velha senhora a atravessar a rua.»