O Maisfutebol desafiou os leitores a fazer uma pergunta a Alan e o capitão do Sp. Braga aceitou o desafio. Interventivo e interessado, fez questão de saber o nome de quem tinha enviado cada pergunta e respondeu a todas. «Algumas foram complicadas», diz. Nem parece que tem 34 anos, tal a jovialidade que transpira.

A viver a sexta época com a camisola arsenalista, o brasileiro que chegou a Portugal em 2001 para jogar no Marítimo, que foi jogador do FC Porto e passou por Guimarães antes de se fixar em Braga é há anos referência do clube. Acaba de marcar um golo do outro mundo, na derrota do Sp. Braga no Restelo, a fazer-nos lembrar toda sua qualidade.

Nesta interação com os leitores houves várias questões sobre o fim da carreira e Alan revelou que espera terminar no Sp. Braga, ao mesmo tempo que já pensa no futuro: vai começar a tirar o curso de treinador.
 
Alan comparou Jorge Jesus com Leonardo Jardim, falou do que falhou no FC Porto e ainda da passagem por Guimarães. Espera ver em breve o Sp. Braga campeão nacional e está a torcer por um Portugal-Brasil na final do Mundial.
 
Não pensa que se tivesse tido uma oportunidade na Champions mais cedo na sua carreira, poderia hoje ser um jogador conhecido em todo o Mundo? (Hugo Silveira)
Não pensa que se tivesse a inteligência e assertividade de hoje há 6/7 anos, poderia ter sido um dos melhores jogadores a jogar na Europa? Ou melhor, não acha que muitos jogadores com menor talento, jogaram nos Manchesteres Uniteds ou Barcelonas? (Pedro Ribeiro)

«Essas perguntas são boas. Creio que sim, mas fico muito grato por aquilo que venho fazendo pelo Sp. Braga. Tive uma oportunidade na Liga dos Campeões e fiz golos. Acho que a Liga dos Campeões dá uma visibilidade muito maior aos jogadores e fico contente por falarem do Barcelona e do Manchester United. Mas não tenho que falar disso, ou pensar que foi bom ou mau para mim. Tenho só que agradecer a Deus por me ter dado este dom de não sofrer lesões graves. Claro que jogar na Liga dos Campeões é o sonho de qualquer jogador.»
 
Alan, porque nunca tentaste dar um pulo na carreira? Porque ficaste sempre em Portugal? (Hugo Soares)
«Gosto do país. Tive algumas propostas, mas não agradaram aos clubes. Não me arrependo de ter ficado aqui.»
 
Foi com alguma tristeza que não o vi há alguns anos ingressar no Sporting, numa altura em que houve interesse. Ainda hoje gostaria que fosse para o Sporting. (Gonçalo Seco)
Se tivesses de sair, para que clube ias em Portugal? (Tita Mendes)

«Se fosse para jogar lá jogaria, como profissional que sou defenderia as cores do clube. Não tenho preferência nenhuma.»
 
Se te dessem a escolher, que outra liga gostarias de experimentar? (André Fernandes)
«Gostaria de experimentar outros campeonatos. Gosto muito do campeonato espanhol, o alemão é muito competitivo e o inglês. Seriam esses três que eu gostava de experimentar.»
 
No FC Porto notava-se que o Alan não tinha a confiança necessária para assumir um papel protagonista como tem no Sp. Braga. O que acha que falhou? (Diamantino Pereira Campos)
Como adepto do futebol gostaria de saber qual a razão que o levou a deixar o FC Porto. (António Marques)

«Eu era mais jovem, havia excelentes jogadores que estavam a um grande nível. Cheguei a jogar com o primeiro treinador, com o Co Adriaanse. Depois, por incrível que pareça, tive o Jesualdo como treinador... A seguir fui para o V. Guimarães. As coisas no segundo ano não correram também, acho que foi a falta de experiência que me prejudicou um bocado.»
 
Em 2007/08 foi emprestado ao Vitória SC pelo FC Porto. Foi uma das figuras do Vitória nessa época, e o clube terminou em 3º lugar, jogando o acesso à Liga dos Campeões na época seguinte. Na altura colocou-se a possibilidade do Alan continuar no Vitória, mas as relações entre Vitória e Porto complicaram-se, e o FCP cedeu-o ao Braga. Gostava de ter continuado no Vitória? Como vê o clube atualmente? (Alexandre Almeida)
«Essa é difícil [Risos]. Naquele momento toda a gente sabia que o meu desejo era ficar por causa do treinador, que era e é meu amigo (ndr, Manuel Cajuda). Mas quanto ao clube, acho que depois de eu ter passado por lá não cresceu muito.»
 
Sp. Braga: «Ainda nem plantaram e já querem colher»
 
Porque razão é que o Alan é o jogador que mais «barafusta» com os colegas? (Geziel Carvalho)
«Não reclamo com os colegas. Chamo atenção para corrigir posicionamentos, sou o capitão e sou o mais experiente da equipa, por isso tenho de tentar passar a voz do treinador em campo.»
 
Gostava de perguntar ao capitão o porquê de a equipa do Braga se deixar abater em momentos do jogo quando podem ir para cima dos adversários. Falta vontade? Falta ambição? (Nuno Silva)
«São coisas do futebol. Nem sempre podemos estar em cima da equipa adversária, acho que toda a gente vê o futebol muito competitivo hoje em dia.»
 
Visto que temos tantas derrotas como na época passada e ainda estamos a meio e ficamos logo eliminados da Liga Europa na primeira eliminatória. Quais são os objetivos deste plantel e do seu treinador? (Rafael Oliveira)
«Acho que o Rafael tem que pensar uma coisa, é uma equipa nova e foram embora jogadores muito importantes. Sei que a cobrança neste clube é muito grande, ainda nem plantaram e já querem colher. Mas temos que ter paciência. Acho que tivemos algumas derrotas que não merecíamos. Jogamos bem, mas às vezes perdemos e o futebol é isto, uma paixão e uma loucura.»
 
Consegue ver futuramente o Braga a ser campeão da Liga Portuguesa? (José Costa)

«Claro que sim. Espero que seja em breve».
 
Como te sentes por ser considerado um dos melhores, se não o melhor, jogador que passou pelo Braga? (Gonçalo Oliveira)
«Sinto-me bem, fico feliz por algumas pessoas dizerem isso. Só dá força para continuar a trabalhar e a passar aos mais novos a experiência.»
 
Final da carreira: «Ainda jogos uns três anos fácil»
 
Alan, por quantos mais anos pensa conseguir jogar? (Rui Fonseca)
«Não sei. Um, dois, três anos. Se não tiver lesões acho que ainda jogo uns três anos fácil.»
 
O que espera para o final da carreira, ainda gostava de poder voltar a um grande, rumar às arábias para melhorar as condições financeiras ou acabar no Brasil?(Gonçalo Seco)
 «O Braga é um clube grande, neste momento estou em Braga e pretendo acabar a carreira aqui. Agora, o futuro pertence a Deus. No Brasil já tive vontade há muitos anos atrás, agora não. Futebol brasileiro só mesmo pela televisão.»
 
Julgo ser Alan o jogador mais influente do Braga de sempre. Está disponível para acabar a carreira em Braga? (Silvino Ferreira Machado)
«Fico feliz por falar que sou o jogador mais influente e espero acabar a carreira aqui em Braga. Se tudo correr bem acho que devo acabar por aqui.»
 
Acabando a carreira como futebolista e sendo uma figura incontornável do SC Braga, espera continuar no clube ligado ao staff técnico? (Victor Fernandes)
«Vou agora fazer um curso de treinador, o primeiro nível, para começar já a pensar no futuro. Se tiver que ser assim aqui em Braga eu ficaria muito contente».
 
Jorge Jesus extravagante vs Leonardo Jardim cauteloso
 
Tendo trabalhado com ambos, quais as diferenças técnicas e táticas entre Jorge Jesus e Leonardo Jardim e qual, na sua opinião, interpreta e aplica o futebol atual? (Carvalhais)
«São dois grandes treinadores, cada um com o seu método de trabalho. O Jorge Jesus é mais extravagante, é aquele que grita muito com os jogadores; trabalha muito a parte defensiva e deixa a criatividade dos avançados falar mais alto, sair deles. O Leonardo Jardim é mais calmo, mais cauteloso e prevalece a seriedade dele no trabalho. Acho que os dois são muito sinceros, e isso leva onde eles estão».
 
No seu trajeto na Liga Portuguesa, quais foram os jogadores, companheiros de equipa ou adversários, que mais o marcaram (André Fernandes)?

«Admirava muito o Lisandro López que era um ponta de lança fantástico. Aprendi muito com o Gaúcho, que jogou comigo no Marítimo, e também o Benni MacCarthy. Os três não têm nada a ver com a minha posição, mas aprendi muito com eles. Adversário, o Coentrão marcou-me e na posição dele é um dos melhores do mundo. Colegas são tantos que não posso frisar só um, mas tive excelentes colegas de trabalho. Vários, como o Viana, o Custódio o Mossoró…»
  
O que pensa em relação ao uso de tecnologia na arbitragem? (André Fernandes)
«Eu acho que seria bom, ainda para mais para o futebol português em que às vezes há muitas polémicas. Seria bom, acho que seria benéfico.»
 
Estamos em ano de Mundial no Brasil. Quais as seleções que tem mais vontade de ver jogar? (André Fernandes)
«De ver jogar é a seleção brasileira, claro. A portuguesa também gosto muito. Gostaria de ver essas duas na final. A seleção espanhola também me atrai, mas sobretudo as duas, a portuguesa e a brasileira, se forem à final melhor ainda. Na minha casa nem sei como vai ser. Vai ser meio/meio».
 
Lembras-te disto? (Um remate à trave num Marítimo-Braga) Seria o melhor golo da tua carreira? (Gonçalo Oliveira)



«Lembro-me, acho que até foi com o Alonso, lembro-me do lance. Sem dúvida que era o golo mais bonito da minha carreira.»

«O golo que apontei este fim-de-semana ao Belenenses foi dos melhores da minha carreira apesar da tristeza de não termos conseguido ganhar o jogo».