Autor: Christoph Biermann*

Quando a seleção alemã entrar em campo frente a Portugal, muitos espectadores irão provavelmente pensar: bem, não mudaram muito. Desde que os principais jogadores não se lesionem entretanto, o treinador Joachim Low deve apresentar praticamente a mesma equipa que atraiu tanta atenção no Mundial da África do Sul.

Manuel Neuer, agora no Bayern Munique, estará na baliza. Philipp Lahm estará quase de certeza no lado esquerdo da defesa, embora seja destro e esteja a jogar novamente à direita pelo Bayern. O seu companheiro de equipa Jerome Boateng ficará nesse flanco, embora prefira jogar ao centro no seu clube. Os dois centrais serão provavelmente Metzelder e Holger Badstuber.

Os dois lugares no meio-campo defensivo serão preenchidos por Bastian Schweinsteiger, não obstante as lesões sofridas na segunda metade da época, e Sami Khedira ou Toni Kroos. Kroos, de 22 anos, regressou ao Bayern depois do empréstimo ao Bayer Leverkusen e agarrou a titularidade à segunda tentativa.

À frente dos dois médios defensivos estará Mesut Ozil do Real Madrid, acompanhado à direita por Thomas Muller do Bayern e, à esquerda, por Lukas Podolski que, apesar da época desastrosa do Colónia, está na sua melhor forma dos últimos anos.

O único ponta-de-lança deverá ser o influente mas discreto capitão de equipa Miroslav Klose. Klose, talvez para surpresa de muitos, não sentiu dificuldades em deixar a sua marca na Lazio de Roma.

ONZE PROVÁVEL: Neuer; Boateng, Mertesacker, Badstuber e Lahm; Khedira, Schweinsteiger; Muller, Ozil, Podolski; Klose.

Em termos táticos, Joachim Low vai usar o seu tradicional 4-2-3-1. Tudo isto soa a sólida continuidade. Assim é. De qualquer forma, para quem não veja a seleção da Alemanha desde o Mundial de 2010, há bastante para descobrir. Low melhorou a sua equipa de forma significativa. Nos seus melhores momentos, Klose, Muller e Ozil conseguem desenvolver um entendimento quase telepático.

Esses três, tal como Schweinsteiger, têm um sentido posicional único e Klose consegue preencher o vazio quando os médios e defesas perdem a noção de quem deve assumir responsabilidades. Os jogadores trocam de posição com naturalidade e conseguem encontrar espaços com regularidade, provando que a Alemanha aumentou o seu repertório.

Nos últimos torneios, a seleção germânica foi uma equipa de contra-ataque com bastante fé nas transições rápidas a partir da defesa. Agora, está igualmente preparada para ter sucesso em jogo de passes curtos.

Para além disso, o grupo tem uma profundidade que não tinha antes. Embora Mario Gomez pareça estático e nem sempre apto a ocupar o lugar de Klose, assumiu-se como uma máquina de golos de confiança na presente temporada.

Mario Gotze, o grande talento do Borussia Dortmund, pode jogar nas posições de Ozil ou Muller, mesmo após as várias lesões sofridas ao longo da época. Para a direita, há ainda a hipótese Marco Reus, o destaque do Borussia Moenchengladbach. Se restarem dúvidas sobre esta equipa, elas estarão sobretudo relacionadas com o centro da defesa. Mas nem essas conseguem abalar a sólida esperança alemã de ver a sua seleção conquistar de novo o título, algo que não acontece desde 1996.

* Christoph Biermann é jornalista da 11freunde.de. Este artigo está integrado na Euro2012 Network, uma cooperação entre alguns dos melhores meios jornalísticos dos 16 países participantes na competição.