Por: Francisco Sousa

Muitos se têm questionado nas últimas semanas sobre a bipolaridade do Borussia Dortmund. De facto, é estranho vermos um teórico candidato ao título a apenas dois pontos da zona de descida direta. Mais ainda se tivermos em conta que, nas outras competições, os comandados de Jurgen Klopp têm estado em grande: na Champions, lideram o grupo invictos, após três jornadas, com nove golos marcados e zero sofridos e na taça já ultrapassaram também dois obstáculos, embora ambos de divisões secundárias. A estas duas provas, podemos ainda adicionar a Supertaça, ganha ao Bayern (2-0), no começo da época oficial alemã.

 

Enquanto nos seis jogos oficiais extra Bundesliga o Borussia apenas consentiu um golo, tendo marcado 18, nas nove partidas jogadas até agora no campeonato os comandados de Jurgen Klopp já sofreram 15 golos. O aproveitamento ofensivo da equipa não se apresenta muito melhor: apenas 10 golos apontados.

 

Para o CEO do clube, Hans-Joachim Watzke, Klopp «continua a ser tão meticuloso e inovador como no dia em que chegou a Dortmund» e só ele «decidirá qual o momento em que deve sair do clube». Ou seja, parece que o treinador alemão de 47 anos continua a merecer todo o crédito das cúpulas diretivas do BvB. E além destes, também os adeptos continuam a confiar a 100 por cento em Klopp (como aliás se viu ainda esta semana, após o jogo com o St. Pauli).

 

A formação do Borussia Dortmund tem tido ao longo dos últimos anos inúmeros problemas com as lesões de algumas das peças mais importantes da equipa. Isso tem complicado a aposta num onze-base, conforme atesta o especialista em futebol internacional da Cadena Ser e do Magazine Martí Perarnau, Alberto López Frau, habituado a seguir o Borussia Dortmund: «A equipa tem tido imensos lesionados desde o início da temporada. Isto acaba por ser um handicap difícil de combater».

 

Para o jornalista espanhol, este Borussia «tem um problema quando não existem espaços para correr. Em transição são uma equipa magnífica, mas sofrem muito quando têm de elaborar jogo. São bastante previsíveis», clarifica Alberto López Frau ao Maisfutebol.

 

A solução, prossegue, «tem que ser Gündogan»: «É o único jogador capaz de dar passes curtos e em profundidade e de fazer melhorar a equipa em ataque posicional». Alberto López Frau não tem dúvidas: «A chave dos últimos anos foi a linha de três no meio-campo. No ano passado, com as chegadas de Mkhitaryan e Aubameyang, passou a ser uma equipa mais vertiginosa. É imperioso melhorar o nível no meio-campo».


 

No fundo, «Klopp terá de idealizar um plano B, para os jogos em que a equipa não tenha tantos espaços para correr. A equipa não pode ficar excessivamente dependente de Gündogan, mas Kehl e Bender não podem ter a função de criar jogo», refere ainda López Frau.

 

O Borussia tem mostrado vários problemas mais para lá da questão do centro do campo. A defesa tem vacilado imenso, o que fica atestado pelo registo defensivo na Bundesliga. Alberto López Frau confirma a baixa de forma de alguns jogadores preponderantes: «A equipa tem múltiplos problemas defensivos. Hummels está muito abaixo do seu nível habitual e até o guarda-redes Weidenfeller tem falhado».

 

Em termos ofensivos, também se notam as lacunas, sobretudo a saída de Lewandowski. No entender do jornalista espanhol, «Immobile não é um 9 puro como Lewandowski, tem um perfil distinto e a equipa sentiu essas diferenças. Para jogar em contra-ataque é útil, mas não consegue ser a referência de área que a equipa muitas vezes necessita».

 

Na Champions, a equipa tem mostrado uma melhor cara e as exibições e resultados confirmam que as motivações poderão ser diferentes. Para López Frau, «a regularidade importa um pouco menos na Europa. É uma prova de seis jornadas e acaba por ser um pouco mais simples».

 

Já neste fim-de-semana chega o compromisso com o Bayern (sábado, 17:30 horas), que se esperava, à partida, ter no Borussia o seu maior rival. Será que este jogo poderá servir como uma espécie de «Aspirina» para as dores de cabeça de Klopp? López Frau acredita que sim, embora também considere que «não irá resolver todos os problemas do Borussia Dortmund de um momento para o outro». Para o jornalista espanhol, «quando todos os jogadores se recuperarem das lesões, a equipa irá melhorar e poderá lutar pela segunda posição na Bundesliga». Uma afirmação que soa a «descrença» numa eventual reentrada na luta pelo campeonato dos comandados de Jurgen Klopp mas que reflete bem sobre quais deverão ser as prioridades do Dortmund daqui para a frente.

Enquanto isso, vem aí o Bayern-Dortmund. De qualquer forma um clássico, como resume a Bundesliga neste vídeo de lançamento do jogo.