Apesar de o título de campeão já estar entregue, a 34.ª e derradeira jornada da Liga trouxe muitas doses de emoção. Se Marítimo e Rio Ave discutiam entre eles o último lugar de acesso às competições europeias, Arouca, Moreirense e Tondela tentavam evitar fazer companhia ao Nacional na estrada para a II Liga.

Para os tondelenses repetiu-se o milagre da época anterior. De praticamente despromovida, a equipa da Beira Alta salvou-se no sprint final com cinco vitórias nas últimas seis rondas da competição, período no qual atingiu quase metade (15) dos pontos alcançados nas 28 primeiras jornadas (17). Dos três conjuntos na luta pela permanência, os homens de Pepa eram os que estavam matematicamente em posição mais desconfortável, já que nem a conquista dos três pontos na receção ao Sp. Braga eram garantia de novo final feliz.

No Minho, o Moreirense levou a melhor por 3-1 sobre um despedaçado FC Porto, que averbou o segundo desaire no campeonato e o primeiro desde a 3.ª jornada, em Alvalade com o Sporting. Teoricamente, a equipa de Petit teria pela frente uma missão espinhosa, mas acabou por realizar um jogo competente e nem foi sujeita a momentos de grande sofrimento. Um dia depois, Nuno Espírito Santo seria despedido do comando técnico dos azuis e brancos.

Com o Moreirense fora da equação, o Tondela precisava de esperar por uma ajuda do Estoril, que jogava em casa com os arouquenses. Os beirões fizeram o que lhes competia: ganharam por 2-0.

Com este resultado, um ponto ou até mesmo uma derrota pela margem mínima na Amoreira chegava para que o Arouca se salvasse. Mas tudo correu mal à equipa de Jorge Leitão, que até entrou no jogo a ganhar mas foi para o intervalo a perder por 3-2 e em inferioridade numérica, por expulsão de Hugo Basto. Aos 75 minutos, o brasileiro Gustavo Tocantins apontou o 4-2 que consumou o funeral arouquense e o milagre da permanência do Tondela, que fica na Liga por… um golo.

Lágrimas. Muitas lágrimas de alegria e de tristeza marcaram o último dia deste campeonato.

Na véspera, o Marítimo anulava a pressão do Rio Ave. Os vilacondenses precisavam de vencer o Belenenses e esperar que o conjunto insular perdesse em Paços de Ferreira. Os homens de Luís Castro levaram a melhor (2-0), mas o Marítimo cumpriu o requisito mínimo (0-0) e apanhou o último barco para a Europa com 50 pontos e direito a mariscada paga pelo treinador Daniel Ramos.

Na última jornada da Liga, os primeiros cinco lugares da competição já estavam fechados. O tetracampeão Benfica apresentou-se no Bessa em ambiente festivo. Rui Vitória deu os primeiros minutos no campeonato a Kalaica, Pedro Pereira, Hermes e Paulo Lopes. A águia voou baixinho, esteve a perder por 2-0, mas ainda foi a tempo de empatar com um golo de Kalaica ao cair do pano.

Pouco antes, o V. Guimarães era batido em casa por 1-0 pelo incrível Feirense de Nuno Manta Santos, que fechou o campeonato com 48 pontos e muito perto dos lugares europeus no primeiro ano em que conseguiu garantir a permanência após uma subida ao escalão principal do futebol português.

Do top 5 da Liga 2016/17 só o Sporting fechou a prova com uma vitória: goleada por 4-1 na receção ao Desp. Chaves com o hat-trick do holandês Bas Dost, que se despediu com a marca impressionante de 34 (!) golos.

Nota final para o já condenado Nacional. Num ano em que teve três treinadores, a equipa insular regressou à II Liga, onde já não estava desde a longínqua época de 2001/02. Os números não mentem: pior ataque (22), pior defesa (58), menor número de vitórias (4) e maior número de derrotas (21), a última delas a fechar na receção ao V. Setúbal.