Ponto forte: pressão alta
A grande virtude deste Bayer Leverkusen é a imagem de marca do seu treinador. Os mais atentos ao futebol internacional associarão Roger Schmidt a um Red Bull Salzburg que pressionava de forma muito intensa em zonas adiantadas no terreno. Essa filosofia foi levada pelo técnico para Leverkusen, e o Bayer é uma equipa que procura «asfixiar» o adversário logo na primeira fase de construção ofensiva. Uma verdadeiro «furacão».

Ponto fraco: o risco leva à descompensação
A aposta na pressão alta tem riscos, claro. Se o adversário consegue ultrapassar esse bloco defensivo com a bola controlada, ou pelo menos conseguindo mudar o jogo para uma zona de menor concentração de jogadores, a equipa do Leverkusen fica desposicionada. Depois há um «efeito dominó», que será explicado mais à frente.

A figura: Kiessling
Principal figura do clube há vários anos, soube adaptar-se muito bem às ideias do novo treinador. Apesar da sua fisionomia mostra-se incansável na pressão ao adversário em zonas adiantadas do terreno, e depois torna-se uma referência importante para definir as saídas rápidas para a baliza. Alvo incontornável de um futebol mais direto, quando a equipa ataca a partir da retaguarda, dá imenso trabalho aos defesas, que sentem tremendas dificuldades para ganhar os duelos aéreos, acabando muitas vezes por cometer falta. Marcou nove golos nos primeiros quatro jogos da época, mas agora está há seis sem festejar.

Onze base:



LENO: titular da baliza do Leverkusen há quatro épocas, já aparenta ser um guarda-redes muito experiente, mas a verdade é que tem apenas 22 anos. Fiel seguidor da escola alemã, é bastante frio na abordagem ao jogo e forte nas «manchas», para além de mostrar relativo conforto a jogar com os pés.

JEDVAJ: emprestado pela Roma, o defesa croata de apenas 18 anos jogou a central nos últimos três encontros, mas apenas devido a algumas lesões de colegas, uma vez que vinha de cinco jogos consecutivos a lateral direito. Tem aparecido bem no ataque, já com dois golos marcados (mais um na própria baliza) e uma assistência. Forte nos duelos individuais a nível defensivo, nem tanto assim no plano ofensivo, mas competente no passe. Destaque ainda para o seu lançamento lateral, com elevado alcance.

TOPRAK: saiu lesionado da visita ao Mónaco e falhou os dois jogos seguintes, mas no passado sábado regressou como suplente utilizado, e na receção ao Benfica deve recuperar a titularidade. Joga habitualmente como central do lado direito e procura compensar as subidas no terreno de Jedvaj.

SPAHIC: a expulsão no último jogo confirma que é um jogador agressivo, por vezes em excesso, mas que aos 34 anos ainda conserva frescura física para corresponder ao estilo de jogo da equipa.

BOENISCH: lateral forte fisicamente mas também algo lento, que arrisca pouco no ataque, embora tenha duas assistências, até por errar muitos passes na primeira fase de construção. Falhou o último jogo por lesão e está em dúvida para o Benfica.

BENDER: começou a época como suplente mas entrou para o «onze» por força da lesão do capitão Rolfes. Não é tão posicional, no apoio aos centrais, mas em contrapartida tem mais «pulmão» para pressionar a meio-campo.

CASTRO: polivante, tem sido utilizado por Roger Schmidt no «duplo pivot» de meio-campo, embora com mais liberdade do que Rolfes ou Bender. Também em dúvida para o encontro com o Benfica, devido a lesão, é um elemento de grande importância na manobra da equipa alemã, pela forma como concilia rigor tático com capacidade técnica na vertente ofensiva.

BELLARABI: está de regresso ao Leverkusen após um empréstimo ao Braunschweig, clube que já tinha representado anteriormente, e tem sido uma das peças mais influentes da equipa. Muito rápido e dinâmico, desempenha um papel fundamental na pressão exercida em terrenos adiantados, e depois é muito vertical a sair para a baliza contrária. Tão direto que frente ao Borussia Dortmund apontou o golo mais rápido da história da Bundesliga (nove segundos).

ÇALHANOGLU: indiscutivelmente a melhor contratação do Leverkusen. Recrutado ao Hamburgo, o internacional turco (nascido na Alemanha) é um médio ofensivo de grande qualidade técnica, muito forte no último passe e na cobrança de bolas paradas. Tem já quatro assistências para golo e dois tentos apontados.

SON: também foi recrutado ao Hamburgo, mas um ano antes. O internacional sul-coreano joga habitualmente pela esquerda, mas sempre muito perto do ponta de lança, até porque a sua principal virtude é a capacidade de finalização. É o segundo melhor marcador da equipa, com cinco golos.

Outras opções:
Caso se confirme a ausência de Castro, no jogo de quarta-feira, o técnico Roger Schmidt deve manter o «gigante» Reinartz ao lado de Bender, a meio-campo. Com rotinas de central, é um jogador mais posicional, mais fixo, e Bender passa a fazer a ligação ao setor ofensivo.
O outro jogador em dúvida é o lateral esquerdo Boenisch, que se não recuperar será substituído pelo brasileiro Wendell, contratado esta época, e que já foi titular no último encontro (pela terceira vez). É um lateral mais rápido, mais ofensivo, mas também menos sólido defensivamente.
Tudo indica que Toprak estará à disposição, mas se assim não for Schmidt terá de puxar Jedvaj para essa posição, como tem acontecido. Reinartz tem sido necessário a meio-campo e o grego Papadopoulos, emprestado pelo Schalke, tem estado lesionado. Se Jedvaj jogar ao centro, o lado direito da defesa será discutido pelo italiano Donati ou pelo alemão Hilbert, que fez os dois últimos jogos.
As outras opções para o meio-campo são os jovens Öztunali (alemão, dezoito anos) e Yurchenko (ucraniano, 20 anos), e na frente de ataque o possante Drmic, internacional suíço de 22 anos, ou o australiano Kruse, que ainda não jogou esta época.

Análise detalhada:

Depois um início de época de grande nível, com cinco vitórias consecutivas, o Bayer Leverkusen perdeu algum gás nas últimas semanas, e nos últimos cinco encontros só conseguiu um triunfo. Uma quebra claramente associada às várias lesões que têm atingido o plantel, e que têm condicionado ainda mais as opções do técnico Roger Schmidt, sendo que o grupo de trabalho já era algo limitado no que diz respeito às alternativas.

Perante isto, e com o calendário a começar a apertar, a equipa tem sentido dificuldades para manter o registo inicial, alicerçado numa pressão asfixiante logo à saída da área do adversário. Organizado defensivamente em 4x4x2 - ou 4x2x4 -  [imagem A da galeria acima apresentada] , o Leverkusen acelera a pressão assim que a bola sai da área contrária  [imagem B]

Este é o ponto principal da filosofia de jogo do Leverkusen, que procura provocar o erro do adversário, e depois, aproveitando um mau passe ou um desarme, sair com grande verticalidade para a baliza. O Leverkusen pressiona em bloco, com enorme disponibilidade dos elementos mais adiantados – o trabalho de Kiessling, por exemplo, é formidável -, e depois suportado pelo meio-campo, que também encosta logo nas possíveis linhas de passe, e por uma defesa que sobe no terreno para que o bloco seja o mais coeso possível.

É uma estratégia que vai testar alguns dos principais problemas do Benfica nesta fase (a saída de bola de Jardel ou o papel de Samaris na construção de jogo), mas que tem também muitos riscos. A equipa do Leverkusen concentra muitos jogadores na zona onde está a bola, e por isso deixa muito espaço nas costas, ou num dos flancos, quando a bola está a ser disputada no lado oposto  [imagem C] . Uma equipa que consiga uma circulação de bola segura ao ponto de sair desta pressão, ou em contrapartida que seja eficaz num estilo mais direto, a «queimar» etapas, pode explorar as debilidades da formação alemã. Ao ver-se ultrapassado na pressão inicial que faz, o Leverkusen entra em descompensação, pois a ocupação de espaços tem de ser repensada e o plano B não passa por recuperar posições em zonas recuadas, mas sim continuar a sair em pressão sob o portador de bola. Um lateral ou um central do Leverkusen não tem qualquer condicionalismo para abdicar da sua posição, mesmo que seja correta em termos de equilíbrio, para atacar o portador da bola. É uma espécie de «efeito dominó», que por vezes termina com todas as peças caídas. Perante isto é normal que a maior parte dos golos sofridos de bola corrida sejam resultantes de transições rápidas. Mais do que erros na construção dos ataques, tratam-se de situações em que a pressão não resulta. 

Para além de que esta é uma estratégia que se torna fisicamente impossível prolongar, ao longo de todo o jogo, a intensidade com que o Leverkusen pressiona normalmente numa fase inicial. À medida que o cronómetro avança a pressão tende a diminuir, e a vida do adversário fica facilitada. Para além da tal dificuldade para manter a intensidade quando o calendário aperta, e ainda para mais com várias lesões, como já referido.

Quando não consegue pressionar desta forma a equipa do Leverkusen sente-se desorientada. Não tanto a defender, pois acaba por ser fácil «mudar o chip» para uma defesa mais recuada e mais posicional. As dificuldades até se acabam por notar mais no plano ofensivo, pois a equipa não é muito eficaz a construir jogo a partir da defesa, e acaba por recorrer muito ao jogo direto para Kiessling, que em todo o caso segura muitas bolas, sempre com os médios ofensivos à espera das «segundas bolas»  [imagem D] , e também conquista muitas faltas.

A esse propósito refira-se que o Leverkusen marcou 6 dos 24 golos de bola parada  [imagens E, F e G] , e tem dois jogadores muito fortes na cobrança desse tipo de lances. Sobretudo Çalhanoglu, que já tem dois golos de livre direto, mas também Castro. O Leverkusen apresenta frequentemente jogadas de laboratório, como cantos cobrados para um jogador que está fora da área e que depois cruza largo para a entrada de um jogado que, inicialmente, nem estava no interior da área; ou um livre com dois jogadores à frente da bola, de costas para baliza, e um deles dá um toque lateral para depois ser realizado o cruzamento ao segundo poste.