O título remete para o genérico de abertura da famosa série de animação centrada no pequeno «Vickie (ou Wickie), o viking», aqui adaptado ao nome do treinador do Basileia, Raphael Wicky, que cumpre a primeira época no comando de uma equipa sénior.
Em abril, ainda antes de garantir matematicamente o octacampeonato, o Basileia decidiu não renovar contrato com o técnico Urs Fischer, que sairia depois como bicampeão. Raphael Wicky foi promovido da equipa de sub-21, mas até aqui venceu apenas metade dos jogos disputados (seis vitórias, às quais se somam dois empates e quatro derrotas).
Se o desaire em Old Trafford (3-0), na ronda inaugural da Liga dos Campeões, acaba por ser normal, já o quarto lugar na Liga suíça, a seis pontos do líder, Young Boys, é um cenário pouco habitual.
Este arranque inseguro não pode ser dissociado de um mercado penalizador para Wicky, desde logo pela saída dos três melhores marcadores da época passada: Seydou Doumbia (21 golos), agora no Sporting; o ex-portista Marc Janko (15 golos), que rumou ao Sparta Praga; e o capitão Matías Delgado (12 golos), que pendurou as chuteiras já depois do arranque oficial da temporada. O novo treinador do Basileia ficou ainda privado de Adama Traoré (ex-V. Guimarães), e em sentido inverso recebeu apenas o ex-sportinguista Ricky van Wolfswinkel como reforço sonante.
É também por isto que Raphael Wicky tem sentido dificuldades para estabilizar a equipa taticamente. O antigo internacional suíço começou a época em 4x2x3x1 (Delgado fez o primeiro jogo), mas desde então a aposta mais frequente tem sido um esquema com três centrais. Normalmente em 3x4x3, com dois extremos no apoio a Wolfswinkel, mas ocasionalmente também em 3x5x2, com um apoio mais próximo do holandês.
Onze base:
O próximo adversário europeu do Benfica não se sente muito confortável a assumir o domínio dos encontros, e a prova disso é que apenas cinco dos dezassete golos marcados surgiram em ataque organizado. Menos do que em situações de transição rápida (seis) ou lances de bola parada (outros tantos).
A estratégia passa por adiantar bastante os alas e pedir aos extremos que procurem jogo por dentro, onde Wolfswinkel também está constantemente a procurar criar linhas de passe, mas o caudal de jogo interior é muito limitado.
Neste capítulo a equipa está muito dependente da qualidade de passe do esquerdino Zuffi, uma espécie de «quarter back» ao lado de Taulant Xhaka. O primeiro está lá para levantar a cabeça e traçar os caminhos para a baliza contrária, o segundo oferece maior disponibilidade física e chega a zonas mais adiantadas, seja a conduzir a bola ou para pressionar o adversário.
A alternativa passaria por um jogo exterior de qualidade, algo que Lang e Riveros não conseguem assegurar, o que “condena” a equipa a um futebol mais direto.
O Basileia está mais confortável a explorar os erros do adversário, que tenta forçar em zonas adiantadas. A linha intermédia joga bastante adiantada, colada à primeira barreira, para tentar condicionar cedo os ataques contrários.
O reverso da medalha é o espaço que fica depois entre a linha intermédia e a mais recuada, que pode ser aproveitado pelo Benfica.
No que diz respeito às bolas paradas, o Basileia tem seis golos marcados desta forma, conforme já referido, mas três correspondem a penáltis de Wolfswinkel e houve ainda um livre direto de Xhaka. Nenhum dos golos de bola parada foi apontado de cabeça, pelo que a equipa não costuma tirar proveito do jogo aéreo neste contexto, ainda que Suchy, Akanji e Lang sejam nomes a ter em conta.
No plano defensivo a formação suíça sofreu quatro golos de bola parada, mas três surgiram de livre direto (dois de cobrança direta e um na recarga a uma defesa de Vaclik). O outro tento de bola parada surgiu de canto, em Old Trafford, e foi apontado por Romelu Lukaku.
A figura: Ricky van Wolfswinkel
O destaque podia ir para Elyounoussi, o jogador mais imprevisível no último terço (um golo e três assistências), mas o internacional norueguês falhou o último jogo e está em dúvida para a receção ao Benfica. A escolha recai assim em Ricky van Wolfswinkel, melhor marcador da equipa. O antigo jogador do Sporting tem sete golos apontados em onze jogos (três dos quais de penálti). O holandês nunca foi propriamente um «predador de área», e pelo estatuto que tem na equipa sabe que a influência deve ser mais abrangente do que isso. Muito móvel, Wolfswinkel procura criar linhas de passe no corredor central, nem que para isso tenha de recuar consideravelmente no terreno.