Um ano e meio após ter sido contratado ao Boavista, Petar Musa deixou o Benfica para rumar ao Dallas FC, da MLS. De águia ao peito, o avançado croata raramente foi primeira opção – foi titular em apenas 15 dos 66 jogos nos quais participou – mas destacou-se, ainda assim, pela capacidade goleadora no pouco tempo de jogo que tinha habitualmente.

Em época e meia, Musa somou 17 golos num total de 2.008 minutos, o que dá uma média de um remate certeiro a cada 118 minutos: registo melhor, à exceção do recém-contratado Marcos Leonardo, do que o de qualquer outro avançado ponta de lança dos encarnados.

Mas qual foi realmente o peso dos golos do avançado de 25 anos nos resultados do Benfica?

Na Liga portuguesa, por exemplo, Musa marcou 12 golos. Desses, apenas dois surgiram numa altura em que a equipa de Roger Schmidt não estava em vantagem: numa das raras titularidades na época passada, diante do Estoril na Amoreira, quando inaugurou o marcador aos 25 minutos na goleada por 5-1. E na deslocação a Vizela, quando inaugurou o marcador na difícil vitória por 2-1. Mas nunca (leia-se jogos da Liga) um golo de Musa impediu uma derrota ou deu um triunfo aos encarnados.

De resto, o Benfica já liderava em todas as outras ocasiões em que o avançado inscreveu o nome na lista dos goleadores, mas isso não significa que o destino dos jogos já estivesse traçado. Foi quase sempre assim, mas nem sempre. Em Vizela, sem o golo inaugural de Musa, o epílogo poderia ter sido outro ou, semanas antes, o golo de Musa, que fez o 3-1 já em tempo de compensação, revestiu-se de maior importância porque logo a seguir o Gil Vicente reduziu para 3-2.

Os números de Petar Musa na Liga portuguesa (SofaScore)

Se colocarmos as outras competições em análise, a importância do avançado dos Balcãs cresce. Inaugurou o marcador numa vitória tangencial sobre o Estrela para a Taça da Liga por 3-2 na época passada; na eliminatória da Taça com o Caldas (também em 2022/23), na qual assinou o único golo do Benfica, que viria a eliminar a equipa da região do Oeste só no desempate por penáltis; na goleada ao Maccabi Haifa por 6-1 (um golo, que seria marcado por João Mário, fez a diferença para que os encarnados passassem o grupo em primeiro à frente do PSG); e no empate a três com o Inter (2.ª mão dos quartos da Champions em 2022/23), no qual fez o golo que nada mudou na eliminatória, mas que permitiu à equipa de Schmidt arrancar um empate no Giuseppe Meazza.

Musa melhor a sair do banco?

É uma afirmação muitas vezes repetida por adeptos e analistas do fenómeno. E, de facto, os números sustentam-na.

Os 2.008 minutos do croata no Benfica dividem-se desta forma: 943 minutos em jogos a titular; 1.065 a saltar do banco. Se por aqui há quase um «empate técnico», no que a golos diz respeito o Musa suplente bate o Musa titular por KO: são 13 golos (um golo a cada 82 minutos) face a apenas quatro (um golo a cada 236 minutos) nos jogos no quais o ponta de lança alinhou de início.

Vários factores podem justificar a disparidade dos números: o contexto dos jogos, a maioria deles já resolvidos, ou os adversários a terem de assumir mais riscos em busca do resultado terão sido favoráveis às características de Musa, que se habituou a fazer muito no pouco tempo de jogo que foi tempo de águia ao peito.