O Benfica é campeão nacional e o primeiro lugar isolado da Liga 2014/15 foi agarrado pela equipa encarnada logo à quinta jornada – posição que não largou mais. Dos três campeonatos que Jorge Jesus ganhou – onde se incluem, além desta, as épocas 2009/10 e 2013/14 – este foi aquele em que o clube da Luz mais cedo ocupou o posto de comandante sem voltar a perdê-lo.

Esta comparação envolvendo o novo título e os outros é um mote para referir semelhanças e diferenças entre as três faixas de campeão nacional que Jorge Jesus ganhou com o Benfica. Nesta primeira referência, o campeonato ganho nesta época está em perfeito contraste com os dois anteriores. Se em 2013/14 o Benfica agarrou o comando para não mais o largar no arranque da segunda volta, em 2009/10 só o conseguiu no último terço da prova.

Jorge Jesus teve o Sp. Braga como maior adversário do seu primeiro título de campeão nacional. E os bracarenses começaram a mostrar ao que iam logo desde a primeira jornada da Liga 2009/10 sendo a única equipa a ganhar. À terceira ronda, os minhotos mantinham o comando vendo o Benfica começar a perseguição na vice-liderança.

E foi a um grande duelo entre os dois clubes que se assistiu não tendo o campeonato tido como comandante outro que não um destes dois; em várias jornadas com ambos lado a lado. O Sp. Braga agarrou a liderança isolada até à sétima jornada sendo apanhado pelo Benfica pela primeira vez na ronda seguinte. O meio do campeonato foi caracterizado pelas fugas dos minhotos e pelas colagens dos lisboetas.

Só à 20ª jornada da Liga 2009/10 o Benfica da estreia de Jorge Jesus agarrou o primeiro lugar isolado – que nunca mais deixou de sê-lo. No final de contas, o Benfica campeão esteve as mesmas 11 jornadas sozinho no comando que o Sp. Braga de Domingos ocupou; as outras oito rondas tiveram ambos a repartirem a liderança.



Em 2013/14 foi um pouco diferente. Não só a luta pelo título foi mantida a três ainda durante o último terço da prova, mas só no começo da segunda volta é que os encarnados arrancaram para nunca mais serem apanhados. Depois de duas jornadas em que várias equipas foram repartindo o comando, o FC Porto foi o primeiro líder isolado à terceira ronda – estava o Benfica na 11ª posição.

A equipa de Jesus foi recuperando terreno paulatinamente. E à 11ª jornada chega-se à frente. A corrida foi a três e não só os dragões caíram para o terceiro lugar como o primeiro posto passou a ser ocupado não só pelo Benfica, mas também pelo Sporting. Os leões conseguiram ficar isolados na ronda seguinte num campeonato de grandes emoções e impróprio para nervosismos: os encarnados desceram ao terceiro lugar com o FC Porto no meio do pódio.

O equilíbrio não podia ter ficado mais bem exibido do que com as três equipas a repartirem o comando na última jornada da primeira volta. É, então, à 15ª ronda que o Benfica dispara para não mais largar o lugar do título. O FC Porto caiu primeiro, o Sporting pisou os calcanhares aos encarnados praticamente até ao fim.

Em 2013/14, o Benfica assegurou o campeonato na antepenúltima jornada. Em 2009/10 só o tinha vencido na derradeira ronda. Nesta época, como que ficou pelo meio e garantiu o título à penúltima jornada. Tendo em conta que esta Liga 2014/15 tem mais quatro jornadas do que as 30 das outras duas, devido ao alargamento do campeonato, verificam-se semelhanças entre os três títulos ganhos por Jesus quando se atenta à pontuação do Benfica: 2009/10, 76 pontos (24V, 4E, 2D); 2013/14, 74 pontos (23V, 5E, 2D); 2014/15, 75 pontos (24V, 3E, 3D – também só até à 30ª jornada).



Na presente época há grandes diferenças quanto ao anúncio do líder que confirmaria ser o campeão. Desta vez, o Benfica agarrou o comando à quinta jornada e não mais o largou até garantir neste domingo que o primeiro lugar do campeonato já é seu a uma ronda do fim. A luta a três durou sensivelmente o mesmo tempo na proporção das jornadas, mas não a mesma alternância de comandantes como no anterior título ganho por Jesus.

O Benfica deixou o grupo dos líderes iniciais à terceira jornada depois do empate em Alvalade, mas, na ronda seguinte, igualou os comandantes e, na quinta jornada, isolou-se no primeiro lugar. O Benfica chegou a ter seis pontos de vantagem no comando (à 13ª jornada, quando ganhou 2-0 no Dragão) sobre o vice-líder (que era o FC Porto).Não conseguiu manter essa vantagem, mas acabou por também não permitir que alguém ficasse a menos de três pontos.

O empate com o FC Porto na Luz (0-0) garantiu isso. Com vantagem no confronto direto, as faixas de campeão ficaram entregues a uma jornada do fim da Liga 2014/15. Também com a temporada anterior há semelhanças nos jogos com o segundo classificado, pois o Benfica empatou em Alvalade e ganhou na Luz ao Sporting. Mas, frente ao Sp. Braga, na época em que o Benfica só foi campeão na derradeira jornada, a equipa de Jesus tinha perdido 2-0 no Minho e ganho apenas 1-0 na Luz.

Em comum com os três títulos de campeão nacional que Jorge Jesus conseguiu no Benfica, há três jogadores que fizeram também esse «tri» com o treinador português: Ruben Amorim, Maxi Pereira e Luisão (sendo que o capitão dos encarnados já fazia parte da equipa campeã nacional de 2004/05 comandada por Giovanni Trapattoni).



Nestas suas caminhadas para o título nacional, Jorge Jesus acabou também por mostrar constância na gestão numérica do plantel (a despeito de contingências clínicas que se lhe apresentaram ou de decisões diretivas quanto ao grupo de trabalho com que podia contar).

Na primeira época de campeão, o treinador português utilizou um total de 26 jogadores na Liga. Já na última temporada, Jesus elevou esse número para 31, mas, aqui houve outros fatores que devem ser introduzidos: com a final da Liga Europa e da Taça de Portugal ainda por disputar, Jorge Jesus estreou cinco jogadores na última jornada de uma Liga que já tinha ganho – fazendo descansar os titulares que voltariam à equipa nas decisões seguintes.

Nesta época, a equipa do Benfica realizou menos jogos do que nos anos anteriores (contando com todas as competições), mas, com um campeonato a 34 jornadas, Jesus já utilizou 28 jogadores do plantel quando ainda falta o jogo da consagração na Luz do já campeão nacional 2014/15.

O Benfica 2014/15 vai ser o campeão mais concretizador (em absoluto) de golos dos três comandados por Jorge Jesus: tem agora 82. Mas (de forma relativa) foi a equipa campeã em 2009/10 a que marcou mais golos no final da 30ª e última jornada: 78 golos. No atual campeonato de 34 jogos, à 30ª ronda, os encarnados tinham 73 golos marcados.

A época menos concretizadora do Benfica campeão de Jesus foi a de 2013/14, quando a equipa marcou apenas 58 golos. Mas em qualquer das três épocas, o clube da Luz juntou sempre ao título de campeão o melhor ataque da prova.

Já no aspeto defensivo, há todo o tipo de registos. Se na primeira temporada de Jesus campeão, o Benfica ficou igualado ao Sp. Braga com 20 golos sofridos por ambos, em 2013/14, os encarnados foram a melhor defesa sofrendo 18 golos – menos dois do que o Sporting. Mas, já neste ano, o Benfica concedeu 15 golos (os que já tinha à 30ª jornada), enquanto o FC Porto é a melhor defesa com 13 golos sofridos (12 com 30 rondas jogadas).