PONTO FORTE: versatilidade ofensiva

O Zenit é uma equipa com elevado poder de fogo ofensivo, seja qual for o caminho escolhido para o golo. É particularmente venenosa em transição rápida, muito por força do poder de fogo de Hulk, mas também da velocidade de Danny e Shatov. Em ataque organizado revela também poder elevado, com uma posse de bola segura e paciente até aparecer o momento certo para desferir um golpe no adversário. Para além disto ainda revela soluções variadas ao nível das bolas paradas, tanto no jogo aéreo como na cobrança direta, através de executantes como Hulk ou Garay.   

PONTO FRACO: desequilíbrio defensivo

O impacto ofensivo do Zenit anda muitas vezes de mãos dadas com o desequilíbrio defensivo. Melhor ataque da Liga russa (com 34 golos marcados), a equipa de André Villas-Boas tem apenas a sexta melhor defesa da prova (26 tentos sofridos). Uma instabilidade que, na verdade, começa logo nos elementos mais adiantados, como será depois analisado.

A FIGURA: HULK

Onze golos e dezasseis assistências em 23 jogos disputados, que atestam a influência no rendimento ofensivo do Zenit e na própria identidade da equipa, enquadrada no potencial do antigo jogador do FC Porto. Teve assim uma participação direta em 27 dos 56 golos da equipa, entre golos e assistências, o que equivale a um peso de quase 50 por cento (48 por cento). Menos requisitado para ponta de lança com a chegada de Dzyuba (e agora também há Kokorin), tem jogado quase sempre a partir do flanco direito, embora com a tradicional liberdade para procurar zonas interiores (com ou sem bola). Verdadeira força da natureza, a potência do brasileiro até foi hiperbolizada em alguns vídeos produzidos pelo Zenit, mas a verdade é que o rendimento da equipa russa está muito associada ao que sai do caldeirão de Hulk, uma espécie de Obélix da elite do futebol europeu.

ONZE BASE

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Outras opções:

41. Mikhail Kerzhakov. Irmão de Aleksandr Kerzhakov, antigo avançado do Zenit, o guarda-redes de 29 anos voltou ao emblema de São Petersburgo esta época e já foi utilizado em seis ocasiões, com rendimento positivo.

13. Luís Neto. Muitas vezes colocado na porta de saída, continua a assumir o papel de «bombeiro» com profissionalismo. Alternativa à dupla Garay-Lombaerts, por vezes é requisitado também para jogar como lateral ou mesmo médio defensivo, na ausência de Javi.

19. Igor Smolnikov. Lateral ireito mais ofensivo do que Anyukov (quatro golos marcados), mas indisponível devido a lesão, uma vez que foi operado recentemente.

5. Aleksandr Ryazantsev. Alternativa para o miolo, já com 29 anos. Jogador de equilíbrios. Um golo marcado e três assistências em 19 jogos, mas apenas 4 como titular.

8. Maurício. Médio brasileiro de 27 anos, contratato em janeiro ao Terek Grozny para ser uma alternativa a Javi García, essencialmente, embora também possa assumir o papel de Witsel.

14. Artur Yusupov. Médio de 26 anos recrutado ao Dinamo de Moscovo no início da época, já chegou à seleção russa. Não faz parte do onze habitual mas fez quinze jogos como titular.

20. Viktor Fayzulin. Operado ao joelho, só deve voltar à competição em maio.

81. Yuri Zhirkov. Internacional russo de 32 anos, passou por CSKA de Moscovo, Chelsea, Anzhi e Dinamo de Moscovo. Reforço de inverno, pode jogar como médio esquerdo, mas deve discutir o posto de lateral esquerdo com Criscito.

9. Aleksandr Kokorin. A contratação de inverno mais sonante do Zenit. Internacional russo, o avançado de 24 anos era um símbolo do Dinamo de Moscovo e passa a constituir uma alternativa muito valiosa para o ataque.

ANÁLISE DETALHADA

DOIS MESES DEPOIS... Um dado relevante a ter em conta para este duelo entre Zenit e Benfica é o tempo de paragem da equipa russa, motivado pela paragem de inverno. A formação orientada por André Villas-Boas não joga oficialmente desde 9 de dezembro. O Zenit não terá o desgaste acumulado pelo Benfica nas últimas semanas, mas também pode acusar falta de ritmo competitivo, apesar dos vários particulares disputados.

A VERSATILIDADE EM NÚMEROS. A já referida versatilidade ofensiva do Zenit traduz-se em números. Como é natural a equipa russa marca sobretudo em ataque organizado (54 por cento), mas revela também uma parcentagem elevada de tentos em transição rápida (21 por cento) e de bola parada (25 por cento).

EXTREMOS POR DENTRO. Hulk e Shatov funcionam como falsos extremos, uma vez que aparecem muito no corredor central, bem próximos de Dzyuba e Danny. A largura é dada pelos laterais, nomeadamente à direita (sobretudo com Smolnikov).

Hulk e Shatov jogam muito por dentro, bem perto de Dzyuba, na zona entre lateral e central
Hulk no corredor central e Anyukov a dar largura pela direita

PONTO DE DESEQUILÍBRIO. Os três médios ofensivos do Zenit aparecem frequentemente em terrenos próximos. Sobretudo no corredor central, mas por vezes também coincidem no flanco. Isto pode criar superioridade numérica nessa zona, mas pode funcionar também como um ponto de desequilíbrio se a equipa adversária consegue recuperar a bola e fugir rapidamente a essa zona de pressão, virando o jogo para o flanco contrário.

Hulk, Danny e Shatov coincidem no lado esquerdo, com Javi e Witsel também por ali. O Lyon sai da zona de pressão e explora o flanco oposto

DEFESAS EM FALTA. O Zenit permite muitas vezes que o jogo deixe a equipa partida em dois blocos. De um lado o quarteto defensivo e Javi, do outro os três médios ofensivos e o ponta de lança (Witsel tanto é apanhado de um lado como do outro). A formação russa acaba por acautelar as transições rápidas, uma vez que a linha mais recuada raramente se desfaz, mas ressente-se mesmo em organização defensiva, na medida em que o adversário chega facilmente a zonas adiantadas, dada a escassa oposição de elementos como Dzyuba, Hulk ou Danny. Apanhada muitas vezes em inferioridade numérica nesse momento, a equipa tenta proteger-se com uma postura muito posicional e demasiado contemplativa junto à sua área. Pouco pressionados, os adversários têm assim mais facilidade para criar situações de perigo.

O Zenit começa por organizar-se defensivamente em 4x4x2...
...mas muda rapidamente para 4x5x1 com o recuo do «10» (Danny)
A ineficácia da primeira linha defensiva obriga muitas vezes Javi e Witsel a exercerem pressão mais adiante, o que cria um fosso para o quarteto defensivo

RESERVADOS PARA A TRANSIÇÃO. Frequentemente desligados da organização defensiva, jogadores como Hulk ou Danny acabam por ficar em «terreno neutro», numa posição privilegiada para explorar aquela que é a sua especialidade: as transições rápidas. Daí que o Zenit sinta-se particularmente confortável quando está em vantagem no marcador, esforçando-se por reforçar a coesão defensiva ao mesmo tempo que vai espreitando os contra-ataques.

DZYUBA NÃO É SÓ ÁREA. Com 1,96m de altura, o ponta de lança do Zenit e da seleção russa é um jogador muito forte no jogo aéreo e possante. Difícil de controlar na grande área, por isso mesmo, mas também influente em zonas mais recuadas. Inclusive no meio-campo defensivo, quando serve de referência para a equipa sair da pressão, segurando a bola enquanto permite a subida de jogadores mais talhados para a condução de bola em velocidade.