À quinta jornada, a Liga portuguesa começa a definir tendências. Em relação a idêntico momento da época passada, há mais público, menos golos e mais dificuldades para vencer fora de casa. Os resultados desta jornada ajudaram a reforçar maior equilíbrio nos dois pólos da classificação. E já começa a ser possível ver quem melhora o desempenho e quem está pior do que na época passada. Com algumas surpresas pelo meio.

Começando pelos golos, um registo para a pequena história: o penálti de Lima, na Luz, foi o 100º tento marcado nesta edição da prova, a que se juntaram mais oito nos jogos de Barcelos e de Coimbra. O total, de 108 em 45 partidas, não entusiasma: corresponde a uma média de 2,40 por jogo, bem inferior aos 2,60 de média, registados à quinta jornada da época passada, quando havia um jogo a menos por jornada.

No que se refere aos ataques, a primeira surpresa: o Rio Ave tem o mais eficaz, com 13 golos em cinco jogos, graças em grande parte às goleadas sobre Estoril (1-5) e Boavista (4-0). A equipa de Pedro Martins fez golos em todos os seus jogos e soma mais sete tentos do que há um ano por esta altura. Ainda melhor o registo global do V. Guimarães, que marcou mais seis golos este ano e sofreu menos três, para um saldo global de 9 golos positivos, na comparação com a época passada.

De entre os três grandes, o Benfica é o único que melhora as contas globais: marcou mais quatro e sofreu menos três do que em 2013/14. Já o FC Porto, que melhorou no aspeto defensivo (menos dois golos sofridos), piorou sensivelmente no ataque. E o Sporting, que mantém a eficácia na defesa em valores idênticos, perdeu capacidade goleadora: apesar do triunfo folgado em Barcelos, são menos cinco golos do que há um ano por esta altura. Exatamente um por jogo, com o efeito Montero a explicar grande parte da coisa.

Uma última referência positiva para o Belenenses (melhoria de sete golos, entre ataque e defesa) e destaques negativos para Estoril e V. Setúbal (cada um com menos seis no saldo) e, principalmente, Gil Vicente (menos nove), os que mais perderam de um ano para o outro.

Comparação entre o saldo de golos:

Benfica (+4 marcados e -3 sofridos) +7
V. Guimarães (+6 e -3) +9
FC Porto (-4 e -2) -2
Rio Ave (+7 e +1) +6
Belenenses (+3 e -4) +7
Sporting (-5 e =): -5
Marítimo (-1 e -3): +2
Sp Braga (-2 e -1): -1
Arouca (= e -3): +3
Paços Ferreira (+1 e -3) +4
Estoril (-3 e +3) -6
Nacional (-1 e =) -1
V. Setúbal (-5 e +1) -6
Académica (+2 e -2) +4
Gil Vicente (-2 e +7) -9

*Moreirense, Boavista e Penafiel não estavam na I Liga há um ano.

Mais difícil ganhar fora de portas

As maiores goleadas da Liga, até ao momento, aconteceram com triunfos dos visitantes (Benfica no Bonfim, 5-0 e Rio Ave na Amoreira, 5-1). Mas a tendência é para tornar mais rara a vitória dos visitantes: apenas 12 em 45 jogos (27% do total), contra números acima dos 30 por cento na época passada. Os visitados ganharam 20 vezes (44 por cento) e registaram-se 13 empates, dos quais apenas dois sem golos (Moreirense-Sp. Braga e FC Porto-Boavista).

O FC Porto, que tem a melhor defesa da prova, com apenas um golo sofrido, foi o primeiro grande a ficar em branco esta época. Apesar do início encorajador, a equipa de Lopetegui chega a esta fase da época com menos dois pontos do que há um ano, quando liderava de forma isolada. Idêntico registo para o Sporting (que tem menos dois pontos com Marco Silva do que com Leonardo Jardim) num dado que acentua o picante para o clássico da próxima sexta-feira. De entre os três grandes, o Benfica, que lidera isolado à quinta jornada, algo que não lhe acontecia há dez anos, é o único a ter melhor registo do que há um ano. A maior subida de rendimento, essa vai para o Belenenses, com mais sete pontos do que à quinta jornada da época passada, enquanto o Gil Vicente foi quem mais perdeu (menos seis).

Comparação de pontos com a 5ª jornada da época passada:

Benfica, 13 (+3)
V. Guimarães, 11 (+4)
FC Porto, 11 (-2)
Rio Ave, 10 (+3)
Belenenses, 10 (+7)
Sporting, 9 (-2)
Marítimo, 9 (+2)
Sp. Braga, 8 (-4)
Arouca, 7 (+1)
Paços Ferreira, 5 (+4)
Estoril, 5 (-3)
Nacional, 4 (-3)
V. Setúbal, 4 (=)
Académica, 3 (-1)
Gil Vicente, 1 (-6)

Três grandes ganham espectadores

Por fim, o outro indicador relevante para este arranque de Liga prende-se com a afluência de espectadores aos estádios. Aí, as notícias são boas: os 45 jogos realizados até agora levaram 515200 adeptos às bancadas, média de 11448 por jogo. São quase mil a mais do que no ano passado por esta altura (média de 10578 em 40 jogos), com os três grandes obviamente destacados na liderança.

O Benfica soma 47186 de média nos três jogos que recebeu (no ano passado a média foi de 43613) enquanto o FC Porto regista 38251 de média em três partidas, mais 10 mil do que há um ano. O Sporting, que acolheu apenas dois jogos, tem média de 36366 (mais 3 mil do que há um ano), antes de um clássico com o FC Porto que, seguramente, vai fazer subir esse valor.

Sem surpresa, o Benfica-SPorting da terceira jornada foi o jogo com mais espectadores (61.895), seguido do FC Porto-Marítimo da primeira jornada (48.036). 

Por fim, uma evidência: há mais equilíbrio nos dois pólos da tabela: há um ano havia cinco pontos a separar o primeiro e o quinto, desta vez são apenas três. E são também três pontos que separam os seis últimos, quando há um ano eram cinco.