Em iniciativa lançada pelo «Guardian», e que conta com a participação do Maisfutebol, foi preparado um «mini-guia» dos grupos do Mundial2018, no qual os textos de cada seleção foram, salvo algumas exceções, elaborados por jornalistas desses mesmo países.

O sorteio da fase final começou a definir equilíbrios de força e os próximos seis meses são de afinações para todas as seleções. O que se segue é uma apresentação, grupo a grupo, das 32 seleções, vistas de dentro.

Neste artigo a apresentação do Grupo G

Bélgica

A Bélgica teve um passeio tranquilo na qualificação e bateu todo o tipo de recordes no caminho para a Rússia: terminou invicta, conseguiu 28 pontos em 10 jogos, marcou 43 golos e Romelu Lukaku tornou-se o melhor marcador de sempre da seleção. No entanto, os últimos dois particulares, em especial o empate com o México (3-3) deixaram os adeptos, comentadores e jogadores preocupados.

A Bélgica não teve Jan Vertonghen, Toby Alderweireld e Vincent Kompany frente ao México e os substitutos não conseguiram preencher o vazio. Kevin De Bruyne foi crítico na reação. «O México foi simplesmente mais forte taticamente», disse o jogador do Manchester City: «O sistema deles obrigou os nosso cinco defesas a recuar e no meio-campo eram cinco contra sete. Enquanto não tivermos um bom sistema tático teremos dificuldades frente a equipas como o México. É uma pena que ainda não tenhamos encontrado uma solução. Claro que jogamos com um sistema que é em princípio muito defensivo, mas está repleto de muitos jogadores ofensivos que querem a bola.»

Muitos dos outros jogadores não aprovaram a forma como ele falou, mas alguns concordaram com o que disse. Ele tocou o alarme e apontou o facto de, ao fim de dois anos a trabalhar com Martínez, não existir verdadeira organização defensiva.

Como se qualificou: 1º lugar do Grupo H da Europa, à frente da Grécia

Sistema preferido: 3-4-2-1

Estrela: Eden Hazard (Chelsea)

Jogador a seguir: Thomas Meunier (Paris St-Germain)

Selecionador: Roberto Martínez

Odds 12-1

Kristof Terreur, Het Laatste Nieuws

Inglaterra

A estatística mais incrível sobre a seleção inglesa é o facto de não perder um único jogo de qualificação para grandes competições desde outubro de 2009. É uma série incrível, que inclui 39 jogos, com três selecionadores diferentes desde que a equipa, então liderada por Fabio Capello, perdeu por 0-1 com a Ucrânia. O último é Gareth Southgate e ele teve um ano intenso desde que foi promovido do cargo de selecionador sub-21 da Inglaterra. Southgate deixou Wayne Rooney de fora e supervisionou um período de mudanças que se traduz numa Inglaterra com uma equipa mais jovem e experimental, num sistema de 3-4-2-1. No entanto ainda há questões em aberto sobre se a Inglaterra melhorou de facto desde o desaire da eliminação frente à Islândia no Euro 2016, e os adeptos até se manifestaram com um abandono em massa do estádio num dos jogos de qualificação para o Mundial, em Malta.

Como se qualificou: 1º lugar no Grupo F da Europa, à frente da Eslováquia

Sistema preferido: 3-4-2-1

Estrela: Harry Kane (Tottenham Hotspur)

Jogador a seguir: Marcus Rashford (Manchester United)

Selecionador: Gareth Southgate 

Odds 16-1

Daniel Taylor, The Guardian

Tunísia

Após doze anos de ausência, a Tunísia está e volta a um Mundial, mas o caminho para a Rússia não foi a direito. Henrik Kasperczak conduziu a equipa à vitória na Taça das Nações Africanas de 2017 mas saiu pouco depois, e foi Nabil Maaloul, adjunto da seleção tunisina que participou na CAN2004, a garantir o apuramento. Contratado em abril, Maaloul recorreu sobretudo ao 4x2x3x1. Os laterais são incentivados a atacar, e Ali Maalou (Al Ahly), que joga pela esquerda, tem sido fundamental pelo contributo ofensivo.

Hamdi Nagguez deve ser o lateral direito, com Yassine Meriah e Syam Ben Youssef apontados à titularidade no eixo defensivo, um setor fundamental nesta equipa.

No meio-campo destacam-se dois incansáveis recuperadores de bola - Ferjani Sassi e Mohamed Amine Ben Amor -, atrás do tridente Youssef Msakni, Wabhi Khazri e Naim Sliti. Apesar de estar a jogar no Qatar, Msakni é um jogador tremendamente talentoso, que muitas vezes carrega a equipa aos ombros. Khazri e Sliti, que jogam em França, oferecem capacidade técnica e imprevisibilidade à equipa. Taha Yassine Khenissi está apontado à titularidade na frente de ataque, mas este é o lugar que mais preocupa o selecionador.

Por vezes Maaloul recorre a um 4x3x2x1, especialmente diante de equipas ofensivas, com a entrada do médio defensivo Ghailane Chaalali para o lugar de Khazri ou Sliti.

Para já a baliza está entregue a Aymen Mathlouthi, mas Maaloul tem estado em contacto com Mouez Hassen, antigo guarda-redes do Nice. O selecionador também tem tentado convencer Rani Khedira, irmão de Sami Khedira (Juventus) a jogar pela Tunísia.

Como se qualificou: vencedores do Grupo A da zona africana

Sistema preferido: 4-2-3-1

Estrela: Youssef Msakni (Al-Duhail)

Jogador a seguir: Naim Sliti (Dijon, emprestado pelo Lille)

Selecionador: Nabil Maaloul 

Odds: 400-1

Majed Achek, tunisie-foot.com

Panamá

«Vamos ao Mundial para aprender e para competir. É uma experiência para desfrutar», disse o selecionador Hernán Darío Gómez, alguém com conhecimento de causa. O colombiano já levou quatro equipas ao Mundial, e a sua experiência pode ser fundamental nesta primeira presença. Um feito muito associado ao colosso defensivo Román Torres e ao médio Gabriel Gómez (ex-Belenenses), o cérebro da equipa.

É uma equipa construída com base na solidez defensiva, disciplina e contra-ataque. A criatividade de Alberto Quintero é fundamental para servir Gabriel Torres e Blas Pérez, a dupla de ataque mais frequente. Fidel Escobar (22 anos), Michael Murillo (21 anos), dois jogadores dos New York Red Bulls, e ainda Ismae Díaz (20 anos), jogador do Corunha, acrescentam esforço jovem a esta equipa.

Como se qualificou: 3º lugar na CONCACAF, atrás do México e Costa Rica

Sistema preferido: 4-4-2

Estrela: Gabriel Gómez (Atlético Bucaramanga)

Jogador a seguir: Román Torres (Seattle Sounders)

Selecionador: Hernán Darío Gómez

Odds: 1,000-1

Álvaro Martínez, El Siglo de Panamá