Os 82 golos apontados pelo Benfica neste campeonato são um recorde no século. Desde o ano em que o FC Porto chegou ao pentacampeonato (1998/99) que nenhuma equipa atingia registo tão elevado. Nessa época, os dragões atingiram os 85 tentos, com 36 deles a pertencerem a Mário Jardel.

Mas a nível interno esta é a primeira vez em mais de 20 anos que a águia ultrapassa a marca dos 80 golos numa só edição da Liga. É preciso recuar à temporada de 1990/91 para encontrar equipa mais concretizadora.

Na altura, os encarnados, comandados pelo sueco Sven-Goran Eriksson, só pararam nos 89 golos, num dos mais longos campeonatos nacionais da história, então com 38 jornadas. A diferença é que este Benfica tem agora mais oito golos (82) do que na mesma fase da prova há 24 anos (74).

«Tínhamos uma equipa forte, que funcionava, e com um bom espírito. E o Eriksson era um bom treinador. Muito ofensivo? Naturalmente ofensivo. Para ganhar, as equipas não podem ser excessivamente ofensivas ou defensivas», recorda ao Maisfutebol Rui Águas, melhor marcador desse campeonato (25 golos) e referência do ataque das águias.

Apesar de ser a primeira vez em 24 anos que os encarnados ultrapassam os 80 golos, a capacidade ofensiva tem sido uma das marcas registadas desde que Jorge Jesus chegou à Luz, no verão de 2009. Logo na primeira época, a águia atingiu os 78 golos em 30 jornadas. Uma média de 2,6 golos por jogo, ligeiramente superior à que Jonas, Lima e companhia levam à 32.ª jornada (ver gráfico em baixo).

A exceção aconteceu na época passada, quando os encarnados pararam nos 58 golos e não atingiram, pela primeira vez desde 2009/10, a média dos dois golos por jogo. Este ano, à mesma jornada, os comandados de Jorge Jesus já iam nos 73.

«Não era previsível que este Benfica marcasse muitos mais golos do que o da época passada, tendo em conta os jogadores que saíram [n.d.r.: Rodrigo, Cardozo e Markovic]», observa Rui Águas.

O atual selecionador de Cabo Verde identifica essencialmente uma razão para a melhoria substancial da capacidade ofensiva dos encarnados: Jonas.

«É um jogador que tem sido uma referência em termos individuais e coletivos. Acrescenta golos e participação em jogadas decisivas. Mas quem joga na frente também depende de uma equipa que funciona e o sucesso ofensivo também se deve à estabilidade defensiva. Não de uma defesa em si, mas de uma equipa que joga compacta e de forma organizada. As equipas constroem-se como os prédios», sustenta.

Os números não mentem: o avançado brasileiro soma 18 golos em 25 jogos na Liga.



Lima e Jonas decisivos para a avalanche ofensiva?

Dos 82 golos apontados pelo Benfica neste campeonato, 35 têm a assinatura de Lima e Jonas. Um registo de 42,7 por cento.

Notável, sim, mas abaixo dos desempenhos de todas as duplas de avançados mais utilizadas desde que Jesus chegou à Luz. Em 2012/13, por exemplo, Lima e Cardozo foram responsáveis por 48,1% dos tentos das águias, valores ligeiramente superiores aos da sociedade formada pelo paraguaio e por Saviola em 2009/10 (47,4).

A diferença é que nesta época os encarnados estão representados por quatro jogadores no top 10 dos melhores marcadores da Liga. A Jonas (18) e Lima (17), juntam-se Talisca e Salvio, ambos com nove remates certeiros.

Apesar de os 82 golos representarem um máximo a nível interno nas últimas duas décadas e meia (e um recorde à 32.ª ronda - ver gráfico no final do texto), os encarnados vão ficar aquém do melhor registo do clube numa só época: 103 golos em 1963/64, num campeonato com 26 jornadas. Outros tempos...