Com 5-0 ao intervalo, a eliminatória ficou (praticamente) decidida para o Bayern Munique. A inversão do que estava (praticamente) definido residia no brio do FC Porto para responder à goleada com 45 minutos para jogar.

O brio esteve lá, mostrou-se com o golo de honra. Mas não houve nenhum outro que deixasse a equipa portuguesa a apenas mais um golo de voltar a estar apurada; o segundo dos dois remates de Jackson e do FC Porto saiu ao lado. E acabou por acontecer o sexto golo dos bávaros que selou o traçado no primeiro tempo.

Foi, assim, e a despeito destas nuances e do equilíbrio verificado no segundo tempo, que tudo acabou (mesmo) por ficar decidido: com o que aconteceu nos primeiros 45 minutos. Na primeira parte, só se viu o Bayern Munique a jogar. Não se viu o FC Porto. As frases não são irreais ou duras. Foi o que aconteceu quer no que se viu, quer na tradução em números, como fica evidente na análise realizada pelo Centros de Estudos de Futebol da Universidade Lusófona para o Maisfutebol.



O FC Porto não conseguiu sair a jogar; não conseguiu de todo jogar na primeira parte. O FC Porto não conseguiu construir uma jogada. Nem esteve perto de rematar. E para falar de remates dos dragões será preciso avançar muito no cronómetro. O Bayern, pelo contrário, rematou 10 vezes no primeiro tempo. Com 22 minutos jogados, a equipa alemã passava para a frente da eliminatória. Com 22 minutos, O Bayern já tinha seis finalizações. Em quatro que foram à baliza, metade deram golo.

Aos 27 minutos de jogo soma-se a estes números mais um remate e mais um golo. Aos 33, Julen Lopetegui faz a primeira alteração no jogo; mexeu numa defesa que já estava adaptada aos castigos de Danilo e Alex Sandro. Lopetegui tirou Reyes e fez entrar Ricardo para o lado direito – na teoria, porque Quaresma acabou por ocupar o lugar de defesa direito (e o que se passou na primeira parte não deixou outra alternativa).

O ritmo compressor do Bayern que voltou a ser a equipa temível que quer ter sempre a bola, trocando-a até ficar em cima da baliza adversária, pressionando os adversários muito em cima da área destes foi quase tudo o que viu na primeira parte, numa relação de posse de bola de 68% para 32% a favor dos germânicos.

Há dois dados que traduzem muito fielmente os dois tipos de jogo conseguido por cada uma das equipas no primeiro tempo: o FC Porto teve 24% da perda de bolas no seu meio campo defensivo; e, especialmente, perdeu 13% daquelas logo à saída da área, na primeira fase de construção.

Em sentido inverso, metades das bolas que o Bayern perdeu foram na sua zona de finalização. A equipa de Pep Guardiola jogou sempre muito em cima do FC Porto conseguindo também traduzir em finalizações 29% das suas posses de bola; ou seja, 29% dos seus lances acabaram com remates.




Como já se viu, o Bayern rematou 10 vezes na primeira parte. Quando a equipa alemã fez o 5-0 tinha marcado quatro golos nos seus últimos quatro remates à baliza portista. O Bayern teve um índice de 50% de aproveitamento das finalizações (os cinco golos em 10 remates). O FC Porto não rematou uma vez na primeira parte.

Os dragões fizeram o primeiro remate à baliza de Neuer aos 73 minutos. Já com Casemiro no centro da defesa com cinco elementos (ainda mais ) bem definidos. Já com as três substituições feitas.

Foi Jackson Martínez a conseguir o primeiro remate dos portistas, quando fez o 5-1. Quatro minutos depois, o colombiano fez o segundo e aquele seria o último remate dos dragões no jogo. A bola saiu ao lado. O FC Porto não renasceu para a eliminatória. Ficou tudo mesmo decidido como (praticamente) tinha ficado na primeira parte.

A maior divisão da bola na segunda parte (atenuada numa posse ainda favorável para os bávaros nos números finais de 53%-47%) acabou por traduzir-se num 1-1 parcial no resultado, mas em que o Bayern Munique continuou muito mais rematador (oito contra os tais dois).

O golo do Bayern no segundo tempo acabou por ser (à segunda tentativa de Xabi Alonso) no aproveitamento das poucas (para os seus padrões) bolas paradas que teve em todo o jogo – o que também já tinha conseguido fazer na primeira parte.