BORUSSIA DORTMUND

Onze base

MÁQUINA DE GOLOS. Segundo classificado da Bundesliga, a oito pontos do super Bayern, o Borussia Dortmund é uma admirável máquina ofensiva. A formação orientada por Thomas Tüchel tem 94 golos marcados em 35 jogos (2,69 golos por jogo/média), e na Liga alemã partilha mesmo o estatuto de melhor ataque com o rival de Munique (53 golos). Golos sofridos são 36 (média de 1,03/jogo), 24 dos quais na Bundesliga. Neste capítulo é apenas a quinta melhor equipa da prova, nesta altura, e bem distante do registo da formação orientada por Pep Guardiola, que sofreu apenas 10 golos. Ainda relativamente à produção ofensiva, destaque para os 30 golos já apontados por Pierre-Emerick Aubameyang (mais sete assistências).

PRESSÃO E TRANSIÇÃO. As saídas rápidas para o ataque são o grande trunfo do adversário europeu do FC Porto. São exploradas tanto a partir de zonas mais recuadas, com jogadores como Reus, Mkhitaryan ou Aubameyang a tirarem proveito de uma condução de bola muito rápida; ou através da recuperação de bola em terrenos mais adiantados, logo à saída da área contrária, por força de uma pressão intensa e coesa, com a equipa bem curta em largura e profundidade, para criar logo um cerco ao portador da bola.

Cinco jogadores perto do portador da bola

VERTICALIDADE. Mesmo em ataque organizado, partindo de um 4x3x3 ou 4x2x3x1, o Borussia Dortmund é uma equipa que procura chegar rápido à baliza contrária. Mas isto não significa que a ideia de jogo passe por um futebol mais direto, a sobrevoar o meio-campo. A equipa alemã aposta num futebol apoiado, logo a partir do guarda-redes, mas depois é muito vertical no passe. Os centrais, que assumem um papel muito ativo na construção de jogo, procuram logo fazer a bola chegar mais à frente, e arriscam frequentemente uma saída em condução para furar a primeira linha defensiva. Os médios, assim que recebem a bola, também procuram rapidamente um passe que possa furar a última barreira do adversário, seja pelo corredor central ou procurando a largura, através dos laterais.

TALENTO INTERIOR. Embora seja muito forte em transição ofensiva, o Dortmund tem também trunfos importantes em ataque organizado. Estimulados a assumir papel relevante na construção de jogo, os centrais contam ainda com a ajuda do médio mais defensivo (normalmente Weigl), ao mesmo tempo que a largura é dada pelos laterais. Depois o adversário do FC Porto tem vários jogadores que sabem fazer a diferença dentro da muralha defensiva adversária, com qualidade técnica e inteligência para decidir em pouco tempo e espaço reduzido. Castro e Gundogan funcionam habitualmente como médios interiores, e mostram perspicácia a jogar entre linhas, tal como Mkhitaryan (18 golos/17 assistências!!), Kagawa (8 golos/9 assistências) ou Reus (14 golos/5 assistências), «playmakers» que quase sempre coincidem em campo.

Os centrais assumem papel ativo na construção de jogo, com a ajuda de Weigl, e depois o Dortmund coloca vários jogadores dentro do bloco defensivo contrário.

UM RISCO ASSUMIDO...MAS UM RISCO. Ao procurar pressionar o adversário em zonas adiantas do terreno, e ao tentar sobrepovoar a zona onde está a bola, para a recuperar, o Dortmund assume um risco. É consciente, na medida em que é visto como algo que acarreta mas benefícios do que prejuízos, mas não deixa de implicar um risco que pode ser explorado pelos adversários. Se essa zona de «pressão amarela» falha, o Dortmund fica exposto atrás. É uma espécie de efeito dominó, até porque o plano B não passa por fazer recuar os restantes elementos. É libertar o elemento que está mais próximo para deixar a sua referência (seja ela um jogador ou uma zona) e sair a pressionar o portador da bola.  

Hummels não espera que Weigl corte caminho ao adversário que vai receber a bola e sai de imediato na pressão. Fica um buraco atrás, para ser explorado pelos dois jogadores próximos do outro central.

BAYER LEVERKUSEN

Onze base

TÃO PERTO E TÃO LONGE. O Bayer Leverkusen é terceiro classificado da Bundesliga, logo atrás do Borussia Dortmund, mas já com 13 pontos de atraso para o adversário europeu do FC Porto (e 21 para o Bayern). A irregularidade da formação orientada por Roger Schmidt tem ficado patente também neste início de ano, após a pausa de inverno, com apenas duas vitórias em cinco jogos (dois empates e uma derrota). No balanço global da época o adversário do Sporting tem 15 vitórias, 8 empates e 10 derrotas. 60 golos marcados (média de 1,8 por jogo) e 39 sofridos (média de 1,2).

FURACÃO INTERMITENTE. Programado para ser um verdadeiro furacão na forma como pressiona as equipas adversárias logo à saída da sua área, na tentativa de forçar o erro e sair rápido para a baliza, o Bayer Leverkusen não tem sido tão competente quanto já foi com o atual técnico. A equipa continua a tentar condicionar o adversário logo na primeira fase de construção, mas com uma pressão menos asfixiante e menos coesa. Isso cria dificuldades defensivas, na medida em que a equipa fica partida a meio, mas também no plano ofensivo, dada a menor capacidade para provocar situações de transição rápida, onde se sente mais confortável. Convém lembrar, em todo o caso, que em 2014/15 o Leverkusen também parecia estar a perder intensidade quando defrontou o Benfica, mas depois venceu 3-1 em casa (e posteriormente empatou a zero na Luz), com a equipa de Jorge Jesus a sentir muitas dificuldades perante a tal pressão alta alemã.

Organização defensiva em 4x4x2 e pressão imediata quando o central adversário mete a bola no médio, com aproximação dos dois avançados (Chicharito e Kiessling), e também de Kampl, que abandona a segunda linha.
Nove jogadores do Leverkusen num curto espaço, para criar uma zona de pressão asfixiante. 

APOSTA EM DOIS AVANÇADOS. O Bayer Leverkusen tem estado mais dependente do que produz em ataque organizado, num 4x4x2 ainda com aspetos por lapidar, tendo em conta que na época passada a equipa jogava em 4x2x3x1. Roger Schmidt tem apostado agora em dois avançados, a pensar na convivência entre Kiessling (sete golos e cinco assistências) e Chicharito, mas também com Mehmedi (seis golos e três assistências) ou Brandt (quatro golos e quatro assistências) como alternativas. Çalhanoglu (seis golos/sete assistências) foi deslocado da posição «10» para a ala esquerda, embora sempre à procura do corredor central, enquanto que Bellarabi (também com seis golos e sete assistências) dá mais largura verticalidade na direita, o que faz a equipa oscilar frequentemente para um 4x3x3, com Kiessling mais fixo e Chicharito a cair ligeiramente na ala esquerda.

Kampl cai na ala para participar na primeira fase de construção (com o lateral Hilbert mais adiantado), e Çalhanoglu aparece no corredor central, embora esteja a jogar como falso ala esquerdo

EFEITO CHICHARITO. Em dúvida para a primeira mão, Javier Hernández encontrou em Leverkusen o protagonismo que procurava (e já merecia). Embora se tenha estreado apenas em meados de setembro, o internacional mexicano marcou 22 golos em 29 jogos, e assim já bateu o recorde de tentos numa época, desde que chegou à Europa. É um excelente complemento para Kiessling, pela forma como é capaz de sair da área para tabelar, para procurar a bola, e ao mesmo tempo ser eficaz na área e extremamente sagaz a explorar as costas da defesa, nos metros finais.

O REI DOS LIVRES DIRETOS, MAS NÃO SÓ... Embora tenha apenas um golo de livre direto esta época, apontado ainda em agosto, Hakan Çalhanoglu tem feito por merecer o cognome de «rei dos livres diretos» em épocas anteriores. O internacional turco, de apenas 22 anos, é muito influente também na cobrança de cantos ou livres laterais. Só que no plano defensivo o peso destes lances corresponde a quase metade (17 dos 39 golos sofridos, o que dá 44 por cento). Mesmo tendo em conta que cinco dos golos sofridos foram de penálti, a equipa de Roger Schmidt tem mostrado fragilidade em livres laterais (quatro golos) e cantos (seis golos).

Canto defensivo: Leverkusen com misto entre defesa homem a homem e defesa à zona, com três jogadores soltos na linha da pequena área (aqui sem Kiessling, que normalmente procura cortar os lances ao 1º poste)

SION

Onze base

MODÉSTIA INTERNA, SUPERAÇÃO EXTERNA. Sexto classificado apenas na Liga suíça, o Sion chegou aos dezasseis-avos da Liga Europa depois de ter ficado em segundo lugar do Grupo B da prova, vencido pelo Liverpool (com quem não perdeu), e à frente de Rubin Kazan e Bordéus. A equipa suíça só perdeu na Rússia, e garantiu a continuidade em prova com cinco golos marcados e apenas três sofridos.

DISFARCE EUROPEU. Se a nível interno o Sion é obrigado a assumir maiores riscos na estratégia de jogo, sem grande conforto, na Liga Europa a equipa treinada por Didier Tholot rentabilizou uma postura mais cautelosa, assente na coesão defensiva e na exploração do contra-ataque e dos lances de bola parada.

SETAS AFRICANAS. Moussa Konaté, interessante ponta de lança de 22 anos, é a figura da equipa (nove golos e quatro assistências). Possante, capaz de segurar a bola e permitir a subida da equipa, mas também veloz, influente na forma como ataca o espaço nas transições rápidas. Ebenezer Assifuah (cinco golos e uma assistência), extremo ganês também com 22 anos, é uma seta à disposição no lado direito do ataque, para o qual a equipa tende a inclinar-se, até porque o lateral desse lado (Zverotic) é mais ofensivo do que o lateral esquerdo (Pa Modou Jagne). O português Carlitos joga habitualmente a partir do lado esquerdo, mas não é um jogador tão vertical. Assume muitas vezes o papel de «10», com derivações para o corredor central, quase sempre com a bola controlada, e procura fazer a diferença também nas bolas paradas, incluindo a conversão de livres diretos (quatro golos e quatro assistências). Importa não esquecer o reforço de inverno Theofanis Gekas, que mesmo aos 35 anos tem condições para tornar-se uma mais-valia para esta equipa.

COMPROMISSO DEFENSIVO. Ainda que por vezes tente incomodar o adversário logo na primeira fase de construção, o adversário do Sp. Braga tem privilegiado sobretudo a formação de um bloco defensivo coeso, embora com a preocupação de não encostar muito à sua área. Partindo de um 4x4x2 ou 4x5x1 em organização defensiva, a equipa suíça mostra-se solidária nesta estratégia, colocando facilmente nove ou dez jogadores atrás da linha da bola, deixando Konaté à espera do contra-ataque. Destaque ainda para o papel do «trinco», normalmente assumido por Salatic (ou Ndoye), cuja missão passa quase em exclusivo por resolver problemas antes destes sobrarem para os centrais.

Sion organizado defensivamente em 4x1x4x1, com o capitão Salatic bem vincado como «trinco»
Dez jogadores atrás da linha da bola (apenas Konaté na frente), numa imagem que ilustra também algum desequilíbrio a última lnha defensiva, demasiado agarrada às referências individuais.

AMBIGUIDADE PARADA. O Sion tem tirado proveito elevado das bolas paradas, não apenas a nível europeu, na medida em que um terço dos golos que marcou (12 de 36) foi dessa forma, mas no que diz respeito aos golos sofridos o peso das bolas paradas não é muito inferior (10 golos em 34, o que corresponde a 29 por cento). Destaque aqui para cinco golos já sofridos de livre direto, que numa análise mais atenta indicam limitações do guarda-redes letão Andris Vanins, inclusive em bolas boladas para o «lado aberto».