O primeiro grande embate do ano está aí à porta. Um FC Porto líder e cheio de moral depois do triunfo no Mónaco para a Liga dos Campeões visita Alvalade, território de um Sporting segundo classificado e dois pontos atrás, após o empate em Moreira de Cónegos, que certamente não estaria nas previsões de Jorge Jesus.

Os leões, assinale-se, não vencem há três partidas, desde a receção ao Tondela, tendo empatado diante o Marítimo para a Taça da Liga e perdido, esta quarta-feira, com o Barcelona, para a Champions. Já os dragões têm como único ponto negativo o desaire europeu caseiro perante o Besiktas, de certa forma já corrigido no Principado.

O que propomos é uma viagem pelos números deste arranque de temporada, que poderá revelar algumas tendências e ideias para o clássico que se avizinha. A análise é feita a partir das estatísticas oficiais da Liga e UEFA, em conjunto com dados recolhidos pelo MAISFUTEBOL. Venha connosco!

OS GOLOS MARCADOS

O Sporting tem 24 golos marcados em todas as competições, enquanto o FC Porto apresenta 23. A diferença é que a equipa de Sérgio Conceição conseguiu-os em nove encontros, enquanto os homens de Jorge Jesus já participaram em 12. A média é então favorável aos dragões: 2,55 contra 2 por jogo.

Se isolarmos a Liga do resto são 19 (2,71) do lado dos portistas, mais concretizadores, e 16 (2,29) dos sportinguistas.

Já o peso das bolas paradas nas finalizações é superior no conjunto de Alvalade, com 33% contra 22% no total das competições, e 44% (!) contra 21% na Liga. A diferença encontra-se nos livres diretos, com Mathieu e Bruno Fernandes a conseguirem já um cada um. Os leões dividem as oito bolas paradas bem sucedidas desta forma: três cantos, dois penáltis, dois livres diretos e um golo na sequência de um lançamento lateral. Se retirarmos este último da equação temos os tentos de bola parada na Liga. São sete. Já o FC Porto apresenta três cantos e um penálti na contabilidade geral (dois cantos e um penálti se falarmos só de campeonato).

Os períodos mais eficazes do Sporting são precisamente o primeiro quarto de hora e o penúltimo, aquele que vai dos 61 aos 75 minutos. Juntos reúnem 58% dos golos marcados. No FC Porto, a tendência é para chegar ao golo dos 16 aos 30 minutos (26%) e logo no regresso após o intervalo (22%). As habituais entradas fortes dos homens de Sérgio Conceição não têm tido efeito logo após o pontapé de saída, uma vez que só conseguiram um golo nesse período (4%).

Se isolarmos a Liga, os pesos são semelhantes. Os leões somam 25% do primeiro ao 15º minuto, e mais 31% do 61º ao 75º. Nos dragões sobe a força do regresso pós-intervalo, igualando a do segundo quarto de hora, com 26%. Nota-se também alguma desaceleração leonina antes e imediatamente depois do intervalo.

Sporting, todas as competições

0-15: 7 (29%); 16-30: 3 (13%); 31-45: 1 (4%); 46-60: 2 (8%); 61-75: 7 (29%); 76-90: 4 (17%)

FC Porto, todas as competições

0-15: 1 (4%); 16-30: 6 (26%); 31-45: 3 (13%); 46-60: 5 (22%); 61-75: 4 (17%); 76-90: 4 (17%)

Sporting, só Liga

0-15: 4 (25%); 16-30: 3 (19%); 31-45: 0 (0%); 46-60: 1 (6%); 61-75: 5 (31%); 76-90: 3 (19%)

FC Porto, só Liga

0-15: 1 (5%); 16-30: 5 (26%); 31-45: 2 (11%); 46-60: 5 (26%); 61-75: 3 (16%); 76-90: 3 (16%)

O FC Porto remata bem mais à baliza do que o rival de Alvalade.

OS GOLOS SOFRIDOS

As defesas de Sporting e FC Porto têm estado em bom plano, sobretudo na Liga. Em ambos, e ainda mais no caso do conjunto de Sérgio Conceição, a análise da estatística poderá vir a ser um pouco injusta, devido à amostra pequena, mas são os dados que se podem analisar.

Os homens de Jorge Jesus consentiram oito golos no total (0,66 de média), quatro na Liga (0,57). Já os de Conceição encaixaram seis no total (também 0,66) e três no campeonato (0,43).

No caso dos dragões o valor dos golos sofridos na Liga também não será o mesmo dos permitidos pelos leões. Dois dos três foram consentidos frente ao Portimonense, depois de os portistas terem chegado a uma vantagem de três golos em meia-hora, e nunca chegaram a ameaçar o resultado, ao contrário dos verde e brancos, que tiveram de sofrer para marcar nos descontos na Feira e viram o Moreirense adiantar-se no marcador e aguentar o empate depois até final em Moreira de Cónegos. Contudo, isso são interpretações para lá dos números.

No que diz respeito a bolas paradas, há dois golos encaixados pelos leões. Um livre indireto originou o autogolo de Coates frente ao Barcelona, o outro aconteceu precisamente na Feira, na sequência de um pontapé de canto. Valem 25% do bolo sejam somadas todas as competições ou apenas o campeonato. Já os dragões sofreram apenas um, numa segunda vaga do Portimonense após um canto, finalizado por Rúben Fernandes. A fatia é de 17% do geral, e 33% no campeonato.

Como curiosidade, sete dos 23 golos assinados pelo conjunto de Sérgio Conceição resultam de insistências na área ou perto dela dos adversários. São 30% dos golos. Se enumerarmos, há o ressalto ganho por Brahimi frente ao Estoril; uma recarga de Aboubakar perante o Tondela; o mesmo Aboubakar à terceira, depois de Marega e Óliver não terem feito o golo diante do Moreirense; a bola que sobra para Marega antes da finalização de Brahimi frente ao Portimonense; mais uma recarga de Aboubakar com os algarvios; novamente Aboubakar à terceira, desta vez diante do Mónaco; e Layún à quarta tentativa igualmente no Principado. A luta pela segunda bola tem sido fundamental na estratégia de Sérgio Conceição.

Empate em Moreira de Cónegos isolou o FC Porto na liderança da Liga.

A POSSE DE BOLA (E OUTROS DADOS COLETIVOS)

A diferença é ténue, mas pode dizer-se que o Sporting tem mais tempo a bola na sua posse do que o FC Porto. Se somadas todas as provas a vantagem é decimal (55,33% contra 55,22%), muito por culpa dos 37% registados frente ao Barcelona, já na Liga apresenta-se um pouco maior (58,86% contra 56,9%).

os dragões rematam bem mais, uma média de 17,88 (18 na Liga), contra a leonina de 12,92 (12,86). Ou seja, entre cinco a seis remates a mais por encontro.

Os leões consentem menos tiros, no entanto, aos adversários, uma média de 8,92 (8,57 na Liga) contra os 9,44 (8,86) dos rivais.

A equipa de Sérgio Conceição provoca mais cantos (média de 7,66 no geral 7,71 só no campeonato contra 5,42 e 5,71). Se a de Jorge Jesus consente menos no total das competições (3,5 contra 3,77), os portistas são mais eficazes na Liga (3,29 contra 4).

Uma curiosidade interessante nas faltas é a de que o FC Porto faz bem mais do que as que provoca (média de 15,4 no geral e no campeonato, contra 13,66 em todas as competições e 14,3 por cá). Já o Sporting comete (17,67 geral e 16,71 Liga) e provoca mais do que o rival (17,83 geral e 19,57 Liga).

Nenhuma das equipas viu cartões vermelhos, e a média é de dois amarelos para cada na Liga. Somadas as provas em que já participaram, chega-se a 2,5 para os leões e 2,22 para os dragões.

Em jeito de conclusão, temos então mais tempo de posse para o Sporting, bem como menos remates consentidos e mais faltas cometidas. Já o FC Porto atira muito mais à baliza, e consegue mais pontapés de canto. 

Será um jogo à parte, ou confirmar-se-á alguma destas tendências?