A influência do trio MSN (Messi, Suarez e Neymar) é a face mais visível das conquistas deste Barcelona versão 2014/15: 122 golos oficiais e 27 dos 31 marcados na Champions ajudam a perceber por quê. Mas se os números impressionam, a vitória sobre a Juventus na apoteose da temporada, em Berlim, assenta noutra qualidade fundamental do modelo de jogo blaugrana: a capacidade de pressão e recuperação imediata em zonas adiantadas do terreno.

Em conjunto com os números oficiais da UEFA, a análise do jogo, realizada pelo Centro de Estudos de Futebol da Universidade Lusófona para o Maisfutebol confirma esta ideia.

O dado mais impressionante na recolha de números feito ao longo da partida, prende-se com a percentagem invulgarmente alta de bolas perdidas pela Juventus – conquistadas pelo Barcelona – na primeira fase de construção dos italianos: 26% na primeira parte, 21% no final dos 90 minutos, um valor substancialmente mais alto do que o padrão para jogos deste nível.



O curioso é que os jogadores da Jyuventus acabaram por sofrer na pele exatamente a mesma receitas que aplicaram nos minutos iniciais: nos três minutos que precederam o golo de Rakitic, foi o Barcelona a começar encurralado pela pressão alta dos homens de Allegri. Depois, uma sequência de 17 passes permitiu a Messi um primeiro momento de rutura, que acabou por resultar no 1-0.

A partir daí, e quase até final da primeira parte, o Barcelona estrangulou à nascença as saídas rápidas do adversário, graças ao trabalho de pressão de homens como Suarez, Neymar, Rakitic e Iniesta, antes de as arrancadas de Pogba e as combinações entre Marchisio e Lichtsteiner começarem a dar portas de saída à vecchia signora. Foi essa a chave para uma segunda parte mais equilibrada a todos os níveis, incluindo o total de remates (nove para cada equipa).





Nota curiosa, ainda para os contra-ataques catalães da segunda parte, a partir do momento em que a Juventus assumiu a necessidade de correr riscos após o golo de Suarez. Nessa altura, as bolas paradas a favor dos italianos tornavam-se também um perigo para a baliza de Buffon, já que o Barça saía em velocidade, depois de conseguir a primeira barreira – e chegou mesmo a ter uma situação de remate perigoso a partir de um lance desses.



Aliás, a Juventus beneficiou de mais cantos do que o Barcelona (8-6), criando situações de relativo perigo em dois deles. No que se refere aos outros números da UEFA, os catalães tiveram mais controlo de jogo na primeira parte (67% de posse de bola, contra 57% na segunda e 61% no total) e permitiram ao seu adversário mais chegadas à área com perigo depois do intervalo (11 na primeira parte, 26 na segunda).

A final merece ainda destaque pelo facto de ter tido apenas uma situação de fora de jogo, e pelo relativo equilíbrio na eficácia de passe (83% para a Juventus, que fez 343 e 89% para os catalães, que fizeram 570). Sem surpresa, a Juventus fez o dobro das faltas do seu adversário (24 contra 12), com Vidal a ser o mais faltoso – cinco, todas nos primeiros 20 minutos e com Messi e Suarez a serem as maiores vítimas (cinco cada). O uruguaio foi o mais rematador da partida, com sete tentativas, três das quais na direção da baliza, com um golo. Mais eficaz foi o croata Rakitic, que marcou na única tentativa em todo o jogo.