A bicicleta de Cristiano, 15 anos antes Ronaldo. O Fenómeno em Old Trafford na segunda mão dos quartos de final da Champions de 2002/03. Marcou três golos pelo Real Madrid ao Manchester United e saiu embalado por uma ovação.

O Real tinha começado a resolver a eliminatória quinze dias antes. Figo marcou o primeiro da vitória por 3-1 nessa primeira mão, que teve Raúl, com um bis, como grande protagonista. Em Old Trafford foi Ronaldo o primeiro protagonista.

Ronaldo, o Fenómeno que tinha renascido para se tornar campeão do mundo no verão anterior, marcou o primeiro aos 12 minutos, um arranque pela direita e Barthez nem fica muito bem na foto. Van Nistelrooy ainda empatou em cima do intervalo, mas na segunda parte mais dois golos do brasileiro arrumaram o assunto. Não foram grandes golos. Nenhum deles nada que vagamente se pareça àquele momento do outro mundo de Cristiano Ronaldo em Turim esta semana. A semelhança está na reação das bancadas. Respeito, reconhecimento. Mesmo que por um rival, mesmo na hora da derrota.

Estão aqui, os golos e a ovação.

O jogo ainda teve mais para dar, teve David Beckham a sair do banco e a bisar para alimentar a ilusão dos «red devils». O United venceu por 4-3 e ficou pelo caminho, o Real Madrid seguiu para as meias-finais onde seria, curiosamente, eliminado pela Juventus.

Não foi o primeiro, aconteceu mais vezes e Cristiano Ronaldo não terá sido o último. Para bem do futebol, é essa a essência. Os jogadores, o jogo. A paixão, que se faz de emoção mas é também memória e respeito. Não é de mais repeti-lo nestes tempos. Não é de mais repetir o que disse Jorge Jesus no meio da gestão do que está a viver o Sporting: «Quem faz crescer todos os clubes são os jogadores: hoje uns, amanhã outros.»

Artigo original: 08/04/18, 23h50