Stamford Bridge recebe, a 1 de abril, o encontro de repetição dos quartos de final da Taça de Inglaterra. Estamos em 2013. Rafa Benítez é o treinador dos Blues, e quer confirmar em casa o apuramento para a eliminatória seguinte, sobretudo depois da emocionante recuperação de 2-0 para 2-2 de Old Trafford, no início do mês anterior.

A efervescente Stretford End começou a fazer a festa muito cedo, com os golos de Javier Chicharito Hernández, logo aos cinco minutos, e de Wayne Rooney, aos 11. Parecia que o triunfo e o apuramento não iriam fugir aos homens de Alex Ferguson, mas a verdade é que havia que contar ainda com a reação dos londrinos. Eden Hazard, aos 59, e Ramires, aos 68, adiaram a decisão para a sua casa.

Estava agendado, portanto, o reencontro para Stamford Bridge e não poderia deixar de ser mais um duelo emocionante. Os Blues demoram 49 minutos a adiantar-se no marcador, não sem antes Chicharito e Nani terem ameaçado o golo. Cech é obrigado a defender com os pés, de forma muito pouco ortodoxa, um remate de muito longe do mexicano.

O 1-0 é magnífico. Abertura deliciosa de Mata, hoje do outro lado da barricada, e finalização de primeira, sem tocar no chão, de Demba Ba. Fantástico o movimento, a escapar entre Smalling e Rio Ferdinand, e a atirar em esforço para o lado direito de De Gea. O espanhol fica pregado ao chão, a tentar desviar a bola com os olhos. Nada há a fazer.

O United reage. É a insistência de Valencia que garante o espaço para Welbeck cruzar, a sobrevoar grande parte da área. Em cima da hora de jogo, Chicharito continua a pensar mais rápido do que todos os outros. Aparece nas costas de Azpilicueta, e a finalização é ao seu nível, de classe mundial. Atira-se para a frente, a tempo de fazer o movimento com a cabeça, suficiente para apanhar desprevenido qualquer guarda-redes experiente.

Só que é Cech. Os reflexos do internacional checo são deliciosos, com a mão esquerda por cima da cabeça a desviar a bola por cima da trave. Passa-se tudo demasiado rápido. O cruzamento é tenso, o cabeceamento pronto e a defesa rápida. Instintiva. Perfeita. 

Um glaciar em movimento. Imperturbável.

A defesa de Cech:


O 1-0 manter-se-á até final, mas o Chelsea perderá nas meias logo a seguir, em Wembley, frente ao Manchester City (1-2).

O resumo da partida:


Petr Cech saiu em 2015 para o Arsenal, e continua a ser um dos grandes guardiões da Premier League. Esta defesa mantém-se um dos seus melhores cartões de visita.

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