Falar de Anderlecht e Benfica no mesmo texto obriga a falar da Taça UEFA de 1983: uma má memória para os adeptos encarnados. Foi sobre o Benfica que o Anderlecht viveu uma das noites mais gloriosas da sua história. Venceu na Bélgica por 1-0 e arrancou um empate na Luz (1-1) que roubou à formçaõ de Sven-Göran Eriksson o título europeu.

Trinta anos depois, porém, mudou quase tudo: o campeão belga é por estes dias uma espécie de reflexo pobre da formação encarnada.

É o clube que mais vezes ganhou no futebol da Bélgica, chegou a atingir o topo do futebol europeu nos anos 60, 70 e até um pouco nos anos 80, mas não tem a pujança atual do Benfica: por isso um foi cabeça de série no sorteio e o outro surgiu no quarto pote.

Bicampeão em título, o clube de Bruxelas viu sair no final da última época vários jogadores importantes: Mbokani (Dínamo Kiev), Oleg Yakovenko (Fiorentina) e Lucas Biglia (Lazio), por exemplo.

Em contrapartida, e um pouco como fez o Benfica, tentou aproveitar o crescimento do futebol sérvio para assegurar reforços com futuro. No Partizan contratou Aleksandar Mitrović (ponta de lança de 18 anos e antigo colega de Markovic), no rival Estrela Vermelha segurou Luka Milivojević (médio de 22 anos).

Da Rússia, por empréstimo do Spartak Moscovo, veio Demy de Zeeuw, enquanto na defesa se mantêm elementos experientes como por exemplo Vanden Borre

A estrela, essa, tem sido outra para já: Massimo Bruno. Em seis jogos oficiais, o médio de 19 anos marcou seis golos, cinco dos quais o tornam o melhor marcador da liga belga.

O outro golo de Massimo Bruno valeu um título: o Anderlecht ganhou a Supertaça da Bélgica com um triunfo por 1-0 sobre o Genk.

Na liga belga, no entanto, a equipa não está tão bem e é segunda classificada, a três pontos do imparável Standard Liège: cinco vitórias em cinco jogos, contra quatro vitórias e uma derrota do Anderlecht.

O treinador holandês John Van den Brom, que em dois anos foi duas vezes campeão belga, inicia assim nesta terceira época uma reformulação da equipa, que tem o objetivo prioritário sempre de valer a conquista do título belga.

Na Europa, os objetivos do Anderlecht passam por chegar o mais longe possível: desde 1997 que a equipa não chega aos quartos-de-final de uma competição europeia.

O Anderlecht nunca venceu de resto a Liga dos Campeões (ou a Taça dos Campeões Europeus), tendo sido semi finalista duas vezes: em 1982 e 1986. Desde 1988 que não chega aos quartos de final da prova. Já ganhou no entanto duas Taça das Taças (76 e 78), uma Taça UEFA (1983) e duas Supertaças (1976 e 78).

Por aqui se vê como a glória europeia do Anderlecht está carregada de pó.