Sou contra as intervenções militares. Por uma questão de princípio e por achar piada à troca de ideias.
Deve ter sido por isso que o regresso do major à Liga não me entusiasmou.
Muito saudado sobretudo pelo mais conhecido adepto do Boavista, Valentim Loureiro entrou na sede da Liga como quem se prepara para recuperar o poder. Provavelmente esperava encontrar o director executivo sentado na sua cadeira, com os pés em cima da mesa ou, numa versão mais agressiva, barricado na casa-de-banho.
Em vez disso Cunha Leal continuou a trabalhar no gabinete que lhe deram e Valentim Loureiro constatou que durante a sua ausência ninguém tocara numa folha.
Por momentos, recordei aquelas imagens dos soldados americanos, armados até aos dentes, ao assalto de perigosos lares da terceira idade em Bagdad.
Os soldados ficam sempe bem na televisão, mesmo quando não têm razão, e no fundo, no fundo o país gosta de quem dê uns murros na mesa. Que diabo, Valentim Loureiro é quase da família e se os portugueses escapam com dificuldade à inveja das coisas pequeninas, também não são pessoas de desejar o mal dos outros.
Valentim Loureiro voltou e ninguém pode dizer que ele não tem tudo a ver com o futebol da gente.
Quanto ao ordenado de Cunha Leal, continuamos sem saber quem foi o vilão que obrigou o major a contratar um director executivo por um salário que agora crítica.
P.S.: Se depois de ler isto ficou com a impressão de que me incluo naquela lista de pessoas que, segundo Valentim Loureiro, gostavam de o ver em dificuldades, com o nome arrastado pela lama, está enganado. Apenas não me revejo nem no discurso, nem nas ideias de Valentim Loureiro. E, sim, acho que alguém que dirige a Liga há tantos anos dveria ter apresentado muito e melhor trabalho. E isso nada tem a ver com o «Apito dourado». Já penso assim há muito tempo.