Se o futebol pode adaptar a linguagem mecânica, este FC Porto é, naturalmente, em fase de pré-época, uma máquina por afinar. Mas o motor e as peças estão lá. São quase as mesmas do título nacional e apresentaram-se com vontade de sobra no reencontro com o Estádio do Dragão. Há só algum engenho a reforçar, a uma semana do primeiro duelo oficial, a Supertaça.

O empate ante o Newcastle peca por uma noite em que só faltou o golo a um espetáculo que pedia e merecia mais pelo que se viu em campo. Sobretudo pelas ocasiões na segunda parte: entre elas, duas bolas nos ferros da baliza dos ingleses, que deram raça e físico ao jogo. Não tanto talento.

Conceição lançou praticamente um onze com jogadores da época passada e a única novidade surgiu numa defesa em que, dos pêndulos do título, resta metade: Felipe e Alex Telles. Já não há Marcano e saltou o jovem Diogo Leite para o eixo. Na direita, com a saída de Ricardo, há Maxi. Daí para a frente, Herrera e Sérgio Oliveira ao meio, Otávio e Brahimi no apoio a Marega e Aboubakar. E Casillas na baliza.

Será esta uma possível base para o resto da época. Mas o oitavo teste de preparação - o primeiro empate - mostra que há alternativas válidas. A este propósito, as entradas de Corona e Soares após o intervalo. E mais tarde de Óliver. Tornaram o ataque mais móvel quanto perigoso. O cheiro a golo ficou mais intenso.

A equipa azul e branca não foi totalmente dona do jogo, mas quase. Desde cedo, assumiu clara ambição de presentear os sócios com bom futebol e golos.

Um traço geral à equipa na apresentação diz que princípios estão lá. E os intérpretes são conhecedores. Boa reação à perda de bola, projeção dos laterais e alguma facilidade em desequilibrar pelos flancos, sobretudo pelo apoio de Maxi e Alex Telles a Otávio e Brahimi. Só alguns maus passes foram nota menos.

Não foi, por isso, de estranhar uma série de cantos a favor dos dragões na primeira parte. E algumas ocasiões, a mais clara aos 32 minutos, num cabeceamento de Sérgio Oliveira cortado por Yedlin em cima da linha de baliza.

Este lance exemplifica a capacidade do Newcastle, apesar de às vezes conceder espaço atrás, em defender-se de uma das armas mais exploradas pelo FC Porto. Antes, já Aboubakar, por duas vezes, tinha tentado o golo, mas o pé esquerdo e a cabeça não deram com o alvo.

FICHA E FILME DO JOGO

A frescura dada pelas alterações da segunda parte começou com um livre de Sérgio Oliveira a bater com estrondo no poste. Na recarga, Marega não foi mais feliz, mas o FC Porto foi… à carga.

Não tardou muito até Soares testar de novo um imparável Dubravka, que só se safou à segunda porque o brasileiro atirou à trave. No segundo período, os ingleses foram praticamente nulos no ataque e o FC Porto soltou mais a sua identidade explosiva e ofensiva.

A seguir, novamente Soares de cabeça. Depois, Marega. Estava lá Dubravka e, já sem este, o último forcing quase teve reforço herói. Em cima do minuto 90, Marius viu Darlow negar um golo certo. No último lance, uma jogada com rótulo de génio e desequilíbrio de Adrián teve o pé canhão de Hernâni a esbarrar no guardião.

No capítulo 15 das apresentações portistas no Dragão, só faltou mesmo o golo.