Fortunato Azevedo foi árbitro internacional, um dos melhores da sua geração. E teve sempre uma forma muito própria e independente de assumir as suas opiniões.
 
Em declarações ao Maisfutebol, o antigo internacional da AF Braga considerou que «no atual momento do futebol e da arbitragem, o sorteio seria positivo».
 
Mesmo assim, Fortunato Azevedo faz questão de explicar: «Sempre fui contra o sorteio. Quando era árbitro, estava contra. E olhe que para mim o sorteio até nem foi mau, cheguei a ter épocas em que apitava quatro ou cinco jogos grandes. As bolinhas, comigo, foram simpáticas…»
 
Mas então se era contra o sorteio, por que é o defende? Fortunato especifica: «É a única forma de retirar poder a quem nomeia. O que se tem passado é vergonhoso e parcial. Não se tem tido cuidado em escolher os melhores. Só sorteando se pode defender os árbitros».
 
De todo o modo, o antigo internacional da AF Braga só admite um sorteio «muito condicionado».
 
E avança: «Condicionado aos melhores e mais credenciados, com estatuto de internacional, para os grandes jogos. Condicionado ao facto dos árbitros que possam estar numa fase mais negativa a nível psicológico ou físico não entrem como hipótese para os jogos mais difíceis. Tudo isso pode ser previsto. Com um quadro tão alargado de árbitros, a maior parte dos jogos poderá ter 12, 14 nomes possíveis. Outros talvez um pouco menos. Mas será sempre possível fazer um sorteio condicionado e, na minha opinião, isso é preferível ao sistema de nomeações, pela forma como elas estavam a ser feitas. Os árbitros têm que ser defendidos».
 

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O que correu assim tão mal na época passada para ser assim tão necessária essa alteração? Fortunato acha que sim: «Houve nomeações muito polémicas. Lembro a escolha para o Benfica-Estoril (ndr: João Capela) e lamento que um árbitro que era quase de segunda divisão tenha sido escolhido para um jogo tão importante como o V. Guimarães-FC Porto».
 
Fortunato lembra ainda o que se passou com Marco Ferreira: «Aquele telefonema ao Marco Ferreira antes do jogo do Rio Ave-Benfica foi dúbio. E, na minha opinião, ele esteve muito bem nesse jogo e também no Braga-Benfica. Não consigo perceber porque é que desceu…»
 
Por tudo isto, Fortunato Azevedo diz estar «completamente de acordo com a posição defendida pelo presidente do Sporting, Bruno de Carvalho».
 
Sortear os observadores
 
Sorteio, para Fortunato Azevedo, não deve ser só para os árbitros. «Devem ser também para os auxiliares e para os observadores, ou seja para quem ajuda a classificar».
 
«Árbitros já ganham muito, não precisam de ser profissionais»
 
Para Fortunato Azevedo, a profissionalização é uma falácia.
 
«Os árbitros já ganham muito. Conheço árbitros jovens, que dirigem essencialmente jogos da segunda, que ganham bem ao dirigir partidas. E é bom que assim seja. Têm bons equipamentos, boas condições, não lhes falta nada», comentou.
 
Por isso, para Fortunato, é um perigo caminhar-se para uma sistema de profissionalização para quem está dependente de classificações: «Veja-se o que aconteceu ao Marco Ferreira. Apostou na arbitragem a tempo inteiro e agora ficou sem o seu emprego…»


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