Brasil, Portugal, Grécia, Portugal de novo… Bracali trocou o Panetolikos pelo Arouca e em poucos jogos tornou-se numa referência da equipa de Lito Vidigal.

É um dos quatro totalistas dos arouquenses, jogou todos os minutos em 10 jornadas da Liga e duas eliminatórias da Taça, onde ainda no último fim-de-semana foi decisivo para garantir a passagem aos oitavos-de-final no desempate por grandes penalidades frente ao Desp. Chaves.

«Não sonhamos com as competições europeias», confessa ao MAISFUTEBOL sobre os objetivos para esta época o guarda-redes brasileiro de 34 anos, que na Grécia era tratado como superestrela e em Arouca sente a mesma responsabilidade como se estivesse a jogar com 50 mil adeptos na bancada.


Está satisfeito com o regresso a Portugal que o Arouca lhe proporcionou?
Sem dúvida. É claro que estamos a falar de uma realidade diferente daquela que eu estava habituado. É um clube pequeno, de uma vila pequena… Mas estou contente por ter regressado.

Tem-se adaptado bem ao treinador Lito Vidigal?
O Lito mostra uma grande serenidade em tudo o que faz. É muito tranquilo e acima de tudo competente.

O que achou daquele episódio em que ele se envolveu com o Naldo, no jogo com o Sporting?
Ele diz que (depois do empurrão) nem percebeu bem onde estava… [risos] Na verdade, prefiro um treinador que viva intensamente o jogo a um que baixe os braços numa altura em que está em desvantagem e pense «contra o Sporting é normal perdermos…».

Já defrontou os três grandes esta época. Qual lhe parece mais forte?
Só posso falar dos jogos que disputámos. A verdade é que vencemos o Benfica e com o Sporting só perdemos nos momentos finais porque houve um penálti não marcado a nosso favor, que foi decisivo no resultado. Com o FC Porto não houve discussão; eles dominaram o jogo e ganharam bem.

E o objetivo para esta época qual é?

Nos outros anos, o Arouca jogou para não descer de divisão; agora, há que garantir esse objetivo o mais rápido possível para não ficarmos a depender das últimas jornadas. Pode ser que façamos um campeonato tranquilo e terminemos a meio da tabela. Não sonhamos em ir às competições europeias. É muito difícil, até porque trocámos de treinador e há muitos novos jogadores.

Esteve dois anos na Grécia. Que diferenças notou em relação à Liga Portuguesa?
Paixão dos adeptos é maior. Em Agrinio, uma cidade de 100 mil habitantes, só se falava no Panetolikos e os jogadores andam na rua como superestrelas. Por outro lado, a Liga Grega não tem jogadores com tanta qualidade e eles adoram os treinadores portugueses. O meu treinador era fã… Conversava comigo e tinha muita curiosidade de saber como era o futebol cá. Ah, e os árbitros são horríveis.

Horríveis como?
Erram de propósito. No primeiro lance do primeiro jogo que fiz lá, frente ao Panathinaikos, foi logo grande penalidade contra nós: 1-0. Conheci os árbitros logo aí…

A crise social que a Grécia vive sente-se no futebol?
Sei de muita gente que em pouco tempo passou à condição de desempregada e a viver na pobreza. No meu clube, tive zero queixas. O proprietário é um grego dono de uma empresa de aviões na Suécia… Tivemos sempre pagamentos em dia, um excelente centro de treinos, um bom estádio, que era pequeno mas tem excelente atmosfera em dias de jogo…

É uma grande diferença defender uma baliza com 50 mil nas bancadas ou só com cinco mil?
Jogar com 50 mil é mais motivador, mas em termos de concentração é igual. Joguei pouco no FC Porto, mas acredito que se tivesse chegado a titular dava conta do recado, estivesse o estádio cheio ou não. Mas pressão também sinto no Arouca. Se não ganharmos, aparece alguém a cobrar, do género «então, Bracali, já jogaste no Nacional e no FC Porto e aqui não consegues defender uma bola?» Ainda assim, nota-se a diferença de jogar num clube de dimensão mundial como o FC Porto. O Casillas saiu do Real Madrid e veio para onde?