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Arsenyi Lavrentyev e Daniela Inácio são os primeiros portugueses a competir na maratona de Águas Abertas, que, também pela primeira vez, será olímpica. Estão entre os 25 melhores do mundo e será entre eles que vão nadar orgulhosamente por Portugal.
«Para mim, participar nos Jogos Olímpicos foi uma coisa inacreditável e quando consegui, na primeira semana ou duas, nem conseguia acreditar: vou nadar nos Jogos, todos vão poder ver-me na televisão... inimaginável», contou Arsenyi. «Acho que é um momento único, uma viragem na nossa vida. Sempre foi algo quase inalcançável ir aos Jogos, muito menos nesta modalidade, é um orgulho enorme poder estar lá», reforçou Daniela, ambos em entrevista ao Maisfutebol.
Cresceram a nadar na antiga União Soviética, mas a liberdade de o fazer na natureza foi uma decisão mais madura, tomada apenas em 2006. «A prova na piscina é sempre igual, já antes sabes mais ou menos o que vais ser. Em Águas Abertas, o mesmo sítio, a mesma prova, um dia antes ou depois pode ser completamente diferente. Como aconteceu em Pequim, no apuramento para os Jogos. A prova da Daniela foi calma...», lembrou o atleta do Sport Algés e Dafundo, «e no dia a seguir na prova dele estava uma ventania», acrescentou a nadadora do Belenenses.
Se em Daniela Inácio, desde os seis em Portugal, a origem russa fica pelos traços físicos, o mesmo não pode dizer-se de Arsenyi Lavrentyev. O nome denuncia as raízes, o sotaque confirma-as, mas há dois anos e meio, quando deixou a Ucrânia para se juntar aos pais, recebeu a língua com desenvoltura e o país com carinho. «Recebi o B.I. no dia 13 de Março de 2007 e foi uma luta muito dura para conseguir a naturalização. Há um ano que não conseguia participar nem por Portugal nem pela Ucrânia», recordou.
A dias da prova de qualificação olímpica foi autorizado a competir por Portugal e a demora quase lhe custou a estreia nos Jogos. «Nem quero pensar nisso!», soltou. «Ia pela Ucrânia...», perspectivou Daniela. «Nem ia», respondeu Arsenyi. «Pela Ucrânia não», garantiu.
Entre os 25 melhores do mundo
Em Pequim, no Test Event de Junho passado, Arsenyi terminou em 10º e Daniela em 14º. Os resultados antecipam boas participações, mas tanto um como outro prefere esperar para ver.
«É difícil dizer porque é uma maratona e é sempre diferente, é difícil fazer prognósticos, mas vamos fazer o nosso melhor. Todos os atletas são muito fortes, são os 25 mais fortes do mundo que se conseguiram apurar, se ganhar a alguém já vai ser bom», assegurou. «É sempre difícil adivinhar a nossa classificação porque pode acontecer tudo, depende das outras, não depende só de nós, enquanto numa prova de piscina só dependemos de nós, ninguém nos toca, ninguém nos incomoda», explicou Daniela.
Estão entre os 25 melhores do mundo e, desde já, o feito é de louvar. As hipóteses de voltarem a brilhar mantêm-se na pista de 10km e na ambição que os vai testar ao longo de duas horas de prova. «É possível, não é impossível, por isso quero acreditar que sim», assumiu Daniela, que compete dia 20. «Se não acreditar em mim, ninguém acredita», acrescentou, optimista, Arsenyi, que nada um dia depois.