No dia em que o major voltou, com o estrondo óbvio, ao gabinete (parecia intacto, sinal de que Cunha Leal soube ocupar o espaço que lhe era devido, prestando um serviço difícil à Liga) eis que rebenta o maior escândalo da temporada: o árbitro Hélio Santos usou umas botas do Benfica para dirigir o jogo com o Estoril.
Para muita gente esta poderá ser apenas uma história ridícula, uma notícia sem sentido, uma manchete que envergonha o jornalismo. Não creio.
Se Hélio Santos não tivesse aquelas botas, quem garante que não teria escorregado no momento de mostrar o segundo amarelo a Rui Duarte? Será que outros sapatos não lhe teriam emprestado a clarividência suficiente para sancionar a gravata de Ricardo Rocha a Moses? Se, enfim, as botas fossem outras, teria o árbitro de Lisboa ouvido a boca de João Paulo?
Nunca saberemos. Mas não custa adivinhar que se o árbitro tivesse utilizado outras botas, e não as do Benfica, a história deste campeonato seria sem dúvida diferente. Muito diferente. Ou não.
P.S.: O nível de tudo isto é deprimente. E só pode piorar. No fundo a culpa é do Mourinho: ninguém estava preparado para um campeonato disputado até ao fim. Na urgência, recuperam-se todos os truques e sair limpo da história é a última das preocupações. Ainda bem que só faltam quatro semanas.
Nota: Depois de ler alguns comentários decidi que a partir de agora passarei a colocar, em local bem visível, um dos seguintes avisos: «Atenção, artigo irónico, leia com cuidado» ou «Artigo sério, esteja à vontade».