O Estádio do Lima foi, durante cerca de cinquenta anos, um local de referência para o desporto nacional. Casa do Académico do Porto, foi alugado inúmeras vezes ao F.C. Porto para aí realizar muitos dos seus grandes jogos, porque simplesmente o Campo da Constituição era demasiado exíguo para receber o entusiasmo dos adeptos.

Aí se realizaram, para além de vários jogos com o Benfica, campeonatos nacionais de atletismo, jogos internacionais de andebol e provas de ciclismo, para além dos tais embates internacionais, como o F.C. Porto-Vasco da Gama (1932), F.C. Porto-First de Viena (1934), Portugal-Itália, (1931), Portugal-Áustria (1936) e Arsenal-F.C. Porto (1948).

Tudo começou em 1923, quando apareceu a concurso, para arrendamento, a antiga quinta do Lima, propriedade da Santa Casa da Misericórdia, que ao tempo rendia somente 200 escudos por ano. O Académico foi o maior licitante, tendo conseguido negociar um aluguer de 1600 escudos mensais. O terreno, acidentado, cheio de sulcos, obrigou a grandes terraplanagens, tendo o Académico gasto quarenta e dois contos.

Quatro anos depois, o clube aproveitou o devoluto Palacete do Lima para aí instalar a sua sede, sendo o único na Península Ibérica a conseguir reunir no mesmo local a sede, estádio e anexos, como courts de ténis, jardins de recreio, campo relvado, pistas de atletismo e ciclismo, campo de basquetebol, andebol e hóquei, para além de um campo pelado para treinos. O Estádio possuía, também, vestiários confortáveis e balneários com água quente e fria.

A estrutura, situada entre as Ruas Álvares Cabral, Constituição e da Alegria, possuía um campo relvado, com medidas modernas (105x60); pista de cinza de 400 metros para provas de atletismo; e uma pista de ciclismo, em cimento. Em 1927 são construídas as imponentes bancadas, que viriam a receber muitos milhares de pessoas.

Ao fim de 53 anos, o Académico perderia, em favor da Misericórdia, o seu parque de jogos, não recebendo qualquer tipo de compensação. Os períodos modernos, trazidos pela Revolução de Abril, votariam o clube a uma grave crise, já sem qualquer tipo de ligação aos terrenos do seu antigo estádio, com bancadas destruídas e ocupadas por ervas daninhas e vegetação selvagem, que continuam a imperar no local. Sem rumo, o Lima é hoje local de total abandono e memórias largadas ao vento. O Académico, esse, é apenas um exemplo do que foi no passado e continua a tentar sobreviver à passagem do tempo, sem a certeza de poder chegar ao centenário.