Bruno de Carvalho foi ouvido nesta sexta-feira no Tribunal de Monsanto, e começou a intervenção por dizer não entender como passou de testemunha a arguido no julgamento do ataque à Academia de Alcochete.

«É a primeira vez que me posso dirigir ao tribunal, e acho que devem ficar claras estas situações: quase dois anos depois não compreendo como estou aqui na qualidade de arguido», disse.

«Se for condenado serei o criminoso mais imbecil do mundo», referiu também durante o depoimento.

O antigo presidente garantiu não ter tido conhecimento da invasão e classificou o ataque como «um crime hediondo».

«Nunca soube absolutamente nada de nada (…) Aquilo que se passou em Alcochete foi um crime hediondo, é lamentável e indescritível aquilo que as pessoas passaram», continuou, reforçando a gravidade do caso.

«Nunca em resposta minha seja visto qualquer minimização sobre o que aconteceu em Alcochete e o que foi feito, aos jogadores, a mim e à minha família», apontou.

Bruno de Carvalho realçou também ter conhecimento de os jogadores terem relações próximas com alguns jogadores e que seriam elementos das claques a ajudar os atletas em algumas saídas noturnas.

«Quando jogadores, como William de Carvalho, saíam à noite apesar de não poderem, era comum e quando havia problemas, era à claque que pediam ajuda», disse, voltando a falar do médio que joga agora no Betis.

«Há um arguido ali atrás que à minha frente cumprimentava o William Carvalho», sublinhou, sublinhando «o nível de intimidade».

O ex-dirigente concedeu que teve de haver autorização para que os elementos ligados às claques entrassem na academia dos leões - «é lógico que houve autorização, é lógico que alguém deixou passar estas pessoas» -, mas negou ter sido ele a concede-la e até recordou um precedente que tinha sido aberto por… Jorge Jesus.

«Em 2017, quando o Jorge Jesus permitiu a entrada [das claques] na academia, eu tinha dito que não estavam autorizados a ir e quando questiono o Jesus, pergunto-lhe se era o presidente. Parece que não tem interesse, mas tem. O drama é permitir a primeira vez. E no meu mandato aconteceu essa vez à minha revelia. E depois aconteceu este crime hediondo», concluiu.