O Atlético Clube de Portugal esteve afastado da ribalta nos últimos trinta anos, desde que entrou em declínio nos anos setenta, arredado dos sucessos das décadas de quarenta e cinquenta, quando chegou a duas finais da Taça de Portugal e conseguiu dois terceiros lugares no campeonato. Voltou a sorrir em 2006/07, quando eliminou o F.C. Porto da Taça de Portugal em pleno Estádio do Dragão e, agora, em Maio quando assegurou o regresso ao futebol profissional. Na presente temporada, está a surpreender tudo e todos, com um treinador jovem e um plantel remodelado com nove jogadores emprestados por cinco clubes diferentes.

A amargura de um histórico longe de casa

«O Benfica tem-nos ajudado, não só com os três jogadores que vieram para aqui, mas tem-nos ajudado de outras formas. Mas o Atlético dá-se bem com toda a gente, também temos um jogador do Sporting, três do V. Guimarães, um do V. Setúbal e outro do Estoril, todos em condições que nos agradam. São jogadores que não cabiam nos respectivos clubes e que aqui têm lugar. É a forma como João de Deus trabalha, consegue-os encaixar aqui. Hoje estou muito mais esperançado do que aqui há um mês», conta o presidente Almeida Antunes.

Do Benfica chegaram os avançados José Coelho e Hélio Vaz e o médio Leandro Pimenta. Do Sporting veio Zezinho, grande promessa, preso aos leões com uma cláusula de 25 milhões de euros. O V. Guimarães também deu um forte contributo com a cedência de três jogadores. Gonçalo Silva, Marcelo e Vítor Bastos que agora lidera a defesa. A estes juntam-se ainda Silva (V. Setúbal) e o norte-americano Tony Taylor (Estoril).

«Faz-nos falta o cheiro da Tapadinha»

«É um trabalho de muita gente, há muitos rostos invisíveis com cota parte na construção desta equipa», conta João de Deus. Um plantel com apenas cinco estrangeiros, entre os quais se destaca o guarda-redes australiano Caleb, com apenas três golos consentidos nas primeiras nove jornadas. «Já conhecia este guarda-redes há algum tempo, depois o Carlos Pereira, treinador de guarda-redes, deu o aval técnico para ele ficar. Ele já tinha estado em Portugal a prestar provas noutro clube, mas conhecia-o pelos jogos que fez na sua equipa nos Estados Unidos», conta ainda o treinador.

Deus na Tapadinha com a bênção de Jesus

Um plantel irreverente que vai somando pontos ronda após ronda, mesmo sem poder jogar no seu estádio. «Nesta altura, já com um terço do campeonato decorrido, já é uma situação a que nos habituámos. A Reboleira é o nosso talismã porque é onde podemos jogar, só por isso. De qualquer forma, queremos voltar a jogar na nossa casa. Vamos ver se é possível», conta João de Deus.

Para já a casa do Atlético é a Reboleira e é na Amadora que a equipa de Alcântara vai jogar três dos próximos quatro jogos. A expectativa pode crescer ainda mais com o final da primeira volta. «A nossa expectativa é jogar para tentar ganhar. Vamos entrar com o mesmo espírito, com a mesma vontade e determinação para conseguir pontos. Depois, se a sorte nos continuar a acompanhar, estaremos mais próximos de vencer. Não sei se é possível, mas vamos tentar», comenta o treinador.

Um «globetrotter» na Tapadinha com uma «marca fantástica

O presidente Almeida Antunes lamenta não poder jogar na tapadinha, mas por outro lado não esquece que a equipa tem sido feliz na Reboleira. «Sim, tem dado sorte, mas a cada dia que passa, vou-me apercebendo que isto não é fortuito. A base deste sucesso é a relação especial que temos aqui, a união entre todos e o trabalho», referiu.