A IAAF (Associação Internacional de Federações de Atletismo) considera que as notícias sobre doping no atletismo publicadas já esta semana pelo jornal inglês Sunday Times pelo canal alemão ARD são «sensacionalistas e enganadoras».

Em comunicado, a entidade sublinha que os resultados a que se faz referência nas reportagens «não são controlos antidoping positivos, e que de resto a ARD e o Sunday Times reconhecem que as suas avaliações não valem como prova». A IAAF acrescenta ainda que as suspeitas não valem, por si só, como provas.

Recorde-se que nas reportagens referia-se que as amostras sanguíneas de 800 atletas de topo apresentavam «valores suspeitos ou altamente suspeitos», sugerindo um processo generalizado de dopagem de grande amplitude. No meio-fundo (800 metros à maratona), por exemplo, um terço dos medalhados olímpicos e mundiais entre 2001 e 2012 estaria nesse grupo, sem que no entanto qualquer nome seja avançado.

A ARD, no sábado, e a edição de domingo do Times basearam-se na análise de 12 mil exames sanguíneos entre o referido período, envolvendo cinco mil atletas que fazem parte de uma base de dados da IAAF.

Para fundamentar a defesa, a IAAF socorreu-se de um especialista, o hematologista Giuseppe D'Onofrio, que critica o que diz serem «os atalhos, a abordagem simplista e o sensacionalismo, quando está em jogo a carreira de atletas». D'Onofrio, refira-se, foi um dos cientistas que trabalharam na criação do passaporte biológico, obrigatório para os atletas desde 2009.

«Não há um sistema perfeito de apanhar os batoteiros, mas a IAAF está na linha da frente em matéria de controlos antidoping há vários anos. E no quadro do passaporte biológico, um programa pioneiro, mais atletas foram suspensos pela IAAF do que por todas as outras federações e agências antidopagem juntas», refere ainda o comunicado.

A IAAF avança ainda com números globais: mais de 19 mil testes sanguíneos desde 2001, dos quais 11 mil desde 2009 e a introdução do passaporte biológico.

Desde então, 141 atletas tiveram controlos positivos por EPO, desde o primeiro caso, em 2001, e 39 foram sancionados desde 2011, com 24 processos ainda em análise.