Chamam-lhe «silly season». Eu vou chamar-lhe «estação parva», numa tradução livre e objectivamente muito mais interessante para a minha análise do que se passou neste tempo todo que passámos sem futebol a sério. Curiosamente, este fim de estação coincide com o regresso dos políticos, com a Festa do Pontal, a ausência de Ferreira Leite e os sound bites de Francisco Louçã, Paulo Portas, Santana Lopes, todos eles. Enquanto isso, Cavaco Silva vai a banhos em Albufeira (com o espaço aéreo interdito para não ser incomodado) e José Sócrates esconde o destino de férias.
Mas, para nós, a quem já só interessa a bola na relva e a rolar rápido, é bom saber que brevemente poderemos passar o tempo todo a ver jogos. Competições europeias, Supertaça portuguesa, Bundesliga, Premiership, Ligue 1 e depois a Liga espanhola, o Calcio (pelo meio os Jogos Olímpicos, a Volta a Portugal, a Vuelta).
E o que é que nos ocupou nestas semanas? Parvoíces.
Mourinho chegou a ser o futuro treinador do Benfica. E se não fosse ele seria Eriksson, Queiroz ou, na pior das hipóteses, Zaccheroni. Bem, veio Quique... e Rui Costa que se aguente.
Miguel Veloso foi apontado como reforço do Manchester United, João Moutinho esfalfou-se para representar o Everton, mas Paulo Bento segurou-os e ainda teve o improvável Hélder Postiga como prémio.
Miccoli, Simão e até Saviola preencheram páginas como possíveis reforços do F.C. Porto. Jesualdo contentou-se com Hulk, Givanildo Hulk, depois do doce dado por Pinto da Costa embrulhado em nome de rival: Christian Rodriguez. Um substituto ideal para Quaresma, o eterno enfadado e «jogador para qualquer equipa», mas que continua com «problemas físicos» e sem ser opção para Jesualdo. O senhor 40 milhões, afinal, não consegue sequer convencer como miúdo 20 milhões e vai fazendo beicinho.
Esta «estação parva» que nos ocupou foi recheada de ilusões e espanhóis a conquistar títulos. Valeu-nos Ronaldo, que aqueceu um trio amoroso com Nereida e o Real Madrid, mas abandonou-os no altar, sem direito a partilha de bens. Uma pequena vitória, uma derradeira «parvoíce».
«Futebolfilia» é um espaço de opinião da autoria de Filipe Caetano, jornalista do IOL, que escreve aqui todas as quartas-feiras