O CALENDÁRIO DO MUNDIAL

Uma derrota, um empate e uma vitória. Este foi o saldo objetivo da participação portuguesa no Campeonato do Mundo com a eliminação da Seleção Nacional do Mundial do Brasil. É o saldo objetivo que, continuando dentro dos factos, reflete que Portugal foi eliminado com quatro pontos conseguidos – os mesmos que chegaram aos Estados Unidos para passar (e também à Grécia, no Grupo C).

Portugal ficou pelo caminho pelo número de golos que marcou e sofreu neste Mundial. Os números da derrota na estreia contra a Alemanha não conseguiram ser invertidos, como acabou por ficar consumado nesta quinta-feira, num jogo em que até teve várias ocasiões muito claras de fazer mais golos – ao mesmo tempo que a Seleção Nacional ficou em vantagem no marcador com um autogolo do Gana.

As análises ao desempenho português – às suas razões de ser – no Mundial do Brasil (que também já foram prometidas) ficarão para os espaços respetivos pelas personagens respetivas. Mas, nesta quinta, as evidências verificadas nos dois jogos mostraram (se continuasse a ser preciso) que Portugal tem uma seleção com qualidade para passar um grupo como este em que acabou por ser eliminado. 

O «L`Equipe» reagiu assim



No jogo com o Gana, o meio campo teve novos jogadores como William Carvalho e Rúben Amorim que fizeram a equipa render mais, assim como João Moutinho também foi mais influente, assim como Cristiano Ronaldo foi mais decisivo. Portugal melhorou, mas não o suficiente para aproveitar uma vitória da Alemanha.

Eis algumas das reações na Seleção Nacional após o jogo:

«Estava ao nosso alcance, tudo fizemos, mas não conseguimos»

«Aquele primeiro jogo foi muito complicado…»

«Percebemos que era possível»

«Tivemos o que merecemos»

A ficha de jogo e a crónica do Portugal-Gana.

O caminho dos Estados Unidos para os oitavos de final foi (de forma irónica para Portugal) feito com passos opostos aos dos portugueses: os EUA começaram com uma vitória, empataram também pelo meio e fecharam o grupo a perder. Apuraram-se com a equipa a cair de produção. Ou, na forma contrária, estão a cair de produção, mas apuraram-se.

A ordem dos fatores é indiferente para este resultado. E se qualquer equipa deve legitimamente aspirar a passar a fase de grupos, Klinsmann já avisou quem se tomar como favorito frente aos EUA. Nos oitavos de final, com a Bélgica, os norte-americanos também surgirão como os menos cotados. Ver-se-á como respondem no jogo a eliminar com mais outro favorito.

Nesta quinta-feira, em que beneficiavam de um cenário no Grupo G em ainda podiam perder e apurarem-se – como aconteceu – os norte-americanos jogaram muito pouco frente a uma seleção bastante mais forte, mas que também não precisava de ganhar para seguir em frente. O resultado – como é sempre – foi independentemente de tudo o mais importante. E a seleção dos EUA foi seguida e saudada ao mais alto nível.

Barack Obama viu o jogo em viagem no seu avião presidencial e, quando aterrou, fez questão de felicitar a equipa no início de um discurso em Minneapolis.



A Casa Branca tratou as felicitações da sua seleção como um assunto de Estado.


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Neste jogo com a Alemanha, os EUA estiveram bastante diferentes dos jogos anteriores e, apesar o jogo lento, sem muito remates e pouca emoção na primeira parte, ainda foram equilibrando a partida. Mas, no segundo tempo, os norte-americanos não mostraram a mesma disponibilidade física nem atitude competitiva que lhes deu frutos.

E acabaram por ser vítimas de uma Alemanha com muitas mais capacidades e soluções (Joachim Löw fez descansar Khedira e Götze de início) e que, dominando por completo a segunda parte do jogo, acabou mesmo por ganhar um encontro – aproveitando também para lavar a imagem de há 32 anos que ficou conhecidas como «A Vergonha de Gijón» nestes dias recuperada.

[Como um empate nesta quinta-feira servia a alemães e a norte-americanos para passarem ambos aos oitavos de final, foi recuperada a memória do Alemanha, 1 – Áustria, 0 do Mundial de 1982 – quando os germânicos chegaram ao resultado que lhe interessava (e servia também aos austríacos) aos 10 minutos de jogo e mais nenhuma das equipas atacou a área da outra no resto do encontro.]

A ficha de jogo e a crónica do Estados Unidos-Alemanha.

A equipa que em 1982 acabou eliminada em consequência do resultado entre alemães e austríacos foi a Argélia. Por coincidência – ou não – será a Argélia que os alemães irão defrontar nos oitavos de final do Mundial do Brasil. À segunda vez num Campeonato do Mundo, os argelinos conseguiram mesmo passar aos «oitavos». E fizeram-no à custa da Rússia e com um golo se Slimani.

Com apenas uma vaga em aberto no Grupo H, argelinos e russos discutiam diretamente entre si quem acompanharia a Bélgica à fase seguinte. No tudo ou nada, a Rússia precisava de ganhar e Fabio Capello arriscou no ataque juntando pela primeira vez Kokorin e Kerzhakok. Num jogo disputado pelas duas partes, os russos marcaram cedo e saíram a vencer para o intervalo.

Mas o que se tinha visto ao longo destes jogos do Grupo H voltou a registar-se no segundo tempo. A Argélia tem bons jogadores e uma alma que complementa a qualidade de uma equipa que não é de topo. Mas, assim, não pode ser subestimada. Os russos voltaram a mostrar que têm poucas soluções e que estão longe do que mostraram na fase de apuramento – de que é exemplo os dois pontos que apenas fizeram nesta fase.

A ficha de jogo e a crónica do Argélia-Rússia.

No outro jogo do Grupo H, a Coreia do Sul ainda aspirava também ao apuramento mesmo estando ainda na dependência do resultado do outro jogo. Frente à já qualificada Bélgica (a jogar apenas para manter o primeiro lugar), os coreanos voltaram a mostrar que correm, querem, mas que não sabem… pelo menos tanto como os seus adversários.

A Bélgica aproveitou para dar descanso a alguns jogadores e estrear outros – como Steven Defour – e, com mais ou menos facilidade tornou-se a quarta seleção deste Campeonato do Mundo a ganhar todos os jogos do seu grupo.

A ficha de jogo e a crónica do Coreia do Sul-Bélgica.

A figura: Slimani Islam Slimani marcou o golo da Argélia que deu o empate com a Rússia e o consequente apuramento para os oitavos de final, que a seleção africana consegue pela primeira vez. A perder e fora do Mundial, a Argélia precisava de marcar para conseguir, pelo menos, o empate que já servia as intenções. Slimani marcou e foi, obviamente, eleito o «homem do jogo».

O avançado do Sporting recebeu a distinção da FIFA pela segunda vez. Já na vitória sobre a Coreia do Sul (4-2) Slimani foi considerado o jogador mais importante, depois de ter inaugurado também o marcador e feito uma assistência para mais um golo da sua seleção.

Slimani é um dos casos que melhor refletem esta seleção argelina. Não é o avançado que mais deslumbra tecnicamente, mas tem sentido de oportunidade, garra e é extremamente eficaz; exponenciando as suas capacidades inicialmente menos prometedoras – assim o é também a Argélia.

«É um sonho tornado realidade para mim. Mas não só para mim, é todo o grupo que deve ser louvado. Jogámos bem e merecemos a qualificação. Este prémio é um verdadeiro bónus. Adoro jogar nesta equipa», disse Slimani.

O número: 44 Os minutos que Defour arrisca a ter jogado neste Mundial. A previsão tem a reconhecida futurologia e é perfeitamente falível, mas tem também por base as opções do selecionador belga. E a expulsão do médio do FC Porto ainda antes do intervalo do jogo com a Coreia do Sul acentuará essas opções que têm sido tomadas.

Primeiro do que tudo, pelos factos. Defour vai ficar suspenso e não será definitivamente opção da seleção belga para os oitavos de final frente aos Estados Unidos. A conclusão não factual decorre das escolhas (de facto) que Wimots tem feito neste Mundial. Defour foi a última opção sendo utlizado pela primeira vez neste jogo em que o apuramento já estava garantido.

No primeiro jogo dos belgas, Wilmots jogou com Witsel e Dembelé, no segundo utilizou Witsel e Fellaini. Neste jogo (já só) para garantir o primeiro lugar do grupo H, Defour foi expulso por uma entrada violenta aos 44 minutos de jogo.



A frase: «Toda a gente dizia que não tínhamos hipóteses», foi o grito de vitória lançado por Jürgen Klinsmann no comentário ao apuramento dos Estados Unidos para os oitavos de final.

O caso: A expulsão de Mutari e Boateng. O caso dos prémios de jogo por pagar aos jogadores do Gana durou vários dias até à véspera do decisivo encontro com Portugal. Este caso pautado por ameaças por parte dos jogadores, de falta de comparência ao último jogo do Grupo G, ficou resolvido a tempo. Mas os problemas na seleção do Gana não acabaram.

Neste mesmo dia de jogo, novo caso abalou a seleção africana. Sulley Muntari e Kevin-Prince Boateng foram expulsos da seleção e dois dos principais jogadores da equipa ganesa acabaram por não fazer parte do jogo mais importante do Gana neste Mundial.

Muntari foi acusado de agredir um elemento da federação ganesa. Boateng foi acusado de ter insultado o selecionador Kwesi Appiah. O jogador do Sschalke 04 desmentiu as acusações e diz ter sido ele o insultado tendo explicitado a sua versão a um jornal alemão.

O Gana é uma seleção que chegou a este mundial como participante nos quartos de final em 2010. E chegou à última jornada deste grupo a discutir o apuramento para a segunda fase. Deixando de lado o futebol que conseguiu jogar frente a Portugal para defender os seus interesses, o Gana deu tiros nos pés suficientes para que as coisas corressem mal na altura das decisões.

Sensivelmente à hora do Portugal-Gana, Boateng publicou esta fotografia com Mutari.


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