O que se passa com o futebol brasileiro? Os clubes continuam fortes (Fluminense campeão brasileiro; Corinthians campeão sul-americano e, mais recentemente, mundial; São Paulo vencedor da Copa Sul-Americana; Santos com a joia da coroa, Neymar), mas a verdade é que escasseiam as grandes estrelas.
Em entrevista ao Futebol Brasil, Baltemar Brito, atual treinador do Grêmio Osasco, reconhece o problema: «Esta não é, de facto, a melhor fase do futebol brasileiro nesse aspeto. No Brasil há imensos talentos, jovens com muita qualidade, mas há aqui um problema na base, no futebol de formação. Os clubes têm que voltar a trabalhar melhor esse aspeto. Não faltam jovens com qualidade, é preciso saber aproveitá-los».
Com exceção de Neymar, a estrela que os colossos da Europa desejam e o Santos continua a manter, não surgem muito mais craques de nome feito no Brasil. «Destacaria também o Lucas, que é um grande jogador e tem tudo para vencer no Paris Saint-Germain».
O exemplo de Lucas é, na perspetiva de Baltemar Brito, paradigmático do que acontece com os jogadores brasileiros: «Aposto que ele vai progredir imenso em França e na Europa. Já é um grande craque no São Paulo, mas ainda muito moço. O Lucas quando for para o PSG vai ter que jogar para a equipa, vai ser mais um. Não é mais estrela, só. Nos clubes brasileiros tem esse problema. O caso do Neymar no Santos, então, diz tudo: parece que os outros jogadores querem é ver o Neymar, não tentam ser eles próprios cada vez melhores...»
Baltemar Brito tem uma teoria para a crise de novos talentos no Brasil: «Nos últimos dez anos, houve uma evolução dos clubes que não foi boa para os miúdos. Quando era miúdo, jogávamos na rua, tínhamos que ultrapassar todo o tipo de adversidades: tínhamos que fintar as pedras, a lama, os carros... Isso nos preparava para tudo. Hoje, um miúdo de dez anos tem tudo: tem a bota mais cara do mercado, joga logo no gramado. Perde-se um pouco da magia, da pureza inicial».