Cumprir os mínimos, vencer o jogo (2-1) e, sem forçar, aproveitar uma boa oportunidade de reforçar o moral e consolidar a identidade. Em síntese, foi este o balanço do desempenho do Marítimo diante do Bangor. A vitória no jogo da segunda mão era o objectivo traçado por Mitchell Van der Gaag, em jeito de estímulo extra, face à almofada de seis golos trazida da Madeira.

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E o início dos madeirenses prenunciava uma repetição das facilidades do primeiro jogo, com o guarda-redes Paul Smith a assinar, logo aos 5 minutos, a primeira de muitas defesas valiosas, a remate de Marquinho. Talvez essas facilidades tenham precipitado um adormecimento da equipa de Van der Gaag, perante a energia pouco esclarecida do seu adversário semiprofissional.

O certo é que logo no primeiro lance de bola parada nas imediações da área de Marcelo, o Bangor abriu o marcador, levando ao delírio as poucas centenas de adeptos que acompanhavam a sua equipa em campo emprestado: perante a passividade do guarda-redes e dos defesas verderubros, Bull quase nem teve de saltar para, de cabeça, dar destino ao cruzamento de Edwards (9 m).

Este golo teve o duplo efeito de moralizar os galeses e perturbar a equipa madeirense, que durante 15 minutos deixou que o jogo se nivelasse por baixo. Só a partir dos 25 minutos, com Danilo Dias (belo reforço!) a puxar os cordelinhos, o Marítimo voltou a mandar na partida. Smith prologou o estado de graça, com mais três intervenções decisivas, Danilo acertou no poste (34 m) e os galeses fizeram a festa no fim da primeira parte com uma vantagem surpreendente, que não deixaria de merecer um puxão de orelhas de Van der Gaag aos seus jogadores.

A conversa ao intervalo vincou as diferenças: bastaram dez minutos de intensidade superior para o Marítimo arrancar os primeiros amarelos aos galeses e, mais importante do que isso, dar a volta ao marcador. Primeiro foi o estreante Adilson a aproveitar mais um bom passe de Danilo para restabelecer a igualdade, depois a velocidade de Marquinho, após pontapé longo de Marcelo, consumou a reviravolta ainda antes de atingidos os 60 minutos.

Com o orgulho recuperado e o Bangor a acusar um indisfarçável desgaste físico, Van der Gaag teve, enfim, carta branca para gerir esforços, poupando Danilo, Adilson e Marquinho. Ainda assim, ficou sempre a sensação de que com um pouco mais de precisão na pontaria, o Marítimo não teria sentido dificuldades para somar nova goleada, com Tchô a acertar também no poste e os recém-entrados Dylan e Fidélis a desperdiçarem novamente boas oportunidades. Agora, fica a convicção do dever cumprido, os bons indicadores de Danilo, Tchô e Adilson e também a certeza de que no play-off não haverá tantas facilidades, até porque o Marítimo não será cabeça-de-série no sorteio desta sexta-feira.