As apostas entre Baradji (Naval) e Yebda (Benfica) correm o risco de passar para a história da Liga portuguesa. Amigos de longa data, desde os tempos passados em comum em clubes quase de bairro até à maturidade no Le Mans, os dois médios, transformados agora em adversários em terras lusitanas por coincidência logo na mesma época, gostam de assinalar estes momentos de reencontro com saudáveis desafios que, para já, metem sobretudo tentativas de alterar o visual de cada um.
Na primeira volta, o jogador dos figueirenses estabeleceu como meta obrigar o antigo colega a fazer um penteado ao estilo do cantor popular francês Claude François em caso de vitória ou apenas empate da sua equipa em pleno estádio da Luz. Como o Benfica venceu, ficou tudo sem efeito, até porque o parceiro de aposta não lhe impôs qualquer obrigação. Agora, para o segundo jogo, a parada subiu. «Se a Naval ganhar, ele vai ter de cortar o cabelo como eu, ou seja, vai ter de o rapar. Se for o Benfica a vencer, eu serei obrigado a pintar a careca de loiro durante dois jogos, como o Cissé», desvenda ao Maisfutebol o camisola 19 navalista.
A confiança entre ambos é tal que Baradji até promete levar uma máquina para rapar a cabeça ao benfiquista, que guardará no cacifo do balneário, à espera de executar ele próprio o castigo no final do jogo: «Vou levá-la, sim senhor! É para me certificar que ele não arranja desculpas. No regresso da Figueira para Lisboa pode acontecer muita coisa e eu não foi facilitar. Se o Hassan [Yebda] rapar o cabelo nos próximos dias adivinhem quem foi o barbeiro [gargalhadas]? São três minutinhos, não custa nada e é de borla!»
A embirração do jogador da Naval com o penteado do amigo vem de longe. «Ele sempre teve o cabelo daquela forma e confesso que me irrita. Já o tentei convencer a mudar várias vezes e nunca consegui. Pode ser que seja desta. Se ele tiver tomates e assumir as coisas como deve ser, não escapa!», reitera o médio francês, ele próprio deliciado com a situação.
Jogo para ser levado a sério, brincadeiras à parte
A boa-disposição de Baradji chega a ser contagiante. A capacidade que tem de produzir piadas sobre o amigo do Benfica é desconcertante mas na altura de analisar o jogo, a expressão é outra, pois o médio dos figueirenses gosta de separar bem as águas: «Não quero que as pessoas pensem que estamos a encarar o jogo como uma brincadeira. Isto é apenas um pequeno folclore entre nós, vamos levar o encontro muito a sério, acreditem. Não se trata de um jogo entre o Sekou [Baradji] e o Hassan [Yebda], mas sim entre a Naval e o Benfica, uma partida de campeonato, com muita coisa em causa.»
O tom sério prossegue quando se trata de analisar as hipóteses da sua equipa perante um colosso: «Se entrarmos bem, isso irá motivar-nos ainda mais. No futebol, não há impossíveis. Temos tudo a nosso favor. Só precisamos de nos superar.»