Seis anos depois do título conquistado pelo F.C. Porto em Gelsenkirchen, José Mourinho volta a uma final da Liga dos Campeões! Ao perder por 1-0 em Camp Nou, o Inter fez valer a vantagem trazida do Giuseppe Meazza (3-1) e quebrou um jejum de 38 anos longe da decisão do título europeu.

Num jogo marcado pela expulsão de Thiago Motta, aos 28 minutos, o golo de Piqué foi prémio insuficiente para um Barcelona bloqueado pela implacável organização defensiva dos italianos. Mesmo massacrando na posse de bola, raramente o Barça encontrou inspiração para entrar com perigo na área de Júlio César.

Bem se pode dizer que o Barcelona foi de autocarro para Milão mas o Inter chegou de autocarro até Madrid. O campeão italiano protagonizou um «catenaccio» à moda antiga, terminando o jogo com apenas um remate, que passou bem longe da baliza de Valdés.

As coisas complicaram-se para o Inter antes do jogo, com a lesão de Pandev a forçar a titularidade de Chivu. Voltaram a complicar-se aos 28 minutos, quando Thiago Motta, já amarelado, colocou a mão na cara de Busquets num lance dividido. Influenciado pela pressão do público, Franck de Bleeckere mostrou um amarelo severo ao médio brasileiro, que deixou o campo em fúria, pedindo satisfações a Busquets pela teatralização do lance.

Se até aí o Inter pouco tinha atacado, a partir daí a equipa de Mourinho passou a ter a organização defensiva como única prioridade. Entregue a um jogo de sentido único, o Barça mostrou desconforto com a situação, penando para encontrar espaços junto à área de Júlio César. Aos 32 minutos, Messi apareceu finalmente, mas o seu remate mereceu uma defesa fantástica do brasileiro. Foi a única oportunidade real do Barcelona até ao intervalo, apesar de muitos remates que passaram longe do alvo.

A tendência prolongou-se na segunda parte, com o Inter a abdicar de pudores para fechar os caminhos. Cambiasso e os centrais eram gigantes a afastar o perigo e Guardiola prescindia de Ibrahimovic, que passou ao lado do jogo.

Com Bojan em cunha, os catalães, aproveitaram o desgaste do Inter para criar mais perigo na área. Aos 80 minutos, Bojan falhou clamorosamente após cruzamento de Messi, cabeceando ao lado. Era o sinal do que estava para vir: a sete minutos do fim, o recém-entrado Muntari demorou a subir e deixou Piqué no limite do fora-de-jogo. O central, reconvertido em ponta-de-lança, trabalhou bem sobre Córdoba e Júlio César e incendiou o Camp Nou.

Os últimos minutos foram de uma intensidade louca, com o Inter a sofrer, e Bojan a ver o 2-0 invalidado por mão de Touré. Pouco depois de Bleeckere apitou pela última vez, e Mourinho entrou em campo, festejando de de dedo em riste no centro do relvado, para frustração dos catalães. Ficava adiado o sonho culé de festejar o título europeu em casa do Real Madrid. Ficava também confirmada a maldição da Champions: nunca um campeão conseguiu repetir o título, de 1992 para cá.

Veja o golo de Piqué:



Veja a expulsão de Thiago Motta: