Depois de uma entrada em falso, contrariando o hábito de começar de pé direito, a fórmula Ulisses Morais resultou à segunda no Beira Mar. A chicotada fez efeito e a vitória veio na melhor altura, depois das derrotas dos mais diretos concorrentes. Consumiu-se, assim, o regresso aos triunfos três meses depois!

O impacto deste resultado é tanto maior que os beira-marenses não ganhavam em casa desde 6 de Novembro do ano passado, há mais de quatro meses, quando bateram o Feirense. Essa era, de resto, a única vitória em Aveiro dos aurinegros esta época.

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Do lado do Gil, a fase da euforia, depois das vitórias sobre o F.C. Porto e o Sporting, já passou e a equipa não ganha há quatro jornadas, agora com três derrotas pelo meio, entre elas duas frente a rivais da mesma luta.

Os minhotos caíram para o 11º lugar, ainda assim em terrenos tranquilos, e os 23 pontos, nesta altura do ano, indiciam que o objetivo está próximo. O brilho, esse, é que começou a desaparecer...

Metam o chinês a defender que ele marca

A primeira surpresa da tarde foi para a colocação de Zhang, normalmente em foco pelos golos e bons desempenhos no ataque, como médio defensivo. A opção poderá ter ficado a dever-se ao fato de Ulisses Morais, privado de Nuno Coelho, não ter querido abdicar de um esquema em 4-2-3-1.

Mesmo jogando em casa e com necessidade absoluta de vencer, o técnico preferiu, como é seu apanágio, a disciplina tática, o rigor e a consistência à criatividade ou qualquer dose de risco. O chinês mostrou tranquilidade nas novas funções, procurando não inventar, e até acabou recompensado por isso.



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O Gil, curiosamente, respondeu exatamente com o mesmo figurino e o encaixe foi, durante largo tempo, quase perfeito. Os desequilíbrios, quase sempre para o lado dos da casa, aconteceram em lances de bola parada, com Nildo, Cássio e Jaime a protagonizarem os lances mais dignos de serem chamados de oportunidades de golo.

Com os galos a não se fazerem rogados perante os cuidados aveirenses, o jogo só poderia ter decorrido em toada de baixa intensidade, sem rasgos individuais, face à incapacidade de uns para conseguir mais e o comodismo dos outros, a quem a posição tranquila permite estes relaxamentos.

O perigo aveirense, que vinha das bolas paradas, deu por fim frutos num livre da direita de Artur, que André Marques recuperou do outro lado e, com um cruzamento, colocou a bola na cabeça de Zhang. O chinês fazia jus à vocação, num lance em que pôde subir no terreno, e o jogo sofria uma viragem. Agora, os minhotos tinham de mudar de estratégia, enquanto os aurinegros podiam apostar nas transições.

Espartilhos rasgados, soltaram-se os talentos e o nervo passou a mandar na partida. Os aveirenses suportaram a carga, passaram até a pressionar mais à frente para cortar pela raiz as iniciativas do adversário, e Ulisses voltou a provar por que razão é considerado um mestre em resolver crises.