A tarde era cinzenta, com a chuva em constantes ameaças, mas no relvado houve alegria, muito alegria, em Aveiro. O Beira Mar não ganhava em casa para a Liga desde 29 de Abril e tinha pela frente um adversário invicto pelas terras da Ria há 33 anos!

Um empate bastaria ao Rio Ave para passar o ano no quarto lugar, mas não contava com o melhor jogo dos aurinegros esta época. Como a equipa de Nuno E. Santo não é de jogar mal, quem ganhou foi o espetáculo. Grande jogo de futebol, belos golos, e uma medalha com reverso: os aveirenses dão outro salto na tabela, enquanto os de Vila do Conde têm agora o quarto em perigo.

A sorte aveirense começou a mudar logo ao segundo minuto de jogo. Ainda não se tinha percebido muito bem as estratégias das equipas e já Serginho fazia um golo quase de baliza a baliza. Grande mérito para o rapidíssimo extremo aveirense, mas nota negativa para a defesa forasteira que lhe estendeu o tapete vermelho.

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Entrar a ganhar era tudo o que Ulisses podia desejar. A equipa entusiasmou-se, fugiu à tentação de defender mais atrás, e manteve-se coesa e organizada, com boa pressão e ordem para correr para a baliza adversária e disparar à mínima oportunidade.

O Rio Ave acusou o toque, demorou a reagir, mas foi aparecendo através dos livres de Braga e da meia-distância de Edimar. João Tomás estava demasiado marcado e os aurinegros, muito solidários e concentrados, davam conta do recado.

Quando algo falhava, Rego fazia o resto. Sem inventar, preferia afastar as bolas para longe do que tentar agarrá-las, numa decisão sensata face ao relvado, bem drenado como sempre, mas muito escorregadio.

O segundo da tarde foi como um brinde para o bom desempenho da equipa da casa. Das ameaças, Balboa passou ao concreto e, depois de mais uma jogada magistral de contra-ataque, fez o golo que já merecia a passe de Nildo.

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Um golo a abrir o jogo, outro sobre o intervalo, os tempos perfeitos para «matar» o encontro. Faltava vencer o trauma da segunda parte, altura em que os beira-marenses têm desperdiçado inúmeras vantagens em casa.

O falhanço descomunal de Nildo logo a abrir trouxe alguns fantasmas do passado à memória dos adeptos locais. O brasileiro teve tudo para fazer o 3-0, mas atirou incrivelmente ao lado quando apenas tinha Oblak pela frente.

Onde é que já vimos isto?

A forma praticamente à vontade como Tarantini cabeceou para o 2-1 deixou a nu as fragilidades daquela que é, afinal, a equipa com mais golos sofridos no campeonato. O Rio Ave passou a acreditar, cresceu a olhos vistos da partida, e o Beira Mar pareceu ter esquecido tudo o que de bom fizera na etapa inicial.

O jogo estava vivo e a formação dos Arcos esteve muito perto de chegar ao empate, mas uma saída de Oblak que arrancou Balboa pela raiz meteu um travão na recuperação forasteira. Joãozinho fez um golo de levantar o estádio no respetivo livre e deu novo ânimo aos aurinegros. Ainda se sofreu até ao fim, mas estava feito o resultado.